As obras de infraestrutura urbana e na Arena da Baixada ainda não começaram, mas Curitiba tenta mostrar que não está perdendo tempo na preparação para a Copa do Mundo de 2014. Uma das principais preocupações da Fifa, a segurança pública, já é tratada como prioridade na capital paranaense.

continua após a publicidade

Ontem, com exercício prático na Arena, 31 guardas municipais concluíram o curso de Controle de Distúrbios Civis. Treinado numa parceria da Secretaria Municipal de Defesa Social com o Exército, o grupo passará a atuar em jogos de futebol e eventos de grande porte realizados na cidade.

Segundo o secretário Marcus Vinícius Michelotto, os guardas já estão preparados para agir. “Curitiba mais uma vez sai na frente. Temos condições de dar mais tranquilidade para as pessoas de bem que frequentam estes eventos públicos. A Arena foi uma escolha emblemática para finalizar o curso justamente por que será o palco das partidas da Copa”, afirma.

A atividade no estádio atleticano começou logo pela manhã. Após uma visita de reconhecimento, foi realizada uma simulação de um confronto com torcedores. Entoando gritos de guerra, voluntários do exército atacaram os guardas atirando bexigas com água, como se fossem pedras ou explosivos.

continua após a publicidade

Armas como escudos, cacetetes, gás de pimenta e espingardas calibre 12 com munição não letal foram usados para dispersar o “tumulto”. Também houve treinamento com cães.

Inicialmente, o grupo que participou do treinamento atuará apenas em espaços públicos, como parques, praças, terminais e estações-tubo. Mas pode ser acionado em caso de brigas ou distúrbios.

continua após a publicidade

“Cada ação depende do tipo de transtorno. Por isso, é importante que estes guardas estejam bem treinados e já preparados para lidar com situações extremas, onde os cidadãos ordeiros precisam de proteção”, explica o major Edmar Cordeiro, comandante da Polícia do Exército. Em novembro, outro grupo de guardas fará um treinamento com motocicletas, também voltado para atuação nos entornos dos estádios em dias de jogos.

Capital terá ações antiterrorismo


Lessa Felipe

A fragilidade no controle de acesso pela tríplice fronteira Brasil-Paraguai-Argentina e o risco nas zonas portuárias pode colocar Curitiba na rota do terrorismo durante a Copa 2014. Por isso, diversas medidas estão sendo articuladas para impedir que a vida de pessoas seja posta em risco por atos de radicalismo.

Um dos responsáveis pelo monitoramento dessas situações é o secretário de Defesa Social, Marcus Michelotto. Com o currículo de três anos como delegado titular do COPE (Centro de Operações Policiais Especiais da Polícia Civil) ele não descarta que terroristas possam buscar abrigo na capital paranaense. “Com o crime organizado, talvez”, avalia.

Para evitar qualquer deslize, Michelotto afirma que é primordial a evolução tecnológica na segurança pública paranaense. “Se não tivermos conhecimento sobre o terrorismo, Curitiba pode ficar vulnerável”, explica, afirmando que cursos de treinamento chegarão a ser realizados em Tel Aviv, em Israel. Um dos grandes triunfos será o investimento em vídeo-monitoramento. “Serão utilizados softwares analíticos e também de biometria facial”, explicou Michelotto.

Torcedores mais vigiados

Lessa Felipe

Em função da Copa do Mundo, torcedores de Atlético, Coritiba e Paraná passarão a conviver com ações preventivas de segurança que antes só eram vistas fora do País. Algumas delas, já estão sendo aplicadas, como a proi,bição de veículos nas imediações dos estádios.

“A criação de corredores de emergência é uma necessidade para o atendimento de eventos dessa natureza. Outros estados também estão adotando essa situação”, explicou o Major Arildo Luís Dias, chefe de planejamento do 1.º comando regional da Polícia Militar.

Embora na Copa seja permitida a venda de cerveja nos estádios, torcedor embriagado não poderá passar de uma área de entorno delimitada pela Polícia Militar. Isso já é colocado em prática nos jogos dos times da capital.

Além do confisco de bebidas populares no futebol, como o tubão mistura de cachaça e refrigerante em garrafa pet -, também está sendo barrada passagem da turma dos sem ingresso.

A intenção é acostumar a população com o sistema a ser adotado nos jogos da Copa. Por isso, o major Arildo deixa claro: “Não queremos atrapalhar a vida do morador, mas sim criar um local seguro onde o morador não seja perturbado, agredido ou tenha seu imóvel depredado”.

Munição

Na Guarda Municipal, uma novidade é o equipamento que deverá ser utilizado a partir de novembro em dia de jogo. Até o momento, 30 espingardas calibre 12 foram adquiridas e 50 guardas concluíram curso de capacitação para empunhar as armas não letais na hora do patrulhamento.

“A intenção é utilizá-las em conflitos e distúrbios. Sem um equipamento como esse, os próprios guardas viram alvo”, explica o secretário de Defesa Social de Curitiba, Marcus Vinícius Michelotto.

Integração entre subsedes

Lessa Felipe

Uma das medidas realizadas para manter a ordem em Curitiba durante a Copa do Mundo 2014 será a criação de um Centro de Comando e Controle Integrado. Todas as subsedes irão contar com bases idênticas e a montagem dessas estruturas ainda é tema de debate para polícias estaduais e federais.

O papel dos centros se concentrará nas questões que envolvam a Copa do Mundo, como segurança nos estádios, hotéis e locais de treinamento. Essas unidades não cuidarão da violência urbana, que continuará sendo tarefa dos sistemas de segurança já existentes. Os centros de comando da Copa estarão ligados aos serviços policiais de rotinas pelo serviço 190.