Hoje sairá o campeão na Vila Capanema

Foram quase quatro meses de competição, com direito a imbróglios judiciais, reclamações e polêmica. Hoje, no 150.º jogo da temporada, será conhecido o campeão paranaense de 2007.

Mais uma vez, um duelo Capital x Interior. De um lado, o Paraná Clube, atrás do oitavo título de sua história. De outro, o Paranavaí, perseguindo um feito inédito. A bola rola a partir das 15h55, no estádio Durival Britto, que deverá receber o maior público desde a sua reinauguração, em setembro do ano passado.

A Vila Capanema recebe a primeira ?finalíssima? da era Paraná. Em 1993, o tricolor comemorou o título – que abriria a série do pentacampeonato – no Durival Britto. A conquista veio com uma vitória por 3×1 sobre o Matsubara, na penúltima rodada de um quadrangular, mas sem a ?pompa? de uma final. O jogo desta tarde promete. O tricolor busca comprovar a superioridade técnica de seu time, que possui a melhor campanha entre todos os 16 participantes da Série Ouro.

O Paranavaí, por outro lado, surgiu como a força do Interior na temporada, desbancando o favorito Adap-Galo. Com um estilo guerreiro, o time de Amauri Knevitz traz como trunfo o fato de não ter perdido para o trio de ferro. Em oito jogos contra Paraná, Coritiba e Atlético soma, até aqui, cinco vitórias e três empates. Um tabu que o Paraná Clube tenta quebrar, impulsionado por sua galera.

Na temporada, o ?fator campo? não foi plenamente explorado pelo tricolor. Se o aproveitamento em casa – 64,7% – é razoável, o Paraná vacilou em momentos decisivos, como nas derrotas para Flamengo e Libertad, pela Libertadores, e no empate frente ao Atlético, na semifinal do paranaense. O Paranavaí, com a vantagem do empate e sem esconder sua vocação pela marcação, entra em campo disposto a explorar qualquer deslize, qualquer vacilo. Pronto para ?jogar água? no chope dos paranistas.

Paraná inicia hoje a ?semana perfeita?

Foto: Valquir Aureliano

Vinícius Pacheco deve ser a novidade tricolor.

Quatro meses de trabalho em 90 – ou 120 – minutos. O Paraná Clube coloca à prova a capacidade de seu time na busca pelo título paranaense da temporada.

Driblando dificuldades, a comissão técnica liderada por Zetti conseguiu o que para muitos era tido como improvável: conduzir o tricolor às fases decisivas do estadual e da Libertadores. Falta o objetivo final. E, na busca pelo oitavo título de sua história, o Paraná volta a fazer da velocidade a sua principal arma.

Ausente das duas últimas partidas, Vinícius Pacheco reaparece no ataque paranista. Com ele, o Paraná se torna mais versátil, capaz de atacar de forma contundente pelos lados do campo. Este é o plano de jogo de Zetti, com a preocupação inicial de tirar a vantagem do adversário. Não impôs ao grupo a necessidade de construir uma vitória por dois gols de diferença. Somente assim o tricolor garantiria o título no tempo regulamentar. ?Se precisarmos da prorrogação ou dos pênaltis, tudo bem?, disse o treinador, com tranqüilidade.

Atento a cada detalhe, Zetti dedicou parte do treino de ontem às cobranças de penalidades máximas. ?Não adianta entrar em campo pensando em fazer dois, três. É preciso fazer o primeiro gol?, lembrou o comandante tricolor. Assim, espera minimizar a pressão e evitar que a ansiedade tome conta do grupo. Mesmo diante da maratona de jogos – hoje, faz a partida de número 34 na temporada – não teme uma eventual prorrogação. ?O grupo está bem fisicamente e, na hora da decisão, a superação faz o resto?, disse Zetti.

Com ousadia, o Paraná tentará impor o ritmo de jogo, mas sem se expor aos contragolpes do adversário. ?Não podemos falhar na marcação. O Paranavaí conta com jogadores muito rápidos?, lembrou o volante Xaves. E, como a missão é marcar gols, Josiel espera deixar sua marca. ?O gol contra o Libertad aliviou um pouco aquela pressão. Temos que ter, nesta final, o mesmo espírito de luta que tivemos na última quinta-feira?, disse o artilheiro.

?Esse é o primeiro grande jogo da minha vida. É uma chance que não quero desperdiçar?. O centroavante sabe que a paciência será fundamental nesta decisão. ?Na Vila, nem sempre conseguimos imprimir velocidade, diante da postura do adversário. Então, é ter calma para dar o bote certo?, finalizou.

Dinelson prevê uma tarde memorável em jogo especial

?Não tem como explicar. É um sentimento diferente?. Assim, o meia Dinelson – destaque do Paraná na temporada -resume a sua ansiedade para a final. O ?baixinho? quer entrar para a história do clube com o título estadual. ?É um jogo especial. Vencer é bom para mim, para o clube, para todos?. O jogador, que na maioria dos jogos conviveu com problemas no tornozelo, garante que valeu o sacrifício.

?Teve momentos em que fui pro sacrifício. Mas, valeu cada momento, pois estamos a uma vitória do título?, frisou Dinelson. Indicado por Zetti e contratado junto ao Corinthians, o meia abriu mão do salário que recebia no Parque São Jorge e veio para Curitiba apostando na redenção de sua carreira. Aos 21 anos, sentiu que era o momento de recolocar seu nome na mídia, longe da cobrança que normalmente ronda o Timão.

?Estou feliz aqui, pois encontrei um grupo que me acolheu, um clube bom de se trabalhar?, frisa seguidamente Dinelson. A alegria, porém, só será completa com uma festa hoje à tarde, com direito a volta olímpica. ?Se entrarmos com aquele espírito de decisão, com o apoio do nosso torcedor, vamos conseguir?, acredita. Campeão brasileiro pelo Corinthians, em 2005, o meia agora persegue o seu primeiro título como titular.

?É um sonho que pode se concretizar. Vejo coisas boas para a gente neste domingo?, prevê o jogador. O ?baixinho? sabe que receberá dura marcação neste jogo, mas não teme um jogo viril. ?Isso faz parte. Mas no primeiro jogo eles não foram desleais e isso é o que vale?, comentou Dinelson, que pelo seu estilo de jogo é praticamente um terceiro atacante no time de Zetti.

Paranavaí, jeito de campeão

Clewerson Bregenski

Foto: Valquir Aureliano

A volta do artilheiro Edenílson é a única mudança no time.

O Paranavaí está a 90 minutos de fazer história. A equipe do noroeste joga hoje à tarde por um empate diante do Paraná, na Vila Capanema, para sagrar-se campeã estadual pela 1.ª vez em seus 61 anos de existência.

A confiança no título é grande por parte da torcida, tanto que é esperada a presença de 500 pessoas vindas de Paranavaí para empurrar o Vermelhinho na decisão.

O clima de euforia, entretanto, restringe-se aos torcedores. Os jogadores do Paranavaí estão cientes de que o jogo contra o Paraná será uma dureza e demonstram muito respeito pelo adversário. Edenílson, artilheiro do Vermelhinho com 12 gols, disse que o jogo é muito importante tanto para jogadores, comissão técnica, bem como para a história do clube. ?Uma conquista diante de um clube grande como é o Paraná, vai valorizar o trabalho de todos?, analisou. Assim como o treinador Amauri Knevitz, o jogador também fez questão de destacar que o favoritismo é do Paraná, por ser um time que disputa a Série A do Brasileiro, Copa Libertadores e vai decidir o título em casa. Para o meio-campista Agnaldo, um dos destaques do Paranavaí, o time está muito concentrado para a final e com o pensamento voltado apenas ao título.

O Vermelhinho deve contar com apenas uma mudança em relação ao time que atuou em Paranavaí e venceu o tricolor por 1 a 0. Edenílson retorna ao time titular em lugar de Leo Santos.

Transferências

Devido à boa campanha do Paranavaí no estadual é normal falar sobre a transferência de jogadores que se destacaram na equipe. Dentre os atletas cogitados e que teriam como destino clubes da capital estão o meio-campista Agnaldo, os atacantes Edenílson e Tiago e o goleiro Vanderlei. Agnaldo não quis comentar sobre uma possível transferência para o Atlético para a disputa do campeonato paranaense. ?Isso está sendo tratado por meu procurador?, afirmou. Essa foi a mesma resposta dada pelo goleiro Vanderlei, que especula-se ser do interesse do Coritiba. O artilheiro Agnaldo contou que seus direitos federativos pertencem ao Cene (MS) e que seu representante está em Curitiba para tratar desse assunto. A unanimidade dentre eles é o discurso: ?estamos apenas focados na decisão?.

Semelhanças e história semeiam sonhos no ACP

O Atlético Clube Paranavaí pode quebrar um jejum que já dura 30 anos. A última equipe do interior que comemorou um título em Curitiba foi o Grêmio Maringá, em 1977. Em 25 de setembro daquele ano, o Coritiba foi derrotado na Cidade Canção, no 1.º jogo da final, por 1 a 0. No jogo de volta – 3 de outubro -, o alviverde tinha que vencer para levantar a taça, mas não conseguiu passar de um empate em 1 a 1.

O Grêmio Maringá, assim como o Paranavaí, na atualidade, não era apontado como favorito ao título. Isso porque o Coritiba era o ?bicho papão? da época e, orgulhosamente, carregava consigo a façanha de ser hexacampeão estadual. Mas o time do interior não se intimidou e quebrou a hegemonia coxa-branca.

Essa é a mesma situação vivida momentaneamente pelo Vermelhinho, do noroeste do Estado. Comissão técnica e jogadores tratam o Paraná como favorito devido ao currículo do clube da capital, que disputa a Série A do Nacional e a Copa Libertadores e, também é, atualmente, o campeão estadual. A intenção do Paranavaí é repetir o feito do Grêmio e mostrar a força do futebol do interior mais uma vez.

O primeiro passo já foi dado. Em Paranavaí, o Vermelhinho venceu o tricolor por 1 a 0 e, para conquistar o primeiro título de sua história, basta um empate na capital, desta vez, na Vila Capanema.

O Paranavaí torce para que a história se repita. O Paraná Clube, não.

Invencibilidade diante dos clubes grandes da capital

A campanha realizada pelo Paranavaí já lhe garantiu um troféu nesta temporada 2007 – o melhor time do interior do Estado. Mas essa premiação não foi suficiente para a equipe do noroeste que, com grandes atuações, conseguiu alcançar a classificação à final e tornou o sonho de ser campeão paranaense possível. O primeiro passo para a concretização do desejo de toda Paranavaí aconteceu no domingo passado, quando o Vermelhinho não se intimidou diante do campeão estadual e obteve a apertada vitória por 1 a 0, resultado que lhe dá a vantagem de decidir em Curitiba, jogando por um empate.

A trajetória do Paranavaí é realmente surpreendente. Em todo o estadual, a equipe se defrontou com o trio de ferro da capital por oito ocasiões, não perdeu nenhuma e marcou gols. Soube aproveitar o fator campo e torcida e venceu Atlético, Paraná e Coritiba no Estádio Waldemiro Wagner. Veio a Curitiba e não se intimidou, empatando contra o Atlético e Coritiba. Agora, para consagrar-se definitivamente como o ?terror da capital?, o Vermelhinho desafia o Paraná, na Vila Capanema. Se mantiver o mesmo retrospecto, obtido nos jogos em Curitiba, o ACP pode retornar a Paranavaí carregando mais um trófeu – Campeão Paranaense 2007.

Técnicos já se enfrentaram também dentro de campo

Zetti e Amauri Knevitz já se enfrentaram antes de se tornarem técnicos de futebol. Em 1985, o gaúcho Amauri Knevitz defendia o Atlético Paranaense e Zetti era o goleiro do Londrina. O jogo aconteceu em 10 de novembro de 1985 e tornou-se decisivo para o rubro-negro. Com a vitória por 3 a 0, o Atlético terminou o 2.º turno do campeonato paranaense em 1.º lugar, com a mesma pontuação que o rival Pinheiros. No 1.º turno aconteceu uma situação idêntica. Com o mesmo número de pontos entre Atlético e Pinheiros, o rubro-negro sagrou-se campeão estadual graças ao maior número de vitórias.

Knevitz lembrou dessa partida e disse que o jogo é uma boa lembrança da época de jogador. ?O Zetti, na época, era um menino, no começo de carreira e depois cresceu muito. Zetti é uma personalidade do futebol nacional e temos que respeitar isso?, afirmou.

Sobre a comparação atual entre Zetti – representando o Paraná Clube – e Knevitz, representando o Paranavaí, o gaúcho afirmou: ?O Paraná é o grande (nessa decisão), até a hora de começar o jogo. E ali, tem aquela história – quem pode mais, chora menos?.

CAMPEONATO PARANAENSE

FINAL – JOGO DE VOLTA

PARANÁ CLUBE x PARANAVAÍ

PARANÁ

Flávio; Léo Matos, Daniel Marques, Neguete e Egídio; Xaves, Beto, Gérson e Dinelson; Vinícius Pacheco e Josiel.

Técnico: Zetti.

PARANAVAÍ

Vanderlei; Rodrigo de Lazzari, Robenval e Diego Correa; Gilberto Flores, Márcio, Tales, Agnaldo e Roque; Tiago e Edenílson.

Técnico: Amauri Knevitz.

SÚMULA

Local: Durival Britto (Curitiba).

Horário: 15h55.

Árbitro: Evandro Rogério Roman.

Assistentes: Roberto Braatz e Rogério Carlos Rolim.

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