Testemunha ocular

Figura no Tricolor, João Barbosa volta a viver uma Copa

A Copa do Mundo no Brasil começa hoje, em São Paulo, com o jogo Brasil x Croácia. Distante cerca de quatrocentos quilômetros do estádio, um senhor simpático, bem comunicativo e com a memória em dia, estará relembrando o primeiro mundial realizado no país, em 1950. Este é João Maria Barbosa, 90 anos, atualmente responsável pelo acervo histórico do Paraná Clube.

Diante de jornais, revistas e da inseparável amiga Dilaine, secretária do clube, seu Barbosa ou Barbosinha, como é mais conhecido relembra os bons tempos de centroavante. Natural da Lapa, começou a carreira como atleta do União da Lapa, em 1940. Quatro anos mais tarde, em um amistoso contra a Ferroviária, marcou dois gols e veio jogar em Curitiba, se tornando Campeão Paranaense de 1944. Ainda jogou pelo Água Verde, e em 1951, recebeu o prêmio “Belfort Duarte”, homenagem aos atletas amadores ou profissionais que passassem dez anos sem ser expulso de campo. “Era um outro futebol, bem diferente do que é praticado hoje pelos atletas. Nós jogávamos por amor a camisa e isto era o fundamental”, disse João Maria Barbosa.

Na Copa do Mundo de 1950, Curitiba também foi subsede e na oportunidade os jogos ocorreram no Durival Britto e Silva, e Barbosa esteve nos dois. O primeiro jogo pelo Mundial aconteceu no dia 25 de junho, entre Espanha e Estados Unidos. “Lembro que a curiosidade me levou ao estádio naquele dia, porque na época não tinha a facilidade, como tem hoje, em ter notícias da Europa. Se o Brasil tinha os melhores jogadores e eles o apelido de Fúria, imaginei um grande time”, afirmou Barbosinha.

A Espanha venceu a partida por 3×1, mas teve dificuldades e só chegou à vitória pelo mal preparo físico dos americanos, que não tinham tanto carinho pelo esporte. “Lembro que na seleção dos Estados Unidos tinha só dois jogadores nascidos por lá. O restante era de outros países e bem amador mesmo”, explicou Barbosa.

O público não foi o esperado e na oportunidade, o Governador do Estado do Paraná, Moisés Lupion teve que arcar com o prejuízo. “No primeiro jogo deu nove mil pessoas e na partida entre Suécia e Paraguai, no máximo, sete mil e com os ingressos caros, a renda foi pequena. A FIFA e a Confederação Brasileira de Desportos (atual CBF), exigiram faturamento mínimo de um milhão de cruzeiros para que Curitiba fosse sede da Copa e por isso, o governo paranaense teve prejuízo de trezentos mil cruzeiros”, lembra João Maria Barbosa.

Barbosinha terá nos próximos dias, o gosto de acompanhar mais um Mundial “in loco”. Ele é convidado do canal fechado SporTV para estar na partida entre Espanha e Austrália, na Arena da Baixada, no próximo dia 23. “Hoje em dia todos os times jogam da mesma forma e não será muito diferente. Espero ver uma grande circulação de pessoas e uma grande festa”, concluiu Barbosa.