Fifa distribui bônus de US$ 200 milhões às federações

A Fifa anunciou na manhã desta quarta-feira a distribuição de US$ 200 milhões em bônus às federações nacionais, como resultado da renda recorde da Copa do Mundo de 2014 no Brasil. “Nunca estivemos tão ricos e tão fortes como agora”, declarou Joseph Blatter, presidente da Fifa. Os dados foram anunciados nesta quarta-feira no Congresso da entidade, que ocorre em São Paulo.

Cada federação nacional receberá US$ 700 mil e as confederações sairão de São Paulo com mais US$ 7 milhões. O anúncio foi seguido por efusivos aplausos por parte das delegações. O valor seria suficiente para construir um estádio da Copa e representa metade de todo o dinheiro que a Fifa não teve de pagar em impostos no Brasil por conta da Copa.

O anúncio é feito no mesmo dia em que Blatter pedirá o apoio das federações para mais um ano no comando da Fifa, cujas próximas eleições estão marcadas para 2015.

Segundo os dados financeiros da Fifa, a entidade viu sua renda se multiplicar por 20 em 20 anos. Em 1995, a receita da Fifa era de apenas US$ 257 milhões. Para o período entre 2015 e 2018, a previsão é de um ingresso de mais de US$ 5 bilhões. “Isso é o resultado da exploração comercial do futebol”, indicou a entidade.

No total, a Fifa fechou 2013 com ativos de US$ 3,1 bilhões e as receitas foram de US$ 1,3 bilhão. “Neste ano, tivemos um superávit de US$ 72 milhões e um fundo de garantia de US$ 1,4 bilhão. Isso nos deixa em uma posição segura para zelar pela Copa”, declarou Julio Grondona, vice-presidente da entidade.

A transformação financeira da Fifa é significativa. Em 2002, a entidade tinha um déficit de US$ 11 milhões. Agora, a reserva chega a US$ 1,4 bilhão.

CAMPANHA – Blatter, porém, não esconde que usa o Congresso para lançar sua candidatura para a reeleição em 2015. Em uma resposta aos ataques dos quais tem sido alvo, ele exaltou seu trabalho no comando, pediu unidade e chega ao ponto de falar na expansão do futebol “para outros planetas”.

“Temos de estar orgulhosos diante do impacto do jogo no mundo”, disse Blatter. “O futebol é um negocio multibilionário. Mas também cria controvérsias e algumas dificuldades”, afirmou. “Devemos nos perguntar se o futebol um dia vai ser jogado em outro planeta”, declarou Blatter. “Neste dia, não teremos uma Copa do Mundo. Mas

uma Copa interplanetária”, afirmou.

“O futebol é uma história de sucesso. Agora temos de levar o futebol a uma nova era”, disse. “Nunca fomos tão ricos, nunca fomos tão fortes. Mas, com o sucesso, vem a pressão da imprensa e política. Precisamos administrar o sucesso de forma correta”, afirmou. “Temos de decidir se queremos ser uma força coletiva ou atender a interesses pessoais. Precisamos de uma liderança estável para conduzir Fifa. Vamos ir adiante juntos”, pediu Blatter.

Criticado por muitos por ter se agarrado no poder e diante de um comportamento pouco democrático, Blatter sofre uma verdadeira rebelião por parte das federações europeias. A Uefa quer o fim de seu “reinado” e impedir que o suíço continue no cargo que ele ocupa desde 1998.

Mas Blatter fez questão nesta quarta-feira de contra-atacar e insistir que sua gestão é “exemplar”. “É nosso dever liderar pelo exemplo, pela integridade. Temos de ser justos dentro e fora de campo. Mas é mais fácil ser justo dentro de campo, onde há um árbitro, fronteiras e um tempo determinado. Fora de campo, não existe fronteiras, nem tempo e nem juiz”, afirmou.

Blatter, que ainda nesta quarta-feira se lança como candidato para mais um mandato na Fifa, ainda pediu unidade das 209 federações. “Temos de construir pontes, e não destruir casas”, afirmou.