Ginástica brasileira ganha um novo herói

Rio de Janeiro (AE) – De medalhista olímpico a palhaço acrobata do Cirque Du Soleil. Sonhos a serem conquistados por aquele que já é o maior ginasta brasileiro de todos os tempos: Diego Hypólito. Apesar de ter apenas 18 anos, já acumulou em sua história glórias restritas a poucos atletas. Também já amargou a maior de todas as frustrações de um atleta: não ter ido aos Jogos Olímpicos, os de Atenas, em que seria favorito à medalha de ouro.

"Sei que teria disputado medalha se tivesse ido a Atenas. Um juiz brasileiro me contou que o comentário por lá era a razão de eu não estar nos exercícios de solo", disse Diego, que ficou fora dos Jogos Olímpicos por não ter um rendimento satisfatório em outros dois aparelhos: a barra fixa e as argolas. Por isso, foi superado por Mosiah Rodrigues, único representante da ginástica artística masculina do País na Grécia. "Depois disso, quis provar a mim mesmo que tinha ficado frustrado à toa. Passei a treinar ainda mais e o resultado foi ser o melhor no solo na Superfinal da Copa do Mundo", afirmou Diego, que depois da Olimpíada conquistou quatro das cinco medalhas de ouro em disputa no solo este ano. "Treinei muito e os adversários não me viram. Daí, surgiram os resultados."

E para assegurar uma vaga nos próximos Jogos Olímpicos, em Pequim, em 2008, e continuar entre os melhores do mundo no solo, Diego sabe que terá de treinar ainda mais, se especializar nos outros aparelhos da ginástica masculina – barra fixa, barras paralelas, argolas, cavalo com alças e salto sobre o cavalo.

Para 2005, já está definida a mudança na série vitoriosa no solo. Diego frisou que terá de fazer sempre um diferencial para angariar a simpatia dos árbitros, além de temer que as acrobacias fiquem defasadas. "Cada vez mais os juízes vão ser rigorosos com a minha nota e terei de lidar com isso. É natural. E também outros atletas vão tentar fazer o que faço. Preciso evoluir", argumentou Diego, que não teme o desafio e revelou ter várias séries prontas. "Estou mais confiante. Sei que posso fazer, então, é só treinar."

Mas, o reconhecimento do público e da comunidade esportiva ainda não trouxe retorno financeiro para Diego, a exemplo do que ocorreu com sua irmã, Daniele, e Daiane dos Santos, que recebem cerca de R$ 40 mil e R$ 90 mil mensais. Atualmente, o ginasta tem três patrocinadores, que lhe rendem mensalmente cerca de R$ 20 mil. Neste momento ímpar, a situação financeira, para quem já passou por várias privações, não é a principal preocupação de Diego. Após as conquistas, o ginasta só deseja descansar e aproveitar as férias, sem se esquecer de treinar um pouco, disciplina fundamental para um atleta de alto nível. "Terei 17 dias de férias. Serão as maiores da minha vida e quero ir à praia, jogar vôlei, dançar música eletrônica. Shopping e cinema nem pensar. Não consigo ficar parado vendo aquela tela e logo acho o filme chato mesmo sem ser", sentenciou Diego, que tem 1,70m e 69 kg. "É claro que vou procurar uma academia, porque dois dias sem exercícios são prejudiciais." E, em todos os programas de Diego, a presença de Daniele é obrigatória. Em comunhão perfeita com a irmã, ele nunca se importou de, por vezes, ter ficado à sombra dela. Sabia que seu momento iria chegar e, o mais importante, é que independente de nomes, a ginástica do Brasil estava crescendo e sendo reconhecida no mundo.

A surpresa, porém, é que em breve a companhia inseparável da irmã pode ser trocada por uma namorada. Diego, que é virgem e faz questão de defender a perda da castidade somente em um momento especial, vem flertando com várias ginastas, dentre elas, a romena campeã olímpica Catalina Ponor e a americana Alicia Sacramone. O atual alvo do ginasta é a holandesa Laura Van Leeuwen, filha de uma paulista.

Quanto ao futuro, Diego, um perfeccionista nato, procurou ser realista. Quer conquistar uma medalha olímpica em Pequim e, após parar, entrar para o Cirque Du Soleil. Mas, o plano pós-tablado pode ser mudado: "Também penso ser jornalista. Poderia ajudar a divulgar os esportes olímpicos".

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