Boleslau Sliviany, o velho Boluca, morreu ontem aos 84 anos de idade e foi enterrado nesta terça (28), às 11 horas, no Cemitério Municipal. O nome de Boluca está ligado ao futebol paranaense por todos os lados.

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Como jogador, como homem de direção e também como jornalista. Como jogador, Boluca começou pelo antigo Poty do Batel passando depois para o Juventus, que também ficava no Batel. Foi talvez o último dos jogadores do clube que ironicamente, apesar do nome, era ligado à colônia polonesa.

Quando o Juventus desapareceu, no começo de 1950, Boluca e mais quatro juventinos (Xixo, Dinho, Paraguaio e Juve) foram para o Clube Atlético Paranaense, pelo qual foi campeão estadual em 1958. Como jogador atleticano, entrou para o folclore a disparar um petardo tão forte que matou um pinheiro que ficava atrás do gol na velha Baixada. Os locutores nunca o deixaram esquecer o chute, pois quando a bola saía por ali eles anunciavam: “E a bola foi parar no pinheiro que o Boluca matou”.

“Só me livrei disso quando foi construída a Arena da Baixa”, me confidenciou com certo alívio há dois anos, quando sentamos para conversar em sua casa no Juvevê sobre as décadas que vivenciou no futebol paranaense. Boluca ainda jogou pelo Palestra Itália, mas garantiu que sua grande chance como jogador apareceu em um convite formulado pelo Botafogo do Rio de Janeiro. “Quando eu cheguei aos 28 anos eu tinha este convite para ir jogar no Botafogo do Rio de Janeiro.

Eu fiquei doido para ir, mas eu tinha me formado em Direito e passei num concurso para ser procurador da União junto ao Conselho Regional de Contabilidade. Era um bom salário e garantia para a minha vida toda. Meus pais disseram que a carreira de futebol tinha acabado e que era hora de eu pensar na vida. Eu não joguei mais nem em clubes amadores. Aquilo foi muito duro para mim”, disse ele entre magoado e agradecido, porque foi como procurador que ele se aposentou.

Boluca trabalhou no jornal Tribuna do Paraná.
Foto: Allan Costa Pinto/Arquivo.

Boluca também atuou nos bastidores do futebol paranaense e numa destas crises da Federação Paranaense de Futebol teve seu nome cogitado para ser o presidente da entidade. “Ainda bem que não deu certo”, disse ele. Mas ele continuou a atuar nos bastidores, como assessor da Federação Paranaense de Futebol e durante 40 anos como colunista da Tribuna do Paraná. “Eu parei de jogar futebol porque eu me formei na faculdade e assumi um cargo na Procuradoria Federal de Autarquia. O meu cargo era procurador autárquico.

Eu fui procurador durante quarenta anos. A minha função era defender os interesses da União. Eu fazia isso em Curitiba no Conselho Regional de Contabilidade do Paraná. Paralelamente, para não ficar afastado do futebol, eu comecei a trabalhar como colunista na Tribuna do Paraná. Eu trabalhei na Tribuna também por 40 anos. Eu fui o segundo profissional do esporte da Tribuna. O primeiro foi o Albanir Amatuzzi. Depois fui eu”, disse ele.

Boluca tinha uma coluna chamada “Sumula”. Como ele era assessor jurídico da Federação Paranaense de Futebol e dava expediente lá, ele tinha facilidade em levantar informações.

Na realidade, o prato de sopa estava na frente dele. Boluca tinha a mania de encontrar um amigo e saudar perguntando: “E aí meu guri?”. É um dos grandes da velha guarda do jornalismo esportivo paranaense. Deve ser assim, com aquele jeito entre emburrado e irreverente que deve estar chegando ao céu e saudando São Pedro, os velhos amigos do Poty, do Juventus e de muitos velhos amigos que já se foram. 

Boluca na antiga redação do jornal Tribuna do Paraná. Foto: Allan Costa Pinto/Arquivo.