Crise

Jogadores cruzam os braços na Vila Capanema

Classificado, mas sem motivos para festejar. Quem esperava uma 2.ª feira tranquila após o Paraná Clube confirmar sua qualificação para a fase decisiva do Estadual caiu do cavalo.

Mais uma vez a dura realidade financeira do clube foi exposta, com a paralisação de jogadores, integrantes da comissão técnica e funcionários. Um estado de greve devido a atrasos no pagamento de salários e premiações.

Um quadro parecido com aquele que se viu no fim do ano passado. Só que desta vez, os atletas tomaram esse rumo muito mais em solidariedade aos funcionários.

O atraso em relação a jogadores e alguns integrantes da comissão técnica é de apenas dez dias. Porém, a maioria dos funcionários do departamento de futebol ainda não recebeu os salários de janeiro.

“Optamos por agir assim para dar uma força para esse pessoal. São pessoas que sempre estiveram do nosso lado, mesmo nos momentos difíceis”, comentou um jogador, que preferiu não ser identificado. Com os funcionários – roupeiros, massagistas, administrativo -”de braços cruzados”, os jogadores sequer trocaram de roupa.

Após reunião rápida com a comissão técnica, decidiu-se pelo cancelamento do treino regenerativo que estava programado para ontem à tarde. “Já é uma situação que vem se arrastando há semanas. Chegou a um ponto insustentável”, admitiu o gerente de futebol Beto Amorim, único a falar sobre o impasse.

Também com salários em haver, ele espera que a questão seja equacionada até amanhã. Beto ficou com a espinhosa missão de “fazer o meio-de-campo” entre grevistas e a diretoria paranista.

Ficou definido que hoje todos trabalharão normalmente, na preparação para o jogo decisivo frente ao Sport-PE. “O time entrará em campo, com certeza. Vamos estar mobilizados para fazer o melhor nessa partida tão importante”.

Beto Amorim sabe que avançar na Copa do Brasil significa também uma melhor cota por participação na competição. Nesta segunda fase, o clube recebe modestos R$ 90 mil. Nas oitavas-de-final, esse valor já chega aos R$ 210 mil.

Diante da situação vexatória, a diretoria tricolor preferiu se calar. Os dirigentes não foram encontrados para comentar o fato ou pelo menos dar uma posição sobre a possibilidade do pagamento desses atrasados antes do jogo frente ao Toledo, no próximo domingo.

Até onde foi possível apurar, a “folha atrasada” de janeiro (para os funcionários), seria de apenas R$ 38 mil. O clube deve ainda os salários de fevereiro para todo o grupo e os “bichos” relativos às últimas sete partidas disputadas, entre Estadual Copa do Brasil. E a crise, dá sinais de ser mais profunda.

Mais problemas

No início da semana, garotos da Base ficaram sem refeição porque as cozinheiras do Ninho da Gralha também “cruzaram os braços” também por conta do não pagamento de salários.