Jabá vai jogar no futebol coreano

O atacante piauiense João Silvino (23 anos), o Jabá, está que não se contém. Após ter sido preterido pelo Coritiba e entrado na justiça para conseguir os direitos federativos, que pertenciam ao União Bandeirante, o jogador irá se aventurar pelo desconhecido futebol sul-coreano. Ele foi contratado pelo Dragon, da cidade de Ulsan, a mesma que abrigou a seleção brasileira na primeira fase da Copa de 2002. Apesar de ser a primeira experiência numa equipe estrangeira, o artilheiro aposta em seu talento para se consagrar também na Ásia.

“É um time muito bom, com uma grande organização”, vibra. Além da possibilidade de abrir mercado na Coréia do Sul, conhecer outro país e outra cultura, o que mais impressionou o atacante foi a seriedade dos dirigentes de sua nova equipe. “Lá todo mundo é honesto, paga em dia e não tem sacanagem”, dispara. Segundo ele, no Brasil, todos os clubes passam por dificuldades e receber o que é devido e em dia é uma raridade.

Além disso, ele não esconde de ninguém a vontade de também virar ídolo em Ulsan. “O técnico me disse que com o futebol que eu tenho eu vou me consagrar”, revela. Baseado nas imagens que viu na Copa do Mundo, Jabá espera encontrar uma torcida fanática nos estádios e tem até a receita para levantar os coreanos. “Quero ver quando eles virem as minhas pedaladas”, brinca. Segundo ele, a prévia do que ele vai encontrar lá foi dada numa exibição de uma fita do campeonato brasileiro do ano passado. “Eles viram a minha fita e ficaram doidos”, conta.

Para alcançar seu objetivo, o artilheiro terá que suar muito pois o ritmo de trabalho dos coreanos não é mole. “Eles treinam o triplo. Numa tarde, há treinamento técnico, tático, coletivo e físico”, aponta. Tudo para dar resistência e garantir a correria durante os 90 minutos. “O meu problema é a resistência, mas com os treinamentos, vou melhorando o meu condicionamento”, projeta.

No Dragon, Jabá irá trabalhar com outros três brasileiros. O atacante Tico Mineiro (o original) e os desconhecidos meias Vieira (“ele é do Rio de Janeiro”) e Marcel (“ele está lá há seis anos”). Todos estarão sempre acompanhados por uma intérprete chamada Monique, que morou 20 anos em São Paulo e agora trabalha para o clube coreano. Dos novos companheiros, Jabá ouviu o seguinte conselho. “Não tem imprensa. Você tem que ir para lá para ganhar dinheiro”.

União diz que cassou a liminar, mas jogador nega

A ida de Jabá para o futebol coreano ainda está marcada por controvérsias. O União Bandeirante garante ter cassado a liminar que permitia a ida do jogador para outro clube, mas a informação é negada pelo jogador e seu procurador. De qualquer forma, o artilheiro não desiste e confia no Dragon, que se comprometeu a defender o atacante e pagar o que for necessário para tê-lo em sua equipe.

Segundo apurou a Tribuna, o jogador ficará no Dragon por três meses e receberá US$ 15 mil de salários. O empresário Jatobá já teria, inclusive, encaminhado toda a documentação necessária para a transferência. As passagens para a Coréia já estão compradas e o embarque será amanhã à noite. No começo do mês, Jabá participou da pré-temporada do time coreano na Turquia para fugir do frio, veio a Curitiba resolver os últimos problemas e fazer a mala para se mudar em definitivo.

Tudo isso, no entanto, não será válido de acordo com o diretor de futebol do União Bandeirante, Nelson Santos. Segundo ele, o jogador pertence ao clube e não pode sair assim. “Foi cassada a liminar”, disparou. No entanto, ele deixou aberta a possibilidade de o jogador ter revertido essa situação na justiça. “O melhor é você falar com o nosso advogado, Castilho”, disse. A reportagem tentou entrar em contato com o representante jurídico do União por telefone, mas não foi atendida.

O atacante entrou na justiça para conseguir seus direitos federativos após ter sido dispensado pelo Coritiba. O jogador alegou ter salários atrasados para receber além do não-recolhimentos do FGTS por três meses. O Coritiba ainda tentou impedir a ação pagando os atrasados, mas Jabá já havia ganho a liminar.

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