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Fãs femininas crescem e devem ajudar a elevar audiência do Super Bowl

A consolidação de uma dinastia ou a coroação de uma renovada força na liga de futebol americano dos Estados Unidos? Quando New England Patriots e Los Angeles Rams começarem a decisão do Super Bowl 53, no moderno Mercedes-Benz Stadium, em Atlanta, às 21h30 (de Brasília), diversas histórias e recordes estarão em jogo. Atletas desconhecidos podem ganhar um lugar no olimpo da modalidade e grandes estrelas podem ter seus nomes enterrados. Apesar disso, outro grande motivo será responsável por marcar a temporada que acaba hoje: o protagonismo feminino na NFL.

Dois fatos históricos ajudaram a pavimentar a participação feminina em um esporte ainda muito voltado para os homens. No dia 27 setembro, a Amazon inovou em seu serviço de streaming ao fazer a primeira transmissão com um time 100% formado por mulheres. Andrea Kremer e Hannah Storm foram responsáveis por comandar a narração da partida entre Minnesota Vikings e Los Angeles Rams nos EUA.

Dentro de campo, outra quebra de paradigma. Sarah Thomas se tornou a primeira mulher a fazer parte da equipe de arbitragem (formada por sete árbitros) em um jogo de pós-temporada da liga norte-americana de futebol americano.

A NFL acredita que 45% de sua base de fãs seja formada pelo público feminino. Quase metade. Até por isso, a liga informa estar tentando entender melhor o comportamento desta grande parcela de “clientes” para melhorar a experiência deles de acompanhar os jogos, seja no estádio ou pela TV.

Quem também está de olho nesse mercado são os publicitários, que deixaram de lado campanhas com apelo sexual, explorando o corpo feminino, e passaram a tratar mulheres como potenciais consumidoras. Nesta temporada, segundo dados da ESPN, detentora dos direitos de transmissão da NFL no Brasil, mais de 1 milhão de mulheres com TV paga acompanharam as transmissões ao vivo dos jogos da liga no País, crescimento de 18% em comparação à edição anterior.

A emissora, não por acaso, também conta com uma mulher como comentarista. Paula Ivoglo teve o primeiro contato com o esporte em 2007, no que considera “amor à primeira vista”. Mas foi apenas em 2016 que decidiu apostar na modalidade. “Depois de sair do meu emprego e passar um ano em período sabático, resolvi criar o site NFL de Bolsa, que, a princípio, seria focado no público feminino”, diz a engenheira de sistemas.

O sucesso foi tão grande que, um ano depois, veio a primeira participação em uma partida na TV e, em 2018, a contratação, momentos que ela recorda com carinho. “Olha, foi uma emoção e tanto! Ao receber o convite, o coração já parou por alguns segundos, mas não por muito tempo, afinal, tinha poucos dias e muito material para me preparar. No dia da transmissão, a voz ficou embargada de nervoso”, conta. “Foi um sonho se tornando realidade. Hoje, trabalho com o que amo e não poderia estar mais feliz!”

Mesmo com a exposição na TV e em outras mídias, Paula descreve o espanto das pessoas que não a conhecem quando conta o que faz para ganhar dinheiro. “A reação das pessoas é engraçada, arregalam os olhos e falam: ‘futebol americano?!’ Afinal, boa parte delas não tem qualquer conhecimento sobre o esporte. Ficam impressionadas e acham o máximo”, relata.

CONECTADAS – Sites e páginas nas redes sociais feitos por mulheres ajudam a dar voz para elas. O pioneiro deles é o NFL Luluzinha Club, criado em 2013 e produzido atualmente por 27 colaboradoras. “Embora seja um site feito por mulheres, não é dedicado exclusivamente ao público feminino. Tratamos muito de técnica e tática”, explica Cassia Pires, uma das apoiadoras do projeto. Em relação à audiência no site, o NFL Luluzinha tem seu público formado por 75% de homens.

“Acho que a grande vantagem da NFL no Brasil é que ela não tem território, diferentemente do nosso futebol, que era um território extremamente masculino, os homens tomaram conta e hoje eles acham que as mulheres não têm de estar lá. Mas no futebol americano, como é relativamente recente no Brasil, as mulheres conseguiram ‘abocanhar’, conquistaram o espaço junto”, analisa Paula. “Por isso, eu acho que o preconceito com as mulheres na NFL, no Brasil, é menor do que, por exemplo, no futebol.”

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