A diretoria do Atlético desmentiu ontem a informação da imprensa gaúcha, de que a equipe para as últimas quatro rodadas do campeonato brasileiro seria formada apenas por juniores para antecipar as férias e a pré-temporada do time principal. De acordo com a Rádio Gaúcha, a possibilidade de o Rubro-Negro entrar em campo com jogadores das categorias de base nos próximos jogos prejudicaria o Grêmio, que está na lanterna da competição e disputa a permanência na Série A com alguns dos adversários do Furacão. A notícia caiu como uma bomba em Porto Alegre e gerou muitos protestos dos gremistas.
No entanto, a informação foi totalmente contestada pelo diretor-técnico Antônio Carlos Gomes. Através da assessoria de imprensa do clube, ele disse que o Atlético ainda tem chances de conquistar uma vaga na Copa Sul-Americana e vai disputar os próximos jogos com força máxima. De acordo com o dirigente, os jogadores que fazem parte do elenco de juniores nem estão inscritos para o Brasileirão. Além disso, a programação do clube para 2004 já está preparada e prevê férias para todos os atletas no período de 15 de dezembro até 5 de janeiro.
Revolta gaúcha
A polêmica “teoria conspiratória” do Atlético foi levantada no programa mais ouvido do rádio gaúcho. Veiculado diariamente na Rádio Gaúcha há 32 anos, o “Sala de Redação” tem a maior audiência do estado e reúne os principais nomes da imprensa local, além de notórios torcedores de Grêmio e Internacional. Dessa mistura entre opinião e torcida firmou-se um estilo de programa e formou-se uma tradição estadual – o programa é retransmitido por quase 150 emissoras.
A informação de que o Atlético estaria antecipando as férias de seu elenco foi passada pelo jornalista Adroaldo Guerra Filho, editor de esportes do jornal Diário Gaúcho. Amigo próximo de Mário Sérgio desde os tempos em que o treinador era o camisa 11 do Inter, ?Guerrinha? garantiu que a diretoria rubro-negra daria férias aos jogadores, colocando apenas juniores nas últimas quatro rodadas do brasileiro. “É uma posição da presidência do clube, e o Mário é contra”, disse ele.
Insurgiu-se então o ex-presidente do Grêmio Luís Carlos Silveira Martins, que também é colunista do Diário Gaúcho. “Isso é um crime. O Grêmio tem que tomar todas as ações políticas possíveis”, atirou.
Em conversa com a Tribuna, Adroaldo Guerra Filho disse que Mário Sérgio lhe explicou a situação atleticana há cerca de vinte dias. “Ele me disse que isso seria inevitável. Até porque é uma ordem do presidente do clube e, mesmo sendo contrário, ele é comandado”, afirmou o jornalista, que considera a posição do clube correta. “Tem gente dizendo que não se pode antecipar as férias. É claro que pode. O Atlético está certo.”
Ígor recebe alta hoje e admite que o lance foi acidental
O zagueiro Diego Lugano, do São Paulo, ligou ontem (por volta das 15h25) para Ígor e pediu desculpas pela cotovelada desferida no também zagueiro do Atlético, na partida de domingo entre as equipes.
Um pedido prontamente aceito pelo atleticano, que analisou as imagens do lance pela televisão e isentou o jogador uruguaio de qualquer culpa pelo lance. Hoje, o atleta deve receber alta, mas sua volta aos treinamentos deve ficar para a próxima semana.
Após ser atingido na partida de domingo, o jogador sangrou muito e foi encaminhado para o Hospital Vita. No final da tarde de ontem, ele voltou a ser avaliado por um oftalmologista e por um cirurgião de face e foi constatado uma fratura no assoalho do olho esquerdo. Hoje, por volta de 12h, ele será novamente analisado para saber se poderá conseguir alta ou não. De acordo com as informações passadas pelo departamento médico do clube, ainda não é possível saber se será necessário uma intervenção cirúrgica ou não.
Bem disposto e feliz pela grande vitória diante do tricolor paulista, ele recebeu a reportagem no quarto do hospital. Acompanhado da esposa e da sogra, Ígor inocentou o colega de profissão. “Não foi intencional mesmo. Ele veio de encontro do Diego e acabou sobrando para mim, que estava atrás. Se ele estivesse com intenção de machucar alguém, teria machucado o Diego”, apontou o jogador.
Mostrando companheirismo, o zagueiro rubro-negro aceitou prontamente o pedido de desculpas do uruguaio. “Eu atendi a ligação e deixei ele tranquilo para continuar trabalhando sem rancor e sem nenhum sentimento de culpa”, destacou. A intermediação foi feita pelo lateral-esquerdo Fabiano, amigo em comum, que colocou os dois em contato direto e ainda serviu de intérprete para algumas falas do uruguaio, que se enrola com o espanhol e com o português para se expressar no Brasil.
Inocência
Por outro lado, o técnico Mário Sérgio voltou a se manifestar sobre o uruguaio Diego Lugano e retificou tudo o que disse sobre o zagueiro do São Paulo. De cabeça quente, o treinador chegou a chamar o jogador de “covarde” e “vagabundo” pela cotovelada, mas analisando as imagens pela tevê voltou atrás e pediu desculpas. “Exagerei nas acusações e só depois de ver as imagens na televisão vi que foi uma fatalidade do futebol”, disse. Para Mário Sérgio, suas palavras (ele chegou a pedir a extradição do uruguaio) foram fortes demais. “Peço desculpas mesmo pelas coisas pesadas que disse”, ratificou. “Se eu tiver oportunidade falarei com ele, já que foi uma coisa muito forte que eu disse”, finalizou.
Dagoberto pode desfalcar seleção
O atacante Dagoberto, do Atlético, se apresentou ontem à seleção sub-20, mas pode acabar retornando para o CT do Caju para tratar da lesão no tornozelo esquerdo. O corte foi sugerido pelo departamento médico do próprio Rubro-Negro, que prevê um afastamento dos gramados do jogador por até 15 dias. Hoje, o clube deverá ser informado se o atleta será mantido ou não na delegação brasileira que vai disputar o mundial da categoria nos Emirados Árabes Unidos, a partir do dia 27.
De acordo com o chefe do departamento médico do Furacão, Edílson Thiele, Dagoberto é uma “jóia rara” e não pode ficar exposto a um esforço que possa prejudicar seu futuro. “O Atlético orientou para ele ficar no clube para se tratar. Não estamos querendo manter ele aqui para usá-lo no campeonato brasileiro”, disse.
De acordo com Thiele, a recuperação total deve levar entre 10 e 15 dias. “Ele pode até jogar antes, mas pode voltar a sentir”, apontou o médico, que encaminhou um exame de ressonância magnética para os médicos da seleção fazerem sua própria avaliação. A idéia é recuperar totalmente o jogador e evitar que ele continue sentindo a contusão, que já está se tornando crônica.
Após a vitória sobre o São Paulo, o elenco atleticano volta a trabalhar hoje no CT do Caju. O próximo compromisso será o Bahia, apenas no dia 23, mas nenhum trabalho especial, nem intertemporada, está programado.