Jackson pode ser o reforço do Coritiba

O primeiro movimento concreto do Coritiba após o título paranaense aconteceu em um almoço. Reunidos, diretoria e comissão técnica avaliaram possíveis reforços para o campeonato brasileiro. A necessidade já era conhecida, e a partir de agora os dirigentes passam para a busca dos jogadores. Um deles poderia ser Jackson, do Ituano, que é um sonho antigo do Cori.

O nome do armador, que começou no Sport e passou por Palmeiras, Cruzeiro e Internacional, está na pauta do Cori há pelo menos duas temporadas. O problema para contratá-lo foi sempre o mesmo: falta de dinheiro, principalmente quando o jogador estava nas chamadas equipes ?grandes?.

Hoje, no Ituano, o patamar salarial do meio-campista diminuiu para padrões aceitáveis na conta coxa. E isso faz retomar o interesse alviverde. “Ele é um jogador interessante, mas por enquanto não há nada de concreto”, afirma o secretário Domingos Moro, que participou da conversa com a comissão técnica. “Eles nos passaram as carências do elenco, e nós vamos tentar atendê-los no que for possível”, explica.

Apesar disso, um dos pedidos da comissão técnica não será atendido de pronto. O interesse no lateral Daniel, do Paranavaí, foi ?congelado? por decisão da diretoria. “Nós, no momento, não vamos contratar nenhum lateral-direito. O Tesser é o imediato do Ceará”, avisa Moro. Com isso, abre-se caminho para a contratação do meio-campista (que pode ser Jackson) e de um atacante, que também pode vir do interior paulista.

Coritiba S/A saindo do papel

O grande passo está prestes a ser dado. O Coritiba entrega nessa semana novos documentos que podem ser os definitivos para a implantação do Coritiba Futebol S/A, atitude mais ousada da gestão de Giovani Gionédis na presidência do clube. Abrindo seu capital para a venda de ações, o Coxa assume a vanguarda do futebol-empresa no País, tornando-se o clube melhor adequado à MP 79, que alterou as relações do esporte.

A Medida Provisória foi aprovada na Câmara na semana passada, e modifica o controle externo sobre os clubes. Estes poderão se organizar da forma jurídica que desejarem, mas terão que prestar contas e publicar seus balanços financeiros. Os departamentos que administram as atividades profissionais dos clubes, incluindo os departamentos de futebol, serão equiparados a empresas e vão estar submetidos às legislações trabalhistas, fiscais, tributárias e previdenciárias, entre outras obrigações.

Sabendo disso, o Cori planeja desde o ano passado a transformação de seu departamento de futebol em empresa. Em outubro, foi publicado o estatuto do Coritiba Futebol S/A, que assumiu desde aquela data todas as categorias do clube, pelo menos no papel. A empresa, que tem no comando os membros do Conselho Administrativo, detém os direitos de exploração do Couto Pereira e do CT da Graciosa por 30 anos.

Mas para implementar o projeto e alavancá-lo financeiramente, a venda de ações é o passo decisivo. No início do ano, o Cori foi à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pedir a autorização de venda de dez milhões de ações preferenciais (que não têm direito a voto), no valor unitário de um real. O processo está em andamento, e semana passada a CVM pediu mais documentos. “Nós pretendemos entregar ainda essa semana. O projeto está no seu prazo certo”, afirma Gionédis.

Quem comprar as ações do Coxa S/A terá certas vantagens, que ainda não foram divulgadas – e só as serão por completo no momento do lançamento oficial do projeto. Uma delas envolve a própria cessão de cadeiras para aqueles que investirem mais. No embalo do título, é provável que a procura seja grande. Até quem não precisa entrar na história promete se engajar. “Vocês não vão me ver longe daqui. Vou virar acionista do Coritiba”, avisa o volante Roberto Brum.

Sem tempo para festejar

Não dá, e nem se pode viver comemorando. Apesar da alegria da conquista do título paranaense invicto, os jogadores do Coritiba retomaram ontem os treinamentos com uma acurada avaliação física, que só termina na manhã de hoje. Tudo para sentir o real momento dos jogadores, às vésperas do maior (em duração) campeonato brasileiro da história.

A previsão do departamento de preparação física do Cori era que os jogadores chegassem à reta final do Paranaense com o melhor preparo possível. “Nós programamos um ?pré-ápice? para o elenco. A intenção era que o grupo tivesse o máximo rendimento nesse momento da competição”, explica o preparador Róbson Gomes. Isso foi facilitado pela participação dos jogadores. “Pelas nossas contas, 95% do elenco participaram de todos os trabalhos realizados no ano”, revela o fisicultor.

Com isso, é natural que o Cori esteja com bom rendimento físico. “Nós trabalhamos com resultados científicos. E os que nós tivemos até agora confirmam o bom trabalho que está sendo feito”, afirma Gomes. Mas, mesmo com a boa fase, as avaliações serão permanentes.

O técnico Bonamigo vai começar a trabalhar a equipe que enfrenta o Flamengo (domingo, às 16h, no Maracanã) a partir da tarde de hoje. Como a base será a mesma e o estilo de jogo não muda, o pensamento do treinador será adaptar a equipe para encarar o adversário, e conscientizar o grupo que agora as dificuldades vão aumentar ainda mais. Olhando para a equipe, Bonamigo estuda escalar Pepo no lugar de Lima, reforçando o meio-de-campo.

Avaliação

Os trabalhos, supervisionados pelo fisiologista Alfredo Borba, começaram ontem pela manhã. Os atletas, divididos em grupos de três, realizaram todos os testes físicos e de laboratório, enquanto os outros jogadores ficaram correndo no gramado. Hoje será completada a avaliação com os testes de campo.

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