Liminar da CBF mantém a eleição de Ricardo Teixeira

A reeleição de Ricardo Teixeira à presidência da CBF, definida na manhã de ontem, foi suspensa por uma liminar expedida pela 10.ª Vara Cível de Belo Horizonte, em ação movida por Itamar Vasconcelos.

Mas no início da noite de ontem, uma outra liminar, a favor da CBF, garantiu o pleito. “Nós temos uma liminar garantindo a eleição. Vai haver um conflito jurídico”, admitiu Teixeira, após almoço com seus correligionários numa churrascaria do Rio.

A vitória manterá Teixeira no comando do futebol brasileiro por mais quatro anos. Ele foi eleito com 46 dos 49 votos: o São Paulo votou em branco, o Vitória anulou seu voto, Flamengo e Vasco não compareceram à votação.

O único time compareceu ao pleito e não votou em Teixeira foi o São Paulo. O presidente são-paulino, Marcelo Portugal Gouvêa, fez questão de provar que votou em branco ontem e disse não temer represálias.

Desmandos

A reeleição para a presidência da CBF, se o pleito vier a ser considerado legal pela Justiça, tornará Ricardo Teixeira ao final de seu mandato o dirigente que por mais tempo permaneceu à frente da entidade: 19 anos. Desde que iniciou sua trajetória, em 1989, ele vangloria-se de ter conquistado dois títulos Mundiais para o Brasil, mas uma gestão que poderia ser sinônimo de competência transformou-se em um amontoado de denúncias de conchavos e mentiras.

O sucesso de seus quatro mandatos poderia ter sido garantido pelos títulos mundiais de 1994 e 2002, além do bronze na Olimpíada de Atlanta, em 1996. Vale ressaltar ainda os contratos milionários com patrocinadores, que resultaram em enormes dividendos para a CBF. Feitos que despertariam a inveja de qualquer outro dirigente, não fossem as suspeitas sobre a lisura dos negócios.

Com sete anos à frente da CBF, Teixeira assinou um contrato milionário com a Nike. Por dez anos de parceria, a multinacional aceitou pagar US$ 160 milhões, mas dificuldades de cumprir algumas cláusulas contratuais obrigaram a CBF a reformular o compromisso em 2000 e abater cerca de US$ 14,5 milhões.

Em 2001, novo contrato milionário e nova confusão. Teixeira rompeu o contrato de patrocínio com a Coca-Cola, que iria até o final da Copa de 2002, e assinou com a Ambev. De acordo com a entidade, ela passou a receber cerca de US$ 10 milhões por ano do contrato que só se encerrará em 2018, contra R$ 9 milhões anuais pagos até então pelo ex-parceiro.

A maneira de conduzir a CBF, quase sempre sonegando informações, despertou a atenção dos senadores, que instauraram uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), em 2000, com o objetivo de investigar as contas da entidade e seus contratos, além de doações feitas para campanhas de políticos. Ao final dos levantamentos, Teixeira foi acusado de irregularidades.

Desde a devassa feita pela CPI, Teixeira vem tirando sucessivas licenças médicas, tentando se preservar.

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