Maracutaia na Federação Paranaense de Futebol

O repasse de parte de rendas de partidas em favor da empresa Comfiar provocou suspensão de três anos para o ex-presidente da Federação Paranaense de Futebol (FPF), Onaireves Moura. Mas a pena aplicada pela Justiça Desportiva não mudou o procedimento da entidade, agora sob gestão de Aluízio Ferreira.

No borderô de todos os jogos da Copa Paraná aparecem discriminados os 5% de descontos destinados à Federação e outros 5% endereçados à Comfiar. Em seis partidas da 3.ª rodada da competição, o valor arrecadado pela Comfiar foi R$ 659,18. O baixo valor é proporcional ao pequeno público dos jogos – a maior renda foi R$ 5.419 de Adap Galo x Cascavel.

Um abatimento semelhante em nome da Comfiar foi considerado fraude nos borderôs de competições nacionais pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), que condenou Moura em maio. ?É preciso avaliar se esse desconto está previsto no regulamento da Copa Paraná. A competência é do Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná?, afirma o procurador-geral do STJD, Paulo Schmitt. O regulamento do torneio, disponibilizado no site da FPF, não cita regras para os descontos nas rendas. Os clubes, porém, têm ciência da forma de recolhimento da taxa.

De qualquer forma, o repasse pode ser questionado pelos credores, já que a parcela destinada à Federação é retida judicialmente para pagamento de dívidas. Já a grana que entra na empresa paralela fica em poder de seus administradores.

Outros fins

No Campeonato Paranaense, o investimento na Comfiar era justificado pela necessidade de custeio da FPFTV. Mas, hoje, o canal de transmissão pela internet desinchou e reduziu sua equipe de cinco para dois jornalistas. Ao mesmo tempo, os funcionários da FPF ainda não receberam integralmente os salários de junho. O presidente Aluízio Ferreira prometeu entrar com ação judicial para desbloquear as receitas penhoradas e garantir o cumprimento da folha salarial.

O dinheiro da Comfiar, por sinal, tem sido aplicado em fins alheios ao futebol. Em nome da empresa foi registrada a Mitsubishi Pajero GLS 2001 prateada, adquirida no início de maio por Moura. A caminhonete, utilizada como veículo particular pelo ex-presidente e avaliada em cerca de R$ 50 mil, não foi mais vista no pátio da Federação desde a suspensão do cartola. Pior: como o pagamento à revendedora foi parcelado em 10 vezes, a dívida foi herdada pela atual administração da FPF/Comfiar.

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