Gustavo Kuerten fez coro nesta quarta-feira aos críticos da Copa do Mundo no Brasil. Apesar de exaltar a realização da competição no País, o ex-tenista não poupou nas críticas sobre a preparação para o evento e até ironizou o tratamento dado à Fifa pelo governo federal.

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“Eu tenho uma sensação bem frustrante dessa realização da Copa do Mundo. Acho que vai ser incrível, vai ser fantástico ter uma Copa do Mundo no Brasil, mas, ao mesmo tempo, não se torna agradável. Não sei se Fifa já viveu uma situação tão constrangedora como está vivendo aqui no Brasil. Muita gente não é nem a favor da Copa aqui no Brasil, é difícil de imaginar que isso pudesse acontecer, mas é bastante compreensível”, disse Guga, em entrevista coletiva concedida nesta quarta-feira no Rio Open, principal torneio de tênis do Brasil.

Para Guga, a Copa não deixará o legado que foi prometido. “A gente sofre de dificuldades elementares. Copa do Mundo é um exemplo, vai demorar dois meses o potencial de contagiar as pessoas de uma forma espetacular e vai terminar. Não vi, não consigo enxergar grandes benefícios para um investimento maior, para alguns anos”, afirmou. “Para os estrangeiros, os caras que vêm para cá, eles vão adorar. Pra gente é que vai ser ruim. Aquela promessa de mudança, na prática, quem acompanha sabe que não é a realidade. Nem os aeroportos estão preparados”, apontou.

Segundo Guga, as críticas de parte da população com a realização do evento no País vêm da falta de compromisso do governo. “A indignação também é um pouco pelo grau de expectativa que surge para os brasileiros, e a falta de respeito que gera com as pessoas. O governo de alguma forma assume um compromisso com todos, com o povo de uma maneira geral, e não cumpre. E aí a gente vê um esforço quase que sobre-humano para cumprir os compromissos com a Fifa”, criticou.

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O ex-tenista citou ainda o Congresso Técnico da entidade, que está sendo realizado em Florianópolis, cidade onde ele mora. “A gente sofre quase que todos os dias. Agora eles estão em Floripa e nem trânsito os caras fazem eles pegar, estão lá todas as avenidas (fechadas) para eles passarem. Todos os dias a gente têm trânsito”, contou Guga. “Parece que os caras estão de férias em Floripa. Tomara que isso fique para sempre, porque eu nunca vi a cidade com tanta segurança em toda a minha vida”, ironizou, para depois complementar: “Isso que eu acho inadmissível, a dicotomia entre a nossa realidade e o que vai acontecer durante dois meses. Isso me deixa realmente abismado.”