Ginastas colhem frutos e já sobrevivem do esporte

As ginastas Daniele Hypólito e Daiane dos Santos desembarcaram ontem em São Paulo com medalhas das duas primeiras etapas da Copa do Mundo. Daniele foi prata no solo da 1.ª etapa, na França, e Daiane ficou com o bronze na mesma prova, na Alemanha, no último fim de semana. Os resultados já apontam para o profissionalismo das atletas, que já contam com mais de dois patrocinadores individuais, além do apoio do Comitê Olímpico Brasileiro e da Coca-Cola.

Daniele tem cinco patrocinadores individuais: Redecard, Itaú Seguros, Opção (griffe carioca), Petrobrás e Laboratórios Aché. Daiane recebe apoio da Brasil Telecom e do Grêmio Náutico União. Além disso, com a Lei Piva, que ano passado deu R$ 900 mil à Confederação Brasileira de Ginástica (GBG) e este ano deve investir mais de R$ 1 milhão, Daniele ganha ajuda de custo de R$ 2.500 e Daiane R$ 1.800. Outra fonte para ambas e as demais ginastas da seleção permanente vem da Coca-Cola, que decidiu apostar na modalidade. Com tanto apoio e um dos melhores centros de treinamento do mundo, elas têm como maior objetivo classificar a equipe brasileira de ginástica olímpica para os Jogos Olímpicos de Atenas/2004.

Daiane comemorou a medalha em Cottbus como um prêmio ao esforço pessoal. Ano passado ela ficou a maior parte da temporada de molho. “No fim de 2001 eu tive uma ruptura no tendão patelar esquerdo. Só participei de três torneios ano passado. Essa medalha na Alemanha me deixa mais confiante para o Pan-Americano, em agosto, e para o Mundial nos EUA, depois do Pan, que é classificatório para Atenas.”

Time completo em Atenas

A expectativa da supervisora de seleções da Confederação Brasileira de Ginástica (CBGin), Eliane Martins, é que o Brasil se classifique entre o sexto e oitavo lugares. Daniele, a estrela da ginástica olímpica brasileira, ficou com a prata em Paris, há duas semanas. Ela participou de todo o processo de estruturação do projeto para a modalidade, desde 1995.

Naquela época, segundo relembra Eliane, a dificuldade era enorme. “Em 1995 treinávamos em um galpão feio, velho, com equipamentos obsoletos. Aquele foi o começo do trabalho que hoje colhe frutos. Só começamos a treinar no Centro de Excelência de Curitiba em 99, quando o Brasil foi bronze por equipes no Pan de Winnipeg. A Dani estava desde o começo. E pensar que poucos anos nossas ginastas ficavam lá pelo 40º lugar. Hoje elas estão sempre entre as dez melhores do mundo em todos os aparelhos.”

Quanto à mudança em janeiro do Rio de Janeiro, onde treinava no Flamengo, Daniele disse que nada mudou na rotina de treinos: “Já me adaptei. A mudança foi que deixei de estudar à tarde e estou indo à faculdade à noite, além de ter de conhecer novas pessoas e fazer amigos. Mas nos treinos continua tudo igual.” Hoje embarcariam para a Grécia outros quatro ginastas brasileiros, que participariam no fim de semana da terceira etapa da Copa do Mundo, em Atenas, na Grécia. Estavam escaladas Caroline Molinari, Camila Comin, Diego Hypólito e Mosiah Rodrigues. Mas em virtude da guerra no Oriente Médio, o COB decidiu cancelar a viagem, devido à proximidade entre o local de competição e o teatro de conflitos

“Nosso objetivo é classificar toda a equipe para a Olimpíada, por isso todos precisam adquirir experiência internacional. Não adianta mandaramos só a Dani e a Daiane para competições internacionais. Para contornar estre problema, vamos enviar, na semana que vem, este mesmo grupo para competir no Torneio de Kiev, na Ucrânia, onde estarão as principais forças da ginástica mundial”, explicou Eliane Martins.

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