Fifa minimiza casos de discriminação ocorridos na Copa

A promessa do governo e da Fifa era de que a Copa seria usada para mandar uma forte mensagem contra o racismo, discriminação e xenofobia. Mas o que tem marcado o Mundial tem sido um esforço sem precedentes da entidade para abafar casos. A Copa caminha para seu final com vários incidentes de racismo e xenofobia. Mas nenhuma punição.

Joseph Blatter, presidente da Fifa, havia prometido até tirar pontos de seleções se casos de discriminação fossem identificados por parte de jogadores ou torcedores. Mas Claudio Sulzer, presidente da Comissão de Disciplina da Fifa, insistiu que os casos foram apenas “pontuais e isolados”.

Pelos menos três casos de discriminação por parte de torcidas foram identificados oficialmente. Mas todos foram abafados e ninguém foi condenado. Um deles era um grito da torcida mexicana com conteúdo homofóbico.

“Abrimos investigações contra o México. As palavras foram pouco adequadas. Mas não era direcionada a um jogador. Não era para insultar um jogador. Decidimos que não poderíamos punir uma associação”, disse.

Em outro caso, bandeiras com mensagens de extrema direita foram identificadas em croata na Copa num jogo da Croácia. Mas a Fifa se recusou a aplicar sanções. “Não sabemos como entraram no estádio e qualquer um poderia ter colocado. Não era justo aplicar uma sanção contra a Associação de Futebol da Croácia e era um caso isolado”, disse Sulzer.

Antes da Copa, em março, ONGs indicaram que a Fifa precisaria reforçar sua vigilância. Houve uma proposta para que, durante a Copa, delegados fossem colocados nos estádios para monitorar casos de discriminação por parte da torcida. Mas a ideia foi rejeitada pela Fifa.

Jeff Webb, presidente da Concacaf e um dos líderes do movimento de combate ao racismo no futebol, atacou a passividade da Fifa. “Não há motivo para que não tenhamos delegados fazendo um trabalho de relatar casos nos jogos”, criticou. “Há uma desconexão entre o discurso e a execução”, disse. “É lamentável”, completou.

O ex-lateral-direito Cafu, ex-capitão da seleção que levantou o troféu da Copa do Mundo de 2002, também pediu “maiores punições”. “Vamos tomar as sanções mais severas”, pediu.