Jogando como volante, Lahm deixa de ser unanimidade

Até o início da Copa do Mundo, Philip Lahm era uma unanimidade na Alemanha. Não é mais. A mudança da lateral direita para o meio de campo, “inventada” por Pep Guardiola no Bayern de Munique e copiada por Joachim Löw na seleção, fez com que o capitão da equipe alemã passasse a ser criticado por torcedores e jornalistas de seu país. Se era difícil encontrar defeitos em Lahm como lateral, o mesmo não se pode dizer dele como volante.

Os críticos de Lahm – e, por extensão, de Löw – dizem que ele não tem as características necessárias para ser um bom cabeça de área, aquele jogador cuja função mais importante é proteger os homens de defesa. Alegam que Lahm se distancia muito frequentemente de sua posição e que perde a bola com algum facilidade.

Esses argumentos ganharam força no jogo contra Portugal, estreia da Alemanha no Mundial, e se tornaram ainda mais poderosos na partida seguinte, diante de Gana. Esse foi um jogo particularmente infeliz para o capitão da seleção, que foi desarmado várias vezes e, assim, expôs a defesa de sua equipe à velocidade do time ganês.

Embora Lahm tenha jogado melhor contra os Estados Unidos, as críticas persistem. Mas elas não são fortes o suficiente para fazer Löw mudar de ideia. Aliás, sua fé na capacidade de Lahm como volante parece infinita. Antes mesmo da estreia da Alemanha na Copa, ele já havia deixado bem claro que não há a menor possibilidade dele voltar à lateral na competição.

“Não posso dizer que o jogo contra Gana foi o melhor da carreira dele”, admitiu o treinador. “Mas não é por isso que eu vou questionar a sua capacidade.”

Quando decidiu transportar Lahm da lateral para o meio, Guardiola quis usar a ótima leitura de jogo dele para dar mais eficiência à passagem da bola para o ataque. E o técnico espanhol ficou bastante satisfeito com o resultado, tanto que chegou a afirmar que Lahm é o jogador mais inteligente com quem já trabalhou – um elogio e tanto vindo de alguém que já teve sob suas ordens Xavi, Iniesta e Messi.

Impressionado com a inovação de Guardiola, Löw a aplicou na seleção, mas com uma mudança sutil: no time nacional, Lahm tem menos liberdade para se mexer pelo campo. O que talvez explique o fato de o jogador ter mais dificuldades para jogar como volante na seleção do que no Bayern.

Enquanto Lahm afirma que se sente igualmente bem jogando na lateral ou no meio de campo, Löw continua confiando na capacidade de seu capitão. Inclusive na capacidade de tirar as críticas de letra. “Não acredito que o Lahm precise de qualquer ajuda da minha parte”, disse o treinador. “Eu já disse a ele que tudo o que ele precisa fazer é jogar da maneira que sabe, independentemente de ser aplaudido ou vaiado.”