História dos mil gols começou com Buião

Quem for à Baixada hoje pode ser testemunha de uma marca histórica. Se balançar as redes do Vitória pelo menos duas vezes, o Atlético chegará à marca de mil gols em campeonatos brasileiros. Até hoje, a torcida rubro-negra comemorou 998 vezes no principal torneio do país. Rotina que começou há 35 anos, a mais de 3.500 quilômetros de Curitiba.

No dia 2 de setembro de 1973, em Fortaleza (CE), o ponta-esquerda Buião fez a primeira festa atleticana no Brasileirão. O adversário era o Ceará e o cenário, o velho estádio Presidente Vargas. O gol premiou uma bela apresentação do Furacão e garantiu também a primeira vitória rubro-negra na competição nacional.

Mais de três décadas e 997 gols depois, O Estado conversou com o autor do tento número um do Atlético. Aos 62 anos, João Bosco dos Santos, o Buião, vive em Vespasiano (MG), sua terra natal, e lembra com carinho dos dez anos em que jogou futebol em Curitiba: cinco pelo Furacão e cinco pelo Colorado.

No escritório da Viação Buião, empresa de ônibus urbanos da qual é proprietário, o antigo craque foi pego de surpresa. “Quem marcou o primeiro fui eu? Dessa eu não sabia! É uma grande alegria. Tenho um carinho muito grande pelo Atlético e é ótimo saber que estou na história do clube”, comemora.

Revelado pelo Atlético-MG e com passagens por Corinthians e Flamengo, Buião chegou ao Atlético em 1972. Jogou ao lado de Sicupira, Di, Júlio, Alfredo, Didi Duarte, Nilson Borges… Uma geração que marcou época, apesar da seca de títulos que rondava a Baixada.

Mas e o gol histórico, Buião lembra como foi? “Faz tanto tempo… Lembro que foi um jogo que tive que passar para a ponta-esquerda e o gol saiu por ali”, esforça-se.

Para ajudar, nada melhor que o relato feito pela Tribuna do Paraná na época: “O ponteiro partiu célere pelo seu setor, passou por dois adversários e, quando o arqueiro Helinho acreditou num cruzamento, mandou a bola para as redes”, descreveu o jornal. “Buião deixou seu marcador em ‘palpos de aranha’.”

Torcida

Mesmo de longe, Buião continua acompanhando o futebol paranaense. “O pessoal daí sempre me tratou com muito carinho. Quando vou para Curitiba, sou sempre lembrado e quando aparece algum paranaense por aqui, também vem me cumprimentar. Por isso estou sempre de olho”, afirma.

Buião diz que sofreu com a queda do Paraná no ano passado e segue angustiado com a situação do rubro-negro. “Foi triste ver o Colorado, que hoje é Paraná, cair para a segunda divisão. O Atlético não pode cair também. A situação melhorou com as últimas vitórias, mas não dá para amolecer, pois ainda está complicado”, alerta.

Para velho artilheiro, a proximidade do gol mil tem que servir de motivação para os jogadores do Atlético. “Esta é uma ótima oportunidade de o atleta deixar sua marca e ficar na história do clube”, avalia.

E como está sempre por dentro das coisas do Furacão, Buião também tem seu palpite sobre quem será o autor do milésimo gol: “O Rafael Moura é quem está se destacando e é o homem do momento por aí. Aposto nele”.