Jair Picerni percebe, a cada dia que passa, que terá muito trabalho para pôr o Palmeiras em ordem. Primeiro, pediu um goleador. Na sua opinião, faltou, em 2002, um artilheiro ao time, que fizesse dupla com Dodô, Muñoz ou Nenê. O predileto é Aloísio, que está no Paris Saint-Germain. E, agora, surgiu um problema que jamais esperava ter, o mesmo que tanto afligiu a equipe no campeonato brasileiro: o limitadíssimo número de volantes. Com Magrão e Claudecir, acreditava ter preenchido a posição com qualidade. Mas Claudecir dificilmente vai ficar no Palestra Itália e, com isso, só terá um atleta experiente para o setor. Magrão acertou as pendências com o clube e será um dos titulares do meio-de-campo. “Conto com eles, não quero perdê-los”, disse Picerni, acreditando ainda na permanência de Claudecir. O atleta não viajou para Pouso Alegre (MG) no mesmo ônibus da delegação. Os palmeirenses deixaram a capital na manhã desta segunda-feira. À tarde, porém, atendeu a um pedido da diretoria e seguiu para a cidade mineira – onde o elenco faz pré-temporada – com seu próprio carro. Nesta quarta-feira já retornará para uma reunião com os dirigentes e com seu empresário, Juan Figger. O volante tem proposta do Kashima Antlers e o salário que os japoneses lhe oferecem é bem superior ao do Palmeiras. “Mas não vou sair por causa de dinheiro. Vamos ver o que será melhor para o clube e para mim.” Pessoas próximas do atleta garantem que as possibilidades de Claudecir jogar no Brasil em 2003 são mínimas. O jogador achou melhor viajar para Pouso Alegre para treinar e recuperar a forma física depois das férias, independentemente de onde vá jogar nesta temporada.

No ano passado, o único atleta de marcação no meio-de-campo era o jovem Paulo Assunção, de 21 anos. Ficou sobrecarregado e não foi capaz de cumprir a função com eficiência. “O menino ficou com muita responsabilidade”, comentou Levir Culpi, um dos técnicos do Palmeiras no brasileiro. O problema dos volantes apareceu quando Vanderlei Luxemburgo resolveu dispensar quatro em pouco tempo: Magrão, Claudecir, Fernando e Galeano. O time ficou, então, quase sem opção para o setor e esse, na visão dos dirigentes, foi um dos principais motivos do rebaixamento para a Série B. Quando se deram conta do problema, no entanto, a competição já havia iniciado e as alternativas no mercado para contratações eram poucas. Paulo Assunção foi um dos que deixaram o Palestra Itália no fim do ano.

Picerni poderá promover Alceu, uma das promessas dos juniores, mas, caso seja confirmada a saída de Claudecir, vai pedir à diretoria a contratação de pelo menos mais um volante. E, com tantas indefinições, alerta: “Pensar em título no primeiro semestre não é algo fácil. Precisamos, primeiro, pensar em nos arrumar e resgatar a confiança e o moral dos atletas”.

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