Laboratório na Copa Ouro

A seleção brasileira sub-23 embarcou ontem para o México, onde, a partir de domingo, contra a seleção mexicana, inicia a disputa da Copa Ouro, torneio que serve também como preparação para o pré-olímpico, no Chile, em janeiro de 2004. Será a segunda competição do técnico Ricardo Gomes no comando da equipe. Na primeira, em janeiro, terminou o Torneio do Catar na terceira posição.

Apesar de saber que o torneio serve mais como um laboratório, os jogadores não admitem outro resultado que não seja a conquista do título. E sabem que a cobrança por um bom desempenho será muito grande. O Brasil está no grupo A, ao lado de México e Honduras.

“A cobrança sempre existe, principalmente em se tratando de seleção brasileira. Temos consciência disso, mas acho que ninguém está aqui para dar espetáculo, e sim para jogar o futebol que nos trouxe até aqui, e para vencer. Esperamos ter muita garra e vontade para conseguir o resultado. O bom futebol é conseqüência das vitórias”, afirma o meia Diego, que foi um dos mais assediados antes do embarque.

Assim como ele, Kaká a todo momento tirava fotografias com as torcedoras. “Sabemos da responsabilidade que vamos ter. Temos cinco dias até a estréia. É um tempo que dá para treinar e entrosar. A seleção vai ser cobrada, até porque a principal não foi tão bem”, afirmou Kaká.

O entrosamento é o que mais preocupa Ricardo Gomes. Do Torneio do Catar, apenas quatro jogadores foram convocados para a Copa Ouro: Kaká, Júlio Baptista, Maicon e Luisão. Os outros terão de ganhar entrosamento durante a competição.

“Só teremos três dias para treinar, porque, na terça-feira, vamos fazer apenas atividades leves”, explicou o técnico Ricardo Gomes.

“A equipe vai ter de ganhar ritmo durante o torneio.” Mas, para Júlio Baptista, as coisas não serão tão complicadas. “Já fui convocado, fica mais fácil a convivência porque eu conheço o Ricardo. Fica melhor para fazermos as coisas em campo”, afirma.

Segundo Ricardo Gomes, o Brasil poderá ser prejudicado “porque as outras seleções estão se preparando há mais de um mês.” Uma solução encontrada pelo treinador é aproveitar o conjunto dos quatro jogadores do Santos: Alex, Paulo Almeida, Diego e Robinho. “Mas não significa que todos eles serão titulares”, despista Ricardo Gomes.

Entre as figuras menos conhecidas, estão o goleiro Alexandre Negri, da Ponte Preta, o atacante Nadson, do Vitória e que marcou 10 gols no brasileiro, e o lateral-direito Coelho, do Corinthians.

Os jogadores brasileiros dizem que, além da falta de entrosamento, o fato de não conhecer muito bem os adversários pode atrapalhar um pouco. “Mas, se a seleção do México não mudou, eu conheço um pouco, até pelo trabalho que eles vêm fazendo”, disse Éwerthon, do Borussia Dortmund, que, ao lado de Thiago Motta, do Barcelona, são os únicos jogadores que atuam fora do Brasil. “Vamos ver se assistimos a algumas fitas”, completa Júlio Baptista.

“A gente espera agora ser campeão da Copa Ouro. Esse é o objetivo. Quando a gente entra em um campeonato é para chegar até a final. Espero que mais uma vez eu possa disputar uma final e nessa conseguir mais um título. É só chegar lá e mostrar o que a gente sabe”, receita Robinho.

Kaká, Diego e Robinho finalmente no mesmo time

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Finalmente, o sonho de muitos torcedores brasileiros poderá ser realizado: ver o trio Kaká, Diego e Robinho atuando juntos. A grande oportunidade será na Copa Ouro. O técnico Ricardo Gomes confirmou que, na estréia contra o México, domingo, às 14 horas, na Cidade do México, escalará na seleção três das principais revelações do futebol brasileiro. “Eu fico feliz por ter a oportunidade de jogar não só ao lado desses grandes jogadores, mas também de outros. Espero que possamos nos adaptar o mais rápido possível e que a seleção seja bem favorecida”, disse o meia Diego.

Segundo o jogador do Santos, o único problema que poderia atrapalhar é a falta de entrosamento. Mesmo assim, ele acredita que tudo dará certo. “Não sei o que o Ricardo Gomes vai fazer, mas eu estou preparado para me adaptar em qualquer esquema e acredito que será possível os três atuando juntos”. Em má fase no São Paulo, o meia Kaká espera aproveitar a seleção para recuperar o bom futebol. Ele acredita que longe das críticas dos torcedores são-paulinos, terá mais tranqüilidade para voltar a jogar bem. “É uma boa chance. É sempre bom ser convocado e fazer parte de um grupo muito forte, que tem tudo para trazer o título. Vai ser bom para todo mundo e para mim pessoalmente também.”

Em relação ao fato de atuar ao lado de Diego e Robinho, o jogador mostrou satisfação. “Criou-se essa expectativa por tudo o que fizemos e da forma como surgiu. Agora é cada um buscando o seu espaço, cada um querendo fazer o melhor. Se pudermos jogar juntos vai ser maravilhoso. É bom jogar com bons jogadores. Espero que dê tudo certo”, disse Kaká. “Muito bom atuar ao lado do Kaká e do Diego. A gente espera chegar lá, se unir bastante e ver se a gente consegue trazer o título para o Brasil”, comentou Robinho. Mas Ricardo Gomes já avisou: se o time não for bem contra o México, sacará um dos três.

Thiago Motta é o “novato” da seleção

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Camisa pólo, calça jeans e tênis. Thiago Motta passou quase despercebido no embarque da seleção brasileira sub-23, ontem, no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo. Era o único entre os jogadores que viajaram para o México que não vestia terno e gravata, tradicionais nessas ocasiões. Um pouco longe da imprensa, que procurava Kaká, Diego e Robinho, Motta aguardava o momento do embarque, ao lado da família.

“Eu acho que não me conhecem, é normal. Mas eu não precisei nem me apresentar, o Éwerthon chegou e foi me apresentando para todo mundo. Só eu mesmo que não cheguei a jogar no profissional aqui, por isso. Com esse tempo que a gente vai ficar junto vou fazer amizade com todos. Mas eu conheço o Éwerthon, o Luisão…Conheço o Kaká também”, disse Thiago Motta, que defende o Barcelona, da Espanha, e não estava preocupado por não estar de terno. “Eu sempre fico assim, tranqüilo. Eu esqueci meus ternos em Barcelona e não tinha como buscar.” Aos 20 anos, embora não seja tão conhecido como outros jogadores, Thiago Motta não é novato na seleção. Já havia sido convocado para defender equipes da categoria sub-17.

“É o resultado do trabalho que a gente realiza há muito tempo. Eu saí daqui bem cedo. Fui convocado para a seleção sub-17 e depois disso nunca mais voltei para a seleção. Agora volto feliz e espero aproveitar a oportunidade”, conta. Thiago Motta, além de atuar como volante, posição original, pode disputar uma vaga na lateral esquerda.

“Eu vou falar uma coisa: até de goleiro. O Ricardo sabe o que eu posso jogar. De ala ou de volante, não importa. O que importa é estar entre os 11 e jogar”, afirma Thiago, que interessa ao Milan. “Existe interesse, mas agora eu só estou preocupado com a seleção, sair vitorioso, que será importante para todo mundo. Eu tenho pessoas que estão vendo isso para mim, mas o meu pensamento não é sair do Barcelona.”

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