A festa promovida pela Chapecoense na vitória por 2 a 1 sobre o Atlético Nacional, na última terça-feira, na Arena Condá, pelo jogo de ida da Recopa Sul-Americana, foi criticada pelo filho do ex-técnico Caio Júnior. Matheus Saroli atacou a diretoria do time catarinense e cobrou que a atenção dos cartolas seja voltada para aqueles que, como ele, são familiares das vítimas fatais do acidente sofrido na Colômbia, no fim do ano passado.

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“Hoje, vou postar sobre um assunto no mínimo inesperado, mas poderia usar outros adjetivos como: triste, absurdo, ridículo, ganancioso, entre outros”, escreveu em sua página no Facebook. “Hoje, o clube é dirigido por pessoas que não têm ligação com as vítimas. A ligação deles é com o marketing, com a expansão, com o retorno, com a captação e blá blá blá.”

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Matheus se indignou com o foco dado pela diretoria à festa na Arena Condá e em toda cidade de Chapecó. Antes e depois da partida, foram produzidos shows de música e de pirotecnia, jogo de luzes, além de todo um aparato extra de marketing, dignos de um espetáculo. Para o filho de Caio Júnior, o momento é de pensar nas famílias das vítimas, e não apenas na reconstrução esportiva do clube.

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“Impressionante o quanto eles estão preocupados com a reconstrução do clube, que continua vivo, mas não em uma construção de uma imagem de todos os guerreiros que doaram a vida pelo clube. Pela construção de famílias sem pais para filhos pequenos e mãe desamparadas, de famílias sem seus filhos e irmãos queridos.”

O luxo da festa também indignou Matheus. “Contratação de diretor artístico, patrocínio em carros de corrida, show pirotécnico, salário em dia para os atletas e comissão da tão importante reconstrução do clube. Minha pergunta é: Será que se o clube tirasse o ano, ou o semestre pelo menos, para dar atenção única e exclusiva às vítimas, teríamos outro cenário? Teríamos outro tipo de atenção da mídia, visando apenas ajudar os que merecem nesse momento? Teríamos o numero de pessoas necessário para ajudar crianças pequenas com tratamento psicológicos e inúmeras outras situações?”, questionou.

O filho de Caio Júnior ainda garantiu que este sentimento não é apenas dele e de sua família, mas também dos familiares de outras vítimas e até de habitantes de Chapecó, ainda consternados com o acidente aéreo que tirou a vida de 71 pessoas em novembro do ano passado, às vésperas da decisão da Copa Sul-Americana contra o mesmo Atlético Nacional.

“Gostaria que hoje as pessoas que lessem este post conseguissem entender o nosso sentimento perante esse acidente raríssimo, que deveria ter sido evitado. Desde o erro na escolha da empresa, até a falta de ações de praxe no meio jurídico como a conferencia da apólice do seguro da empresa de aviação. Isso são detalhes, que não conseguem passar a dimensão do que nós, vítimas, sentimos diante de um acontecimento tão triste e surreal. Amigos e também vitimas do acontecido que se encontram hoje em Chapecó não conseguem passar o dia em paz. Descreveram (a festa) com as seguintes palavras: ‘Desespero total ontem e hoje, o clima tá estranho, parece carnaval'”, relatou.