São Paulo – Foi a decisão de campeonato mais emocionante de todos os tempos. Não porque apenas um ponto separou o campeão, Lewis Hamilton, do vice, Felipe Massa. I
sso já tinha acontecido antes. No ano passado mesmo, também em Interlagos. É que o título só foi definido, para valer, na última curva da última volta da última corrida da temporada.
Quando Massa já tinha recebido a bandeirada em primeiro. Quando a torcida, mais de 76 mil pessoas que encheram as arquibancadas do autódromo paulistano, já comemorava.
Afinal, duas voltas antes Hamilton perdera para Sebastian Vettel a posição que lhe daria a taça, o quinto lugar da conta do chá que ele sustentou durante toda a prova.
Mas faltavam alguns metros. Uma curva. E na última curva Hamilton encontrou pela frente um piloto, Timo Glock, que mal conseguia se manter na pista.
Isso porque a sete voltas do final do GP do Brasil a chuva, que caíra no momento da largada e foi embora, voltou com força.
E todos os pilotos, menos Glock e seu companheiro Jarno Trulli, colocaram pneus para piso molhado.
O alemão não conseguiu segurar Hamilton. Que fez a ultrapassagem na Junção e apontou na Subida do Café já como campeão, de novo em quinto lugar, enquanto nos boxes da Ferrari a família de Massa e muitos convidados festejavam o título que, àquela altura, parecia ser uma certeza.
Felipe, porém, não se iludiu no cockpit. Ao receber a quadriculada em primeiro, seu engenheiro avisou pelo rádio que ainda faltava Lewis.
A Ferrari e a McLaren sabiam que havia uma chance de o inglês reverter o quadro que parecia definitivo quando Vettel passou o britânico. Foi o que acabou acontecendo.
Hamilton, aos 23 anos, 10 meses e 26 dias de idade, tornou-se o mais jovem campeão de todos os tempos, superando a marca estabelecida por Fernando Alonso em 2005, quando conquistou seu primeiro título aos 24 anos. Ganhou o mundial com uma vitória a menos que Massa, 5 a 6.
“Mas ele mereceu, porque quem faz mais pontos sempre merece”, concedeu o brasileiro, depois de derramar algumas lágrimas ainda de capacete, dentro do cockpit.
Felipe mereceu aplausos quando subiu ao pódio com os olhos vermelhos e batendo no peito. “Foi um dia especial”, disse Massa. “Sei ganhar e sei perder. Tudo que aconteceu neste fim de semana em Interlagos foi muito emocionante. Aprendi muito. Deus sabe o que faz. Fica um gostinho amargo porque foi por muito pouco. Mas saio daqui de cabeça erguida e orgulhoso pelo que fizemos neste ano.”