Magny-Cours – Os três carros da BAR dormiram de ontem para hoje trancados dentro do caminhão da equipe, estacionado no paddock de Magny-Cours, sem que pudessem ser ajustados por seus mecânicos. A equipe pode não disputar o GP da França, domingo, por conta de uma ação que está sendo movida contra ela por uma empresa de Mônaco. Se a BAR não correr, a prova, válida pela décima etapa do Mundial de Fórmula 1, terá apenas 18 participantes ? o menor número desde 1982 (veja texto abaixo).

O imbroglio entre o time inglês e seus supostos credores começou há alguns meses e quase resultou no confisco dos carros no GP de Mônaco. A empresa que está processando a equipe se chama Partnership Production Group International, PPGI, e reclama uma comissão de US$ 3 milhões por ter feito, em 1998, a intermediação de um contrato de patrocínio com a canadense Teleglobe. Nunca viu a cor do dinheiro. A BAR alega que não é ela quem tem de pagar a comissão e que nem sabe do que se trata. A Teleglobe patrocinou a equipe a partir de seu primeiro ano na F-1, 1999.

Um tribunal de Nevers, perto de Magny-Cours, ordenou que os caminhões fossem lacrados com os carros dentro. Um oficial de Justiça chegou ao autódromo acompanhado de policiais por volta das 19h e como o chefe da BAR, David Richards, não estava na pista, foi o assistente de Bernie Ecclestone, Pasquale Lattuanedu, quem respondeu pelo time. Houve muita discussão, mas no fim enfiaram os carros na carreta e meteram um selo na porta.

BAR responde

No fim da noite, A BAR informou que a PPGI mandou uma fatura no início deste ano alegando que tinha um acordo verbal com o ex-dono da equipe, Craig Pollock, sobre a comissão que deveria ser paga.

“Recebemos essa conta no início do ano e estávamos conduzindo o processo normalmente na Justiça de Mônaco. Por causa do recesso de verão, ele só seria retomado em 15 de outubro, por isso ficamos supresos com o confisco de nossos equipamentos”, diz o comunicado do time.

Boicote “enxugou” o grid em 1982

Mônaco – Se o GP da França tiver mesmo apenas 18 carros, o grid de domingo será o mais enxuto dos últimos 21 anos. No GP de San Marino de 1982, disputado em Imola em 25 de abril daquele ano, apenas 14 largaram. Mas o motivo não foi nenhuma crise econômica, nem ações na Justiça, e sim um boicote liderado por Bernie Ecclestone, dono da Brabham e presidente da Foca (Associação dos Construtores de F-1).

A Foca estava em litígio com a Fisa (braço esportivo da FIA, Federação Internacional de Automobilismo) por questões ligadas ao regulamento da categoria. Por isso Bernie resolveu partir para a briga e arrastou consigo as principais equipes inglesas, exceção feita à Tyrrell. Assim, dos 14 times inscritos para o Mundial, sete ficaram de fora da prova: McLaren, Williams, Brabham, Lotus e Arrows, da Inglaterra, a francesa Ligier e a brasileira Fittipaldi.

Correram Ferrari, Renault, Tyrrell, Toleman, Osella, Alfa Romeo e ATS. A vitória foi de Didier Pironi, da Ferrari. Gilles Villeneuve, seu companheiro, ficou em segundo, com Michele Alboreto, da Tyrrell, em terceiro.

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