Família do Maláui faz ‘vaquinha’ para mandar nadadora para os Jogos Olímpicos

Polyanna Pinto mora no Malauí, na África, e está em busca de hospedagem no Rio durante a Olimpíada. Até aí nada diferente de milhares de turistas que tentam driblar os preços abusivos cobrados na cidade, ainda mais inflacionados no período olímpico. Mais do que amante dos esportes, entretanto, ela tenta acompanhar a filha de 18 anos, Ammara Pinto, que disputará os 50 m livres. As duas sofreram um baque em abril, com a morte do patriarca da família e maior incentivador da carreira da filha. Em busca do sonho olímpico, a atleta recorreu a um site de crowdfunding (financiamento coletivo).

A mãe conta que Ammara nada desde os 6 anos, faz parte da Confederação Africana de Natação Amadora e treina 12 jovens. O pai da atleta, Dean Pinto, presidia a Malawi Aquatic Union (MAU). Foi ele quem levou Ammara e a irmã Zahra – que esteve nos Jogos de Pequim, em 2008 – para o esporte. Pinto morreu há quatro meses dos Jogos, de malária, deixando um vácuo no suporte psicológico e financeiro à nadadora.

Classificada para a Rio-2016 pelo critério da universalidade – garante aos 206 membros do Comitê Olímpico Internacional o direito de escolher uma vaga masculina e uma feminina nos esportes da natação e atletismo -, Ammara recorreu à internet para patrocinar sua preparação. Foi a irmã Zahra quem criou uma página no site Go Fund Me e levantou recursos para custear os treinos em um centro de alta performance na África do Sul. Desde 22 de junho foram arrecadados US$ 2.350 (R$ 7.600) com a participação de 59 colaboradores.

A meta de Ammara é bater seu próprio tempo na modalidade (registra 30s20, enquanto o recorde da prova é de 23s73) e encontrar um patrocinador disposto a apostar em seu talento e treiná-la para buscar um índice olímpico que a classifique para a Olimpíada de 2020, em Tóquio. No site, a nadadora conta um pouco de sua história nas piscinas. Invicta em competições em seu país nos últimos quatro anos, ela quebrou recordes e é considerada a nadadora mais rápida do Malauí.

“Minha família e eu fomos abatidas pela tragédia da morte de meu pai. Ele era meu herói, meu mentor e motivador. Sem ele, essa experiência (de participar dos Jogos) se tornou extremamente difícil”, escreveu na página “Olympics for Ammara Pinto”.

No último dia 5, ela fez uma postagem de agradecimento no site. “Estou treinando na África do Sul duas vezes por dia em piscina aquecida: às 6h30 e às 17h. Meus treinadores são incríveis e estão fazendo um ótimo trabalho.”

O Malauí participou de oito Olimpíadas, mas nunca ganhou medalhas. O boxeador Peter Ayesu registra o melhor resultado, ao ser semifinalista no peso pena em Los Angeles-84.

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