Interventor da CBT é ligado a Nastás, diz Lacerda

São Paulo – O empresário Eduardo Nakamiti, que foi nomeado interventor da Confederação Brasileira de Tênis (CBT), na tarde de ontem, pela juíza Andréa Gonçalves Duarte, da 47.ª Vara Cível da Comarca do Rio de Janeiro, tem fortes ligações com o ex-presidente da entidade, Nelson Nastás. A revelação foi feita na manhã de ontem, durante coletiva realizada em um hotel de São Paulo, pelo presidente afastado da CBT, Jorge Lacerda Rosa, que apresentou uma ata de reunião de 5 de julho de 2000, na qual constam os nomes de Nelson Nastás, como presidente, e de Eduardo Nakamiti, vice-presidente de marketing da entidade à época.

Ao ser empossado ontem, o empresário havia dito que não sabia por que tinha sido escolhido para a função e que não tinha ligações com Nastás. "Não sou situação e nem oposição, estou aqui temporariamente", afirmou Nakamiti, na quinta-feira, em entrevista à TV Cultura.

"Colocaram a raposa para tomar conta do galinheiro", ironizou Jorge Lacerda, que havia sido eleito presidente da CBT, no último dia 17 de dezembro do ano passado. A decisão da juíza Andréa Gonçalves Duarte anulou o pleito, com base na ação da Federação Piauiense de Tênis, que apontou supostas irregularidades na assembléia eletiva.

Desabafo

Em tom de desabafo, Jorge Lacerda Rosa disse que a juíza foi induzida ao erro "com inúmeras mentiras" e acredita que já na semana que vem deverá estar de volta ao comando da CBT. "É muita mentira. Chega uma hora que não dá mais para tapar o sol com a peneira. É uma mentira atrás da outra. Estão (os dirigentes ligados a Nelson Nastás) tentando esconder mais alguma coisa", provoca Lacerda.

Segundo o dirigente, na ação validada pela juíza carioca, ele estaria sob investigação pelo Tribunal de Contas da União (TCU). "Na verdade, todo mundo sabe que é o Nastás que está sendo investigado pelo TCU. Quando ele estava na presidência, descontava o ISS, o FGTS e o Imposto de Renda dos salários dos funcionários, mas não repassava para o governo. Até mesmo na indicação do Nakamiti para interventor da CBT usaram de má fé com a juíza. Ele foi vice de marketing do Nastás. Até nisso ela foi induzida a erro", lamentou.

Apenas na segunda-feira, os advogados de Jorge Lacerda entrarão com recurso para tentar anular a ação da federação piauiense. Apesar disso, o dirigente acredita que a própria juíza deverá voltar atrás em sua decisão após ser municiada com informações mais precisas que comprovariam a validade do pleito do dia 17 de dezembro e, conseqüentemente, a eleição de Jorge Lacerda à presidência.

"É um momento complicado. Estamos saindo do Carnaval, então qualquer apresentação de recurso vai ficar mais para a segunda-feira. Nós sentimos que induziram a Justiça ao erro de todas as formas. Acredito que a própria juíza pode voltar atrás em sua decisão", declarou.

Conseqüências

Para Lacerda, o imbróglio político continua prejudicando o tênis brasileiro. "Quem foi prejudicado nesta brincadeira? Nesta segunda-feira, estávamos para fechar o patrocínio para a realização do Banana Bowl, já tínhamos assinado com duas cidades. Além disso, não sei se haverá boicote por parte dos jogadores na Copa Davis. Iríamos conversar com o Larri Passos (técnico de Guga) para ver se ele aceitava ser o capitão do Brasil na Davis. Agora vai parar tudo", disse.

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