Guinada com lei do “delegado”

Não foi fácil ser bicampeão paranaense. Quem deixou o Couto Pereira na noite de 22 de janeiro pensou em muita coisa, menos que o Coritiba conquistaria o título em cima do Atlético – e levantando a taça em pleno Joaquim Américo. Naquele dia, o Coxa perdia para o Iraty por 2×1, e deixava uma série de dúvidas na cabeça dos torcedores. Todas podiam ser resumidas em uma simples pergunta: será que vai? Foi.

O time estava muito modificado. “Perdemos dezessete jogadores no final do ano”, cansou-se de dizer o técnico Antônio Lopes. Contratado na mesma época do ?desmanche?, o treinador representava uma guinada de 180 graus em comparação ao ex-comandante Paulo Bonamigo. E era uma mudança que não gerava confiança, tanto que o mau início do Paranaense, somado à derrota para o Sporting Cristal por 4×1 na estréia da Libertadores, fez a torcida protestar e pedir a demissão do ?delegado?.

Não adiantou a invencibilidade, nem a luta no Atletiba que terminou em 1×1, muito menos a vitória sobre o Paraná por 1×0. As más atuações e o fracasso em Lima faziam Lopes ser ?fritado? pelos torcedores. Mas, no dia 14 de fevereiro, o treinador (que escalara seis times em seis partidas) mudava tudo. Miranda e Márcio Egídio ganhavam vagas na equipe. Reginaldo Nascimento virava zagueiro, Igor estreava ao lado de Capixaba, e Jucemar era fixado na lateral-direita. Luís Mário seguia em trajetória ascendente. Era o Coritiba bicampeão começando a tomar forma.

Foi o primeiro jogo de uma série que, entre jogos do Paranaense e da Libertadores, teve apenas uma derrota em dezesseis partidas. As contestações diminuíram até o ponto de não mais existirem, as atuações melhoraram sensivelmente, a equipe ganhou corpo, feição e uma base, que será a usada também no campeonato brasileiro, a partir do jogo de quinta, contra o Guarani.

Chegando na segundo lugar na Chave Sul, o Coritiba partiu para o grupo mais equilibrado na segunda fase. E foi aí que se viu a evolução da equipe, que passou com quatro vitórias e um empate (contra o Londrina, o outro classificado). Nas semifinais, o adversário foi o Cianorte, grande surpresa da competição. Nas duas vitórias, a confirmação das estrelas: no jogo de ida, no interior, Tuta deixou sua marca; na volta, no Couto Pereira, foi Aristizábal quem marcou em uma linda jogada. Além disso, a aparição espetacular de Rodrigo Batatinha, que em poucos jogos acabou sendo um dos jogadores mais importantes da conquista coxa.

Na final, o grande desafio. Na partida de sábado passado, o Coritiba passou boa parte do tempo com um jogador a mais, mas não conseguiu abrir vantagem. Ari fez o primeiro, mas Igor empatou para o Atlético, e o nervosismo coxa (além das defesas de Diego) davam a impressão de que a vantagem do empate permaneceria com o Rubro-negro. Mas Luís Mário marcou um golaço e deu a vitória para o Cori. Mais que qualquer outro, este foi o gol do título, pois deu tranqüilidade para encarar a partida de ontem. E, para delírio dos alviverdes, a festa aconteceu na casa dos rivais.

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