O presidente da Fifa, Joseph Blatter, prometeu nesta sexta-feira que vai liberar os documentos do escândalo da ISL em dezembro. O dossiê, segundo a imprensa inglesa, pode comprometer Ricardo Teixeira, presidente da CBF e do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo de 2014.

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Blatter explicou que o caso será reaberto e exposto ao público, em Tóquio, após análise de uma comissão independente. A decisão, anunciada em meio à reunião anual do Comitê Executivo da Fifa, em Zurique, faz parte da reforma que o presidente pretende realizar durante seu novo mandato, depois das seguidas denúncias de corrupção envolvendo o nome da entidade nos últimos meses.

“Este é um assunto que tem sido levantado pelas federações e pelos membros da Fifa. Então, o Comitê Executivo decidiu reabrir o caso. Vamos entregá-lo a uma organização independente, que vai se aprofundar na análise dos arquivos e apresentá-los a nós. Isto é tudo o que posso falar sobre este famoso caso da ISL”, declarou Blatter.

Agência de marketing que anunciou falência em 2001, a ISL se envolveu no pagamento de mais de US$ 100 milhões em propinas à Fifa, por meio da criação de empresas fantasmas por parte de membros do Comitê Executivo da entidade, entre agosto de 1992 e novembro de 1997. Em troca, a ISL obtinha lucrativos contratos de patrocínio e de direitos de televisão com a Fifa.

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A denúncia foi confirmada por um tribunal suíço em 2010. A Justiça local determinou a devolução de parte do dinheiro e encerrou o caso sem citar o nome dos membros da Fifa envolvidos no escândalo. Os nomes dos acusados, contudo, foram revelados pela BBC e pelo jornal suíço Tages-Anzeiger em novembro do ano passado.

Entre os citados está Ricardo Teixeira, que teria recebido pagamentos da ISL em uma conta secreta em Liechteinstein no valor de US$ 9,5 milhões. As remessas seriam feitas com valores de US$ 250 mil cada, em 21 parcelas em uma empresa fantasma registrada num paraíso fiscal.

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Em um documento obtido pela BBC, 175 pagamentos de propinas são descritos pela ISL aos membros da Fifa. Parte delas iriam para o que a emissora chamou de “o homem encarregado da próxima Copa do Mundo, no Brasil em 2014. Ele é Ricardo Teixeira”.

A empresa que teria recebido as propinas, citada pela BBC, é a Sanud, com base no principado de Liechtenstein e um dos principais paraísos fiscais do mundo, a apenas alguns quilômetros da sede da Fifa em Zurique. A emissora descobriu que se trata da mesma companhia que a CPI do Futebol no Brasil já havia indicado como tendo participação de Ricardo Teixeira.

Também foram citados pela BBC o paraguaio Nicolas Leoz, presidente da Conmebol, e Issa Hayatou, presidente da Confederação de Futebol da África (CAF). Membros do Comitê Executivo da Fifa, os três acusados negaram envolvimento com o caso.