Mandinga peruana não mete medo

Rio – Os rituais de magia praticados pelos torcedores peruanos com o objetivo de prejudicar o desempenho da seleção na partida de amanhã foram ignorados pela comissão técnica e os jogadores brasileiros. O que era para intimidar serviu para reforçar a fé da seleção em um bom desempenho contra o Peru e até provocou algumas brincadeiras.

“Sou mais os bruxos brasileiros. A nossa macumba tem mais força”, defendeu o técnico da seleção, Carlos Alberto Parreira, sem procurar desrespeitar a atitude da torcida. Em seguida, ele comentou que manifestações dessa natureza pertencem ao cenário do futebol e, por isso, não intimidam. “É importante frisar que essas atitudes fazem parte do folclore dos torcedores e não devemos pensar nisso.”

O meia Rivaldo, do Milan, que teve uma foto perfurada pela torcida com um objeto pontiagudo, semelhante a uma espada, disse não se importar com a forma de manifestação. Confessou não ter se sentido atingido ou ofendido, principalmente, porque o ritual não foi realizado com a ajuda dos jogadores peruanos.

Já o lateral-esquerdo Júnior, do Parma, que vai substituir Roberto Carlos, do Real Madrid, contundido, afirmou não ser supersticioso e que o objetivo de todos no grupo é o de conquistar uma vitória e esquecer a torcida.

O capitão Cafu foi enfático. “Cada uma faz o que quer.

Eu acredito em Deus.”

Por fim, o coordenador-técnico Zagallo sintetizou o sentimento da maioria. Lembrou que o mais importante é o Brasil realizar o seu tipo de jogo. “Estão querendo puxar para um lado que não tem nada a ver. Nós somos um País tradicionamente católico. A nossa fé é outra”, afirmou.

E até a mãe de Ronaldo, do Real Madrid, que também teve uma foto usada no ritual da torcida peruana, aproveitou para menosprezar a atitude dos adversários e reforçou sua fé em Nossa Senhora Aparecida (a padroeira do Brasil). “Ela não vai deixar nada acontecer a ele. O Ronaldo vai entrar em campo domingo e marcar o seu gol”, afirmou.

O artilheiro e sua mãe são devotos e, no ano passado, estiveram por duas vezes na Basílica da santa, em Aparecida, São Paulo (uma para pedir proteção antes da Copa do Mundo e, a outra para agradecer a conquista do título mundial).

Autuori já tem seleção do Peru escalada

AE

Lima – Paulo Autuori comandou alguns treinos secretos, durante a semana, mas ontem abriu o jogo e desfez mistérios. O treinador do Peru admitiu que o time está definido para enfrentar o Brasil e será praticamente o mesmo das duas rodadas iniciais das Eliminatórias. A única modificação fica por conta da presença de Ciurlizza, no meio-campo, no lugar de Carlos Zegarra, que cumpre suspensão automática.

O técnico brasileiro optou por Erick Delgado no gol, embora torcida e parte da crítica prefiram o experiente Ibañez, do Cienciano. Na defesa, estarão Jorge Soto, Jon Galliquio, Miguel Rebosio e Martin Hidalgo; no meio-campo, Juan Jayo Ciurlizza, Solano e Palacios; Mendoza e Pizarro têm a missão de fazer os gols.

Na prática, Mendoza deve reforçar o meio-campo, o que significa deixar Pizarro mais isolado à frente. Autuori garante, no entanto, que não apela para tática mais defensiva. A justificativa é a de que não pretende dar espaços ao Brasil. De qualquer forma, teoricamente a responsabilidade maior de marcação fica para Jayo e Ciurlizza. Há possibilidade de Bazalar também do Cienciano, entrar durante o jogo, se for preciso fechar mais o meio.

Ibañez e Bazalar, além de Alessandro Morán e Julio García apresentaram-se apenas ontem, depois de defender sua equipe contra o Atlético Nacional, em Medellin. O Cienciano ganhou por 2 a 1, classificou-se para a semifinal da Copa Sul-Americana e é a nova sensação do futebol peruano. Há quem veja nisso bom sinal para a seleção.

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