Jogadores brasileiros vão para o “terceiro mundo”

As recentes negociações de jogadores como Léo Lima, Liedson, Alessandro e Nadson revelaram um novo mercado consumidor do talento brasileiro. São, principalmente, países do Leste Europeu e da Ásia com pouca expressão no cenário mundial do futebol, mas com muito dinheiro no bolso para gastar.

A retração dos grandes mercados alterou o mapa de negociações do futebol. Saíram de cena os gigantes Itália, Espanha, Alemanha e França e entraram os novos ricos Coréia do Sul, Ucrânia e Bulgária. Seduzidos por boas propostas financeiras, os clubes não pensam duas vezes antes de liberar seus atletas, alguns deles com excelentes perspectivas de futuro.

“Deixar seu país para jogar no exterior é sempre complicado. Para grandes mercados, como Itália e Espanha, por exemplo, eu acho válido. Para países de menor expressão eu não acredito que seja uma boa idéia, pelo menos tecnicamente. Financeiramente já é outra história”, avalia o técnico Toninho Cerezo, atualmente no Kashima Antlers, do Japão.

Aí entra a capacidade de avaliação do atleta, obrigado a fazer uma troca arriscada. “O jogador ficará um pouco esquecido e, se tiver alguma pretensão de servir a seleção, dificilmente será lembrado”, ressalta o treinador, que nos tempos de jogador defendeu dois grandes clubes italianos, Roma e Sampdoria.

O atacante Euller, comandado por Cerezo no Kashima Antlers, é um pouco mais cauteloso e coloca em pauta uma alternativa até então desconhecida. “Há muita coisa envolvida. Fica difícil dizer se esses jogadores estão certos ou errados. De repente, essas negociações são uma espécie de porta para uma futura transferência para um grande clube europeu”, afirma.

O zagueiro Rogério Pinheiro, que no Brasil defendeu gigantes do quilate de São Paulo, Vasco e Botafogo, embarcou rumo à Coréia do Sul. Há dois meses no país, ele será um dos responsáveis pela recepção ao atacante Nadson, revelação do Vitória que jogará no futebol coreano.

“Todos sabem que a carreira de um jogador de futebol dura pouco. Por isso, se o negócio for bom, o jogador não pode deixar essa oportunidade passar. É a chance de se fazer uma poupança para o futuro e também crescer profissionalmente e como pessoa. Afinal você terá a chance de conhecer novas culturas e aprender novas línguas”, destaca.

Assédio

O Grêmio não liberou o meia Tinga para jogar no Dínamo de Kiev, da Ucrânia. Representantes da equipe européia conversaram com dirigentes do Tricolor durante toda a tarde de terça, mas as partes não chegaram a um acordo e o jogador permanecerá no Olímpico. A proposta era financeiramente vantajosa, tanto para o clube gaúcho quanto para Tinga, mas ele ficou satisfeito com o desfecho da situação. Antes disso, há duas semanas, o Grêmio já havia recusado uma proposta do CSKA, da Bulgária, pelo jogador.

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