Ao final da primeira semana de testes coletivos da F1 em 2008, encerrada ontem em Jerez de La Frontera, já é possível fazer alguns prognósticos para a temporada que começa no dia 16 de março em Melbourne.
Bem prematuros, é verdade, afinal foram apenas três dias de treinos numa pista que não faz parte do calendário. Mas deu para ver que: 1) Alonso volta à Renault com força; 2) a Ferrari apresentou velocidade e consistência; 3) a McLaren, por enquanto, tem sido bem discreta.
O espanhol fez dois dias de testes e fechou a semana com o melhor tempo: 1min19s503, na terça-feira. A Renault ainda está andando com o carro do ano passado, já que o novo deve ir para a pista na semana que vem – a apresentação está marcada para o dia 31 em Paris. ?Ninguém deve dar muita importância a isso?, falou o bicampeão, que voltou ao time pelo qual conquistou os dois títulos.
Para Alonso, o importante, neste momento, é se readaptar à equipe e aprender a guiar sem controle de tração, dispositivo proibido a partir desta temporada. ?Posso dizer, por enquanto, que estou muito feliz. Passei seis anos aqui e é bom voltar a um lugar onde se conhece todo mundo e onde se come bem?, brincou, já que a culinária parecia não ser o forte da britânica McLaren.
Fernando ficou 86 dias sem pilotar, já que não participou de nenhum treino em novembro e dezembro. Gostou do R27, que fracassou nas mãos de Fisichella e Kovalainen no ano passado. ?Não é um carro ruim. É bem melhor do que eu esperava, para dizer a verdade. Talvez desse para ganhar uma ou outra corrida em 2007?, falou. Alonso voltou a usar um capacete com as cores da espanha e, na parte de trás, mandou pintar dois ases representando as taças de 2005 e 2006. ?Gosto de jogar baralho?, explicou.
Nas duas favoritas, Ferrari e McLaren, o trabalho foi intenso. Em três dias, os carros vermelhos completaram 449 voltas. Raikkonen foi o mais rápido na segunda-feira. Os prateados fecharam a sessão com 495 voltas completadas. Em nenhum dia seus pilotos pontearam a tabela de tempos. Ontem, Timo Glock, da Toyota, foi o mais rápido.
Os testes serão retomados na semana que vem em Valência, também na Espanha. Das 11 equipes que disputam o mundial, só a Honda e a BMW Sauber não estiveram em Jerez.
Mudança no estilo de pilotar
O fim do controle de tração, dispositivo eletrônico que, dosando a potência, impedia as rodas de patinarem nas retomadas de aceleração, vai mudar o estilo de guiar dos pilotos da F1. Essa é a opinião dos que andaram nesta semana em Jerez, em três dias de testes que apresentaram um festival de rodadas e saídas de pista.
?Nas curvas de segunda e terceira marcha, tem de ser menos agressivo. Se não for assim, roda?, disse Felipe Massa, da Ferrari. ?No passado recente, a eletrônica fazia tudo para a gente. Vai ser preciso tomar cuidado no acelerador.?
Quem sentiu alguma dificuldade foi Lewis Hamilton, vice-campeão de 2007. Ontem, foi parar na caixa de brita duas vezes. ?O problema não é só a falta do controle de tração, mas também a redução do freio-motor?, explicou. Sem o componente eletrônico, a ação do motor nas freadas foi igualmente reduzida. ?Vamos ter de mudar um pouco o estilo?, falou o inglês, com ar preocupado.