Lopes afasta Luís Carlos e Nunes por indisciplina

O setor mais criticado do Coritiba, no empate de quinta contra o Cianorte, foi o ataque. E foi justamente aí que o time ganhou mais problemas para a partida de amanhã, às 15h55, contra a Adap, em Campo Mourão. E vieram de fora do campo: os atacantes Luís Carlos (titular em toda a temporada) e Nunes (recém-contratado do União São João) foram afastados ontem por indisciplina e segunda-feira se reúnem com o presidente Giovani Gionédis para ser definida a punição.

Segundo o técnico Antônio Lopes, em entrevista à rádio Transamérica, foi uma "brincadeira de mau gosto" que não foi assimilada pela comissão técnica – e, principalmente, pelo Delegado. "Eles ficaram brincando com espuma, e depois com um extintor. Aí fizeram brincadeiras bobas no hotel, e invadiram o quarto do Rubens Júnior, que estava descansando. Foi uma infantilidade, coisa de colegiais", atirou. Imediatamente os dois jogadores foram afastados e mandados de volta para Curitiba, ficando de fora do grupo que segue para Campo Mourão.

A decisão dos dirigentes e da comissão foi rápida, até para debelar outras possíveis "rebeldias". Segundo pessoas ligadas à direção, Gionédis usará a reunião de segunda para mostrar a Nunes e Luís Carlos que o clube não admite indisciplinas e para anunciar uma punição – uma definição de afastamento e multa no salário. Mas a hipótese de dispensa dos atacantes é remota, até pelo fato de serem jogadores jovens. Depois da cobrança, caberia a Antônio Lopes "regenerar" a dupla. "Vamos fazer uma sindicância para averiguar o caso", afirmou o Delegado, usando termos policiais.

Em termos práticos, o Coritiba fica com dois desfalques para o jogo contra a Adap – além de Luís Carlos, o meia Marquinhos, que está suspenso pelo terceiro cartão amarelo (Nunes, que chegou há vinte dias, não estava ficando nem entre os reservas). No ataque, a definição recai sobre Negreiros, que recuperou-se de contusão e já participou de dois jogos ficando no banco de reservas. Como a intenção seria contar com um centroavante de ofício, o atacante é a única opção.

Já no meio-campo os problemas são maiores. Além de perder seu principal jogador, Lopes terá que alterar o estilo de jogo, pois nem Jackson nem Rodrigo Batatinha têm características semelhantes às de Marquinhos. O escolhido acabou sendo Jackson. "Ele está mais acostumado, é o imediato do Marquinhos", comentou o Delegado.

Acelerando

O afastamento de Nunes e Luís Carlos obriga a diretoria a trazer mais um reforço para o ataque – hoje, o Coxa tem Marciano, Negreiros, Marcelo e Laércio no elenco. Ontem, foi ventilado o nome de Finazzi, que defende o América de São José do Rio Preto. O jogador também poderia vir do exterior.

Lopes reclama das conclusões

Não dá para saber qual reação de Antônio Lopes serve para analisar o rendimento do Coritiba no empate contra o Cianorte e o que vai acontecer na partida contra a Adap: se vale o discurso do Delegado valorizando a atuação do time e lamentando as chances perdidas, ou se valem as manifestações irritadas do técnico, que chegou a desdizer o que afirmara no final de semana passado.

Na conversa, o treinador coxa só reclamou dos erros nas conclusões. "Nós tivemos muitas chances, com Vital, Marciano, Luís Carlos e com o Batatinha. Mas não acertamos, e se fôssemos efetivos talvez tivéssemos mais tranqüilidade para resolver a partida. Mas isso acontece", minimizou Lopes, que admitiu a falta de calma dos jogadores. "É natural, principalmente em partidas difíceis como a do Cianorte", diz.

Mesmo sem a eficiência ofensiva esperada, Antônio Lopes aprovou o rendimento alviverde no Willie Davids. "Se nós avaliarmos a nossa atuação pelas oportunidades que criamos, vamos ver que o Coritiba teve várias chances de marcar. Por isso eu acredito que jogamos bem", comentou o técnico, que acredita que as dificuldades vão aumentar ainda mais. "Cada jogo será mais complicado que o anterior", resumiu.

Mas o Delegado ficou irritado quando perguntado sobre a evolução técnica da equipe, pedida por ele desde o empate com o Engenheiro Beltrão. "Não sei quem falou isso. Eu não falei p… nenhuma", atirou. Lopes, talvez chateado com o empate (ou com a atuação do Cori), acabou reclamando com os repórteres. "Eu nunca disse estas coisas, não sei de onde vocês (jornalistas) tiraram isto", afirmou.

O que prova que o treinador alviverde está, sim, preocupado com a estagnação tática da equipe. Após boas atuações (contra CFZ, União Bandeirante e Paraná Clube), o Cori parou e não venceu nas duas rodadas do segundo turno do campeonato paranaense.

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