São Paulo – O dia amanheceu ontem exatamente como a Ferrari e Felipe Massa temiam: nublado, com temperaturas baixas e garoando. Para um carro que tem problemas crônicos de aquecimento de pneus, uma tragédia – até porque a previsão para hoje e amanhã, quando se decide o Mundial de F1 em Interlagos, é de que nada será muito diferente.

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Mas ao final das três horas de treinos que abriram o GP do Brasil, o que mais se via nos boxes ferraristas eram sorrisos. Porque o frio e a garoa, que não chegou a molhar a pista, não afetaram o desempenho do time. Ao contrário. Massa andou bem, fez o melhor tempo na primeira sessão livre e ficou em segundo na prática da tarde.

E para aumentar ainda mais o otimismo dos italianos, seu rival na luta pelo título, Lewis Hamilton, fechou a sessão vespertina apenas na nona posição, cerca de meio segundo atrás do brasileiro.

“O asfalto daqui é muito aderente e no fim das contas a temperatura não foi um problema”, disse Massa aliviado. Ele só foi superado no cronômetro por Fernando Alonso, da ascendente Renault, que fechou a sexta-feira com 1min12s296, 0s057 melhor que Felipe.

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O espanhol, no entanto, não preocupa. Ao contrário, pode se tornar um aliado de Massa, porque já declarou abertamente que tudo que não quer ver é a McLaren, sua ex-equipe, campeã.

Qualquer carro que se coloque entre a Ferrari número 2 e o McLaren de Lewis é bem-vindo para Felipe, que será campeão se vencer a corrida de amanhã e o inglês terminar de sexto para trás. Ou se chegar em segundo e Hamilton em oitavo. Um quinto lugar dá o título ao piloto britânico, vice-campeão no ano passado.

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“Meus planos aqui são muito simples”, continuou Massa. “Preciso ficar na frente de todos no sábado e no domingo. Só depois disso é que vou fazer contas. Correr aqui, no meu país e diante da minha torcida, é algo muito especial. Eu nem sei como descrever o que sinto.” Em 2006, Felipe venceu a prova de Interlagos e, na última temporada, chegou em segundo, ajudando seu companheiro Kimi Raikkonen a conquistar o título.

Hamilton minimizou o resultado de ontem garantindo que depois de fazer um bom tempo pela manhã, dedicou o treino da tarde apenas a estabelecer um bom ritmo de corrida, andando com o tanque mais cheio e o carro mais pesado.

“A gente começou bem no primeiro treino, sendo rápido de cara. Por isso pudemos nos concentrar na prova à tarde”, justificou. “Sabemos onde podemos nos classificar no sábado e também o que precisamos fazer para somar os pontos que nos darão o título”, emendou Norbert Haug, diretor da Mercedes.

Os carros voltam à pista das 11h às 12h para mais um treino livre e, a partir das 14h, definem as posições de largada para a corrida de amanhã. O GP do Brasil, com 71 voltas, começa às 15h.

A prova consagrará um campeão pela quarta vez consecutiva. Se Massa levar a taça, será o primeiro título de um brasileiro desde o tri de Senna, em 1991. Hamilton, por sua vez, pode se tornar o mais jovem campeão de todos os tempos, aos 23 anos de idade.

Homenagem a Ingo Hoffmann

Quando Rubens Barrichello deixou os boxes da Honda ontem pela manhã, muita gente estranhou. Afinal, o tradicional capacete branco com detalhes em vermelho e azul não era o que aparecia dentro do cockpit.

Em seu lugar, um “casco” vermelho, quase laranja, e amarelo. Foi a forma que o piloto brasileiro escolheu para homenagear Ingo Hoffmann, o maior piloto de turismo do país, 12 vezes campeão de Stock Car e que no final deste ano se aposenta da categoria nacional.

“Foi ele que me deu o primeiro capacete”, contou Rubens. Ele tinha sete anos e Ingo ocupava uma oficina ao lado da loja de materiais de construção da família Barrichello, perto de Interlagos.

Hoffmann acompanhou os treinos de dentro dos boxes da Honda e não escondia a alegria pela homenagem. Piloto da Copersucar na F1, nos anos 70, adorou “se ver” no cockpit de um F-1 moderno.

“Quando voltei ao Brasil para retomar minha carreira dei aquele capacete ao filho do Rubão, ninguém ,imaginava que ele iria chegar onde chegou, e que eu receberia uma homenagem tão bonita”, disse, emocionado.

Na pista, Barrichello ficou apenas em 16.º no treino da tarde, dentro das possibilidades do carro da Honda, que só não é pior que os da Force India. Ele continua se recusando a aceitar que a prova de domingo é a última de sua longa carreira na F1, porque ainda tem esperança de correr na Toro Rosso, ou de ficar na própria Honda.

Sua situação, no entanto, é dramática. O time japonês vai testar Bruno Senna e Lucas di Grassi em Barcelona, de 17 a 19 deste mês. Já a Toro tem uma vaga que só será preenchida por algum piloto que levar uma boa grana, e o próprio Bruno pode ser esse nome, já que tem patrocinadores fortes desde a época da F-3 Inglesa.