Grupo de atletas diz não confiar na IAAF após escândalo de doping

Um grupo de atletas, liderado pelo campeão olímpico do lançamento de disco Robin Harting, publicou vídeo nesta segunda-feira em que eles fazem duas críticas à Federação das Associações Internacionais de Atletismo (IAA). A entidade é acusada de encobrir possíveis casos de doping de mais de uma centena de medalhistas olímpicos e mundiais entre 2001 e 2012.

“Cara IAAF, nós não podemos confiar mais em você. Nós temos que agir agora”, diz o alemão Harting, em inglês, em um vídeo postado no Youtube. O alemão, três vezes campeão mundial, tem uma postura crítica com relação à IAAF. No primeiro semestre, recusou a indicação ao prêmio de “Atleta do Ano” porque não queria aparecer ao lado de atletas que já foram punidos por doping, especialmente o velocista norte-americano Justin Gatlin.

Harting é o mais expressivo dos atletas que aparece no vídeo. Eric Werskey, norte-americano do arremesso de peso, diz que a IAAF “estragou o nosso esporte”. Julia Fischer, também lançadora de disco e namorada do alemão, reclama que a entidade “quebrou meus sonhos de infância”. “Eu quero correr contra atletas limpos, não monstros”, completa Robin Schembera, alemão dos 800 metros.

Os atletas encerram o vídeo cobrando “honestidade, integridade e transparência” da entidade, que vem sendo alvo de reportagens do jornal britânico The Sunday Times e de um documentário do canal de TV alemão ARD.

Ambos os veículos tiveram acesso aos resultados de 12 mil exames de sangue envolvendo 5 mil atletas entre 2001 e 2012. Dois especialistas analisaram o material e apontaram que 800 deles são suspeitos. Esses atletas ganharam 146 medalhas em provas de fundo (800m a maratona) em Mundiais e Jogos Olímpico, entre elas 55 de ouro.

No domingo passado, o The Sunday Times relatou que entre esse 800 casos suspeitos estão 34 atletas que, no mesmo período, venceram provas das grandes maratonas (Nova York, Chicago, Boston, Londres, Berlim e Tóquio). Os organizadores da Maratona de Londres divulgaram nota cobrando a IAAF, uma vez que é a entidade internacional que tem acesso aos resultados detalhados dos exames, não os organizadores.

A expectativa é que o caso ainda tenha novas repercussões nas próximas duas semanas, uma vez que em 22 de agosto começa, em Pequim (China) o Mundial de Atletismo. Lá também será realizada a eleição para a presidência da IAAF, da qual participam os ex-atletas Sebastian Coe (britânico) e Serguei Bubka (ucraniano).

Até agora, as reportagens do The Sunday Times não citaram nomes de atletas, apenas o volume de conquistas deles. A IAAF nega todas as acusações.

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