Jornalistas ameaçados por jogadores do Atlético

Era só o que faltava. Os jogadores do Atlético não suportaram ver seus nomes incluídos em especulações e ameaçaram jornalistas no treino de ontem, realizado no CT do Caju. Os repórteres Rodrigo Sell (da Editora O Estado do Paraná), Nicolas França (do Lance!) e Leonardo Mendes Júnior (da Gazeta do Povo) foram os ?alvos? dos irritados atletas – Wellington Paulo, Fabrício, Flávio Luís e Luisinho Netto.

Tudo começou na terça-feira, quando a imprensa foi avisada que a reunião envolvendo Conselho Gestor e comissão técnica não aconteceria – quando na verdade aconteceu. No dia seguinte, os repórteres não tiveram acesso aos jogadores (à exceção de Dagoberto e Alex Mineiro) e aos dirigentes antes, durante e depois da reunião com o diretor de futebol Alberto Maculan.

Assim, não houve versão oficial dos fatos que ocorreram nos últimos dias, e todos os órgãos de imprensa conseguiram (através de suas fontes) alguns resultados das reuniões. O principal deles era a formação de uma lista de dispensas, que reuniria Rogério Correa, Wellington Paulo, Fabrício e Flávio Luís. Como anteriormente, a direção rubro-negra preferiu não emitir opiniões, nem mesmo através da assessoria de imprensa.

Confrontados com uma informação que os “prejudicariam”, os jogadores partiram para as ameaças. O primeiro foi Flávio Luís, que cobrou do repórter Rodrigo Sell a fonte que o informou da lista. “De onde você tirou isto? Você é diretor do Atlético agora?”, atirou. O volante, irritado, também tentou coagir o repórter Nicolas França.

França foi o segundo a ser ?atacado?. Ele acompanhava o treino quando o zagueiro Wellington Paulo gritou para assessores do clube perguntando se ele era um ?daqueles?. Tendo a confirmação, Wellington apenas esperou o intervalo do treino para partir para cima do jornalista, com um discurso semelhante ao de Flávio. “Logo depois apareceu o Fabrício”, relatou Nicolas.

Os jogadores seguiram cobrando as fontes dos jornalistas, exigindo explicações. O repórter Leonardo Mendes Júnior interviu, dizendo que todos os repórteres haviam falado sobre o assunto, sem convencer o grupo – com os acréscimos de Luisinho e Flávio Luís. As ameaças só foram interrompidas quando os membros da comissão técnica chamaram os atletas, mas ainda assim um jogador falou para os companheiros que, “se continuarem a escrever isso, o bicho vai pegar”.

Reforços para todos os setores

Rodrigo Sell

Enquanto a lista de dispensa gera urticária em alguns jogadores, a lista de contratações deverá agradar ao torcedor. Como a Tribuna antecipou ontem com exclusividade, as prioridades são o retorno dos meias Adriano e Sousa. Mesmo com os altos salários, a necessidade de defender bem o título de campeão brasileiro está fazendo a diretoria abrir mão de cortar alguns custos neste momento. Também vão ser buscados mais um zagueiro e um atacante.

Na reunião de quarta-feira à noite, a comissão técnica formalizou a entrega do relatório da participação do clube na Copa dos Campeões. No teor, a necessidade urgente de pelo menos um zagueiro, um meia e um atacante. Se possível, dois de cada. “Discutimos isso, principalmente a renovação de contrato do meia Adriano, pedimos um esforço nesse caso e também a situação do Kléberson. Ele é jogador do Atlético e vai disputar a competição até que venha algo em contrário”, informou Riva Carli, que ainda responde pelo comando técnico.

Riva revelou que a direção do clube está consciente de que é necessário trazer reforços. “Nós temos bons jogadores, mas precisamos de meias que tenham competência técnica aliada à experiência”, apontou. Para cada setor foi elaborada uma lista com cinco nomes de acordo com a prioridade. Riva só quis confirmar que Adriano é o número 1 para o meio, seguido de Sousa.

Ao contrário do informado ontem, o presidente Mário Celso Petraglia não viajou para a França e deixou as preliminares das negociações de Kléber e Kléberson para o empresário Juan Figer e Antônio Carleto Sobrinho. No Brasil, o dirigente espera o retorno de Luís Taveira da Espanha para voltar a discutir com a renovação do Gabiru. Logo em seguida, vai tentar Sousa no São Paulo, que tem contrato somente até o dia 25 deste mês.

Tranqüilidade

Apesar de todas as notícias de que o Furacão terá um novo técnico e até que alguns nomes já estejam negociando, Riva disse estar bastante confiante em seu aproveitamento no Campeonato Brasileiro. “Essa situação, as especulações, elas vêm ocorrendo desde o supercampeonato. Então, todos os dias tem técnico no Atlético e já deve ter vários. Isso são especulações e, no momento, eu sou o treinador até a hora que o presidente me chamar e disser que eu não sou mais”, finalizou.

Concentração abolida

Os jogadores pediram e a direção e a comissão técnica do Atlético acabaram afrouxando a concentração. Hoje é o último dia que o elenco vai madrugar no CT do Caju. O que era para repetir a preparação física vitoriosa do ano passado se torna a partir de hoje num trabalho comum realizado em qualquer clube. Nada mais de três períodos nem de sessão coruja.

No ano passado, apesar de alguns percalços no meio do caminho, a excelente preparação física de todo o elenco do Rubro-Negro acabou prevalecendo nas finais e sendo fundamental para a conquista do título. A receita tinha sido a concentração em julho com trabalhos em três períodos (começando às 7 horas) até o grupo ficar fisicamente homogêneo. Deu certo e o clube conquistou o primeiro título de campeão brasileiro.

Como a comissão técnica é praticamente a mesma, os elogiados Riva Carli e Eudes Pedro (comandados pelo diretor técnico Antônio Carlos Gomes) planejaram a mesma receita para este ano. Uma prévia foi testada antes da Copa dos Campeões, mas o baixo rendimento técnico mascarou a preparação física. Para não repetir o vexame no Nordeste, a comissão resolveu manter a concentração total para que o time voltasse a render o seu melhor futebol no Brasileirão deste ano, mas sucumbiu (após uma semana de trabalhos) à pressão do elenco.

De acordo com o ainda técnico Riva Carli, a volta ao “normal” não vai afetar a preparação do time. “É uma planificação da comissão, então a gente joga (amistosos) e equilibra os trabalhos. Também porque os atletas estão há muito tempo fora de casa e é preciso – nesse momento – eles ficarem um pouco com a família”, explicou.

Trabalhos

Enquanto não é definido o nome do novo técnico e o grupo que vai disputar o Nacional, a comissão técnica se atém aos trabalhos físicos e alguns técnico/táticos. Enquanto isso, o meia Kléberson está treinando apenas fisicamente, correndo ao redor do gramado. (RS)

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