São Paulo Depois de vencer a Maratona Internacional de São Paulo, o atleta Vanderlei Cordeiro de Lima (Pão de Açúcar/BM&F/SC Sul) foi homenageado por Abílio Diniz, presidente do Grupo Pão de Açúcar, hoje de manhã, durante reunião semanal que acontece toda segunda-feira, na sede da empresa, em São Paulo.

Diniz homenageou o atleta e recebeu uma camiseta autografada por ele com a frase: “Tenho orgulho de ser brasileiro.” Depois, pediu a Lima que contasse a todos os funcionários presentes como foi sua primeira maratona. Ele foi contratado para ser “coelho? e puxar o ritmo da Maratona de Reims, na França, em 1994, até a metade do percurso (21Km). O outro coelho da prova era Vincent Rousseau, que deveria correr até o Km 30.

“O favorito era o português Peter Fonseca, mas me empolguei e acabei completando. Pensei, quando sentir eu paro. Deveria ter ficado no Km 21, quando uma pessoa da organização estaria me esperando para me levar para o hotel. Mas estava me sentindo bem e continuei. Resolvi então parar no 30, para pegar carona até o hotel com o outro “coelho?. Mas acabei completando e vencendo a prova (2h11min06s)”, conta.

Foi aí que Vanderlei viu que tinha potencial para disputar maratonas. Até então, a maior distância que tinha corrido era meia maratona. “Consegui um resultado fora do esperado, pois nunca tinha treinado para a distância”, diz.

Daí em diante obteve excelentes resultados. Entre eles, conquistou a medalha de ouro na Maratona nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg/99, foi campeão da Maratona de Tóquio/96, integrou a seleção brasileira nos Jogos Olímpicos de Sydney e é o brasileiro com mais pódios na São Silvestre (seis), além de ter o melhor tempo de um brasileiro na competição, obtido em 2000 (44min06s). Domingo, bateu o recorde na Maratona de São Paulo, considerada uma das mais difíceis do Brasil. “Comparando com as que participo lá fora, o percurso é puxado.”

Vanderlei completou os 42.195 metros do percurso em 2h11min19s, batendo o recorde da prova e a melhor marca de um atleta em maratona no Brasil, que pertencia ao queniano Stephen Rugut (2h14min30s). O atleta fez uma prova estrategicamente perfeita, mantendo-se no bloco de trás até a primeira metade do circuito e assumindo a liderança no quilômetro 28, quando ultrapassou o marroquino Gahmouni Rachid. A partir de então, só aumentou a vantagem em relação aos adversários até cruzar a linha de chegada.

Atenas e Pequim nos planos

Wanderlei lembrou das dificuldades que passou durante sua carreira. “Penso de onde vim e onde cheguei. Sou feliz, pois tudo que tenho consegui competindo. Mas sou privilegiado porque tenho bons patrocinadores que dão tranqüilidade para treinar e buscar meus objetivos. Que acreditaram em mim e me apoiaram em todos os momentos, mesmo os mais difíceis, quando estava machucado e não podia competir. Assim, a vitória na Maratona de São Paulo não é só minha. É também de meus patrocinadores, técnico, família e toda a equipe.”

Futuro

Até o próximo domingo, Vanderlei só fará trotes leves e curtos e voltará a treinar na semana que vem. Sua próxima meta será uma maratona, a de Chicago ou Amsterdã, as duas em outubro, quando começará a luta na busca pelo índice para os Jogos Pan-Americanos de 2003, em San Domingues, e para os Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004. Depois, seus esforços estarão voltados para a São Silvestre.

Aos 32 anos, Vanderlei ainda pretende ir a duas olimpíadas. “Acredito que ainda terei vida longa no esporte. Vejo o exemplo de alguns atletas que têm bons resultados com mais idade, quando já estão mais experientes. É o caso do Carlos Lopes, campeão olímpico aos 38 anos, em Los Angeles/1984”, finaliza.

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