O “Tigre” dá as cartas. Saulo de Freitas comandou ontem o primeiro trabalho de campo visando o jogo de domingo (18 horas), em Belo Horizonte, frente ao líder do Brasileirão. O técnico-interino focou o trabalho na necessidade de uma marcação mais eficaz em todos os setores do campo. Procurou simplificar e os “coletivos” estão de volta, sem cones, traves em pontos diferenciados ou número limitado de toques. A estratégia para encarar o Cruzeiro ainda não foi definida, mas ao que tudo indica o Tricolor voltará a utilizar três volantes.
Isso na teoria, pois na prática um dos cabeças-de-área recua para a função de zagueiro, numa marcação individual sobre um dos atacantes do adversário. É praticamente a tática utilizada no Rio de Janeiro, quando o Paraná bateu o Vasco da Gama. “Seria mais um 3-6-1, com um preenchimento efetivo do meio-de-campo”, comentou Saulo. Este posicionamento ainda pode sofrer alterações. “Não está descartada a utilização do 4-4-2. Temos mais um treino para escolher a melhor forma de bloquear o Cruzeiro”, disse. A dúvida de Saulo é justificável, pois ele ainda aguarda a recuperação de Fernando Miguel.
No treino de anteontem, Fernando sofreu um trauma na perna direita e hoje será reavaliado pelo departamento médico. Émerson entrou na equipe e com isso Goiano ficou fixo à marcação. Saulo, porém, sabe que Fernando Miguel é o volante que melhor se adapta a condição de zagueiro, pois já atuou nesta posição durante muito tempo. Com a nova opção tática, Caio mais uma vez ocupará a ala-direita. Valentim foi sacado do time e os titulares formaram com Flávio; Cristiano Ávalos, Ageu e Goiano; Caio, Pierre, Émerson, Marquinhos e Fabinho; Maurílio e Renaldo.
“Quero o time aplicado na marcação, com os jogadores de frente tendo o cuidado de permanecer atrás da linha da bola”, comentou. Com esta postura, espera compactar o time e anular a versatilidade do Cruzeiro, melhor ataque do Brasileirão, com 40 gols marcados em 19 jogos. “Eles estão muito bem, mas nem por isso vamos jogar na retranca”.
Saulo quer aproveitar a chance como interino para “dar o seu recado”. Nunca escondeu que a meta é ser técnico de futebol, mas com tranqüilidade. “Sou funcionário do clube e vou comandar o time neste jogo. O futuro está nas mãos dos dirigentes”.
Uma enxurrada de nomes para substituir Adílson
Nomes surgem em profusão. A diretoria do Paraná Clube diz apenas que possui uma extensa lista de sugestões e opções. O desafio maior é encontrar um técnico que se enquadre na filosofia do clube – que não pretende fazer novas contratações e sim revelar garotos das categorias de base – e no orçamento enxuto do departamento de futebol.
“Recebemos mais de uma dezena de ofertas por dia. Mas estamos tratando do caso com cuidado, pois não podemos errar”, afirmou o vice de futebol José Domingos Borges Teixeira. O dirigente disse que vários currículos estão sendo analisados, mas não está descartada a possibilidade de efetivação de Saulo de Freitas. “Vamos sentir o comportamento do time neste fim de semana e então tomaremos a decisão”, comentou José Domingos.
Na extensa lista de ofertas estão nomes como os de Sebastião Lazaroni, Márcio Araújo, Édson Gaúcho, Zé Teodoro, Serginho Chulapa… Os dirigentes preferem não comentar sobre estas opções e sim dar tempo ao tempo. Houve até especulações sobre um possível retorno de Cuca – que foi responsável pela montagem do atual elenco e comando o time nas dez primeiras rodadas – mas esta hipótese foi praticamente descartada por José Domingos.
“O Cuca está empregado e em padrões salariais muito acima do que nos dispomos a pagar”, disse. A preocupação com o aspecto financeiro é real. O Paraná é um dos poucos clubes da primeira divisão que está com salários em dia. Mas não há folga para novos investimentos. Esse foi o assunto principal de uma reunião entre o presidente Ênio Ribeiro e os comandantes do departamento de futebol, ontem pela manhã. Pelas previsões orçamentárias, o Paraná não deverá contratar reforços.