O Coritiba teve um reencontro perfeito com a torcida. Adotando o Pinheirão como ?casa?, o time rendeu, conseguiu a classificação para as oitavas-de-final da Copa do Brasil (para enfrentar o Treze da Paraíba) e reconciliou-se com o público, que andava meio ressabiado.
Mas, apesar de toda euforia, os jogadores terão que retomar a rotina do campeonato paranaense, jogando em Maringá as duas últimas partidas da primeira fase, contra Rio Branco (domingo, às 16h) e Paraná (na quarta), no Willie Davids. E o objetivo alviverde é fazer com que o espírito curitibano chegue ao Norte.
?Foi tudo muito legal, a gente jogou bem, a torcida apoiou e nós conseguimos a vitória e a classificação?, resume o meia Rodrigo Batatinha, um dos destaques da partida de quarta. A presença de mais de seis mil pessoas no Pinheirão motivou o time, que respondeu com a boa atuação. ?Aqui a gente pôde mostrar o que é o Coritiba. É assim que a gente vem jogando nos últimos anos, e é desta maneira que precisamos sempre atuar?, completa o goleiro Fernando, que queria inclusive fazer, logo após a vitória sobre o Náutico, um agradecimento público para a torcida.
Todos reconhecem que a presença dos torcedores foi decisiva. ?Eles nos empurraram, e nós não deixamos de lutar um minuto sequer?, comenta o lateral-esquerdo Rubens Júnior, que marcou na quarta seu primeiro gol nesta volta ao Coxa. ?Não é querer dar desculpa, mas em Maringá a gente não tem esse calor humano?, confessa Fernando. ?É muito bom poder contar com esse impulso que vem da arquibancada?, concorda o técnico Antônio Lopes, que estava satisfeito com o rendimento da equipe. ?Nós tivemos alguns problemas, mas no geral atuamos bem, fazendo o que sempre devemos fazer: lutando, disputando sempre, marcando e também jogando?, avalia o Delegado.
Agora, o Cori retorna a seu ?exílio? em Maringá – a viagem para a Cidade Canção está marcada para sábado, com o grupo ficando lá até quinta, após enfrentar Rio Branco e Paraná e encerrar sua participação na primeira fase. ?Sendo sincero, temos que pensar que vamos jogar estas duas partidas e voltar. Esta é a maior motivação que vamos ter?, reconhece Fernando. ?Vamos continuar jogando como fizemos contra o Náutico. Esta é a nossa receita?, afirma o volante Márcio Egídio.
Até porque, já lembrou o técnico Antônio Lopes, o Coritiba ainda tem o objetivo de ser o melhor time da primeira fase, o que garante a vantagem na seqüência do paranaense. ?Por isso precisamos manter este ritmo, buscando os resultados sempre?, finaliza o treinador coxa.
Capixaba se firma como referência
O gol marcado contra o Náutico serviu para a torcida do Coritiba voltar a aplaudir o jogador mais regular do clube nas últimas temporadas. Luís Carlos Capixaba continua sendo o dínamo alviverde, sem reclamar de contusões, de treinamentos ou do excesso de jogos. E cada vez mais se reconhece – dentro e fora do Coxa – a importância dele nos bons momentos da equipe.
Desde que chegou ao Alto da Glória, em janeiro de 2004, Capixaba marcou sua trajetória pela discrição. Ele não concede muitas entrevistas, não é dos jogadores mais badalados (ano passado, eram Luís Mário, Tuta e Aristizábal; este ano, Marquinhos), e também não aparece muito para a torcida. Mas ele é o ponto de equilíbrio do Cori – quando ele vai bem, o time também vai.
Quarta, o armador foi beneficiado pelo esquema de Antônio Lopes, que deixou-o mais centralizado enquanto Rodrigo Batatinha e Marquinhos jogavam mais perto das laterais. Bem ao seu estilo, Luís Carlos Capixaba prefere dizer que o time jogou bem, e não só ele. ?Isto acontece porque a equipe está entrosada, e nós do meio-campo pudemos fazer a nossa parte?, afirma.
Contra o Timbu, Capixaba marcou, criou e no momento decisivo fez o gol da classificação. Um gol de pura técnica – dribles, velocidade e o arremate consciente, sem chances para o goleiro pernambucano Nílson. ?Eu fico satisfeito ao marcar, mas o mais importante é vencer e ajudar a classificar o Coritiba?, garante o armador, que completou 32 anos na segunda-feira – e teve o reconhecimento e o carinho da torcida como maiores presentes.
Marcel e Luís Mário estão na mira
Apesar da boa vitória e da classificação, o Coritiba demonstrou mais uma vez carências na equipe, principalmente no ataque. Por isso, a diretoria alviverde segue se movimentando, mesmo que possíveis reforços não possam ser utilizados no campeonato paranaense – as inscrições foram encerradas na semana passada. E a intenção é, realmente, trazer jogadores conhecidos para o brasileiro e até para as fases seguintes da Copa do Brasil.
Dois nomes que foram ventilados nos últimos dias foram os de Marcel, que está na Acadêmica de Coimbra, e de Luís Mário, que está no Vitória de Guimarães – ambas equipes da primeira divisão do futebol português. Os ex-jogadores alviverdes já manifestaram o desejo de voltar ao clube, caso seja possível um acerto financeiro.
Em tese, o ?Papa-léguas? teria um retorno mais facilitado, já que seu vínculo encerra no final da temporada européia. Marcel, em contrapartida, foi recentemente contratado pelo time de Coimbra, e com isso seria mais complicada uma possível negociação.