Futebol paranaense sofre “invasão” dos times paulistas

A festa da torcida do Corinthinas, em Curitiba, na semana passada, depois da conquista da Copa Libertadores, pegou muita gente de surpresa. Toda euforia que durou madrugada adentro, com carreata, buzinaço e muita comemoração no centro da cidade, e em vários bairros, é um sinal de que está na hora dos clubes da Capital abrirem os olhos para “salvar o último reduto do genuíno torcedor paranaense”. A mais recente pesquisa sobre torcidas no Paraná foi apresentada em 2008, com 12,5% dos torcedores se dizendo corintianos. O Atlético ficou em segundo lugar com 9,6%, com o Coritiba representado por 7,5% e o Paraná Clube com 3,2%. Os números hoje não são muito diferentes, mas analistas avaliam que eles estão ameaçados.

Segundo o diretor da Pluri Consultoria, Fernando Ferreira, especialista em futebol e negócios, o futebol paranaense está sofrendo uma “invasão” dos times paulistas, reflexo da própria colonização do Estado. “Os clubes precisam fazer algo, porque esta invasão corintiana e de outros clubes paulistas, pela proximidade e influência de São Paulo, já começa a ameaçar Curitiba, que é o último reduto do futebol paranaense”, alertou Fernando.

Outra análise é que o que ocorreu na semana passada nada mais foi do que o retrato fiel do que o futebol paranaense representa no Estado hoje. “O título inédito só tende a aumentar a força do Corinthians. Ainda mais por ainda ter o Mundial Interclubes para disputar em dezembro, no Japão. É a realidade do futebol paranaense. E isso vai aumentar ainda mais. O Corinthians já é a maior torcida, mesmo sem grande exposição da marca, e agora vão vender ainda mais”, lembrou Murilo Hidalgo, diretor da Paraná Pesquisa.
Mas este crescimento não deve ser sentido de imediato. O aumento é algo que só pode ser mensurado a longo prazo, o que exige que os times paranaenses fiquem mais atentos para não serem surpreendidos por uma presença ainda maior de torcedores por times de fora. “As consequências poderão ser medidas ao longo prazo. A repercussão é lenta e, por isso, é que é preciso consolidar a imagem dos clubes paranaenses. Mas não é com campanhas eventuais que isso vai ocorrer”, afirmou coordenador do núcleo de estudos de Futebol e Sociedade, da Universidade Federal do Paraná, Luiz Carlos Ribeiro.

Mais preocupante que a conquista corintiana, é a sequência que o time pode apresentar. Maior clube em evidência no Brasil hoje, se o alvinegro paulista mantiver bons resultados novos torcedores vão surgiu e com potencial grande de consumo de produtos, deixando o mercado do futebol paranaense com menos força. “A conquista por si só não é algo que faz a torcida crescer. Não é assim. O grande problema é a trajetóra, ao longo do tempo, e isso será visto em dez ou vinte anos”, reforçou o analista da Pluri, Fernando Ferreira.