Falta dinheiro para assistir futebol

Teresina, Piauí – A cidade que recebeu ontem o primeiro jogo do Atlético na Copa dos Campeões (e também as estréias de Bahia e Palmeiras na competição) não parece estar percebendo o real interesse do torneio – o caminho mais curto para a Taça Libertadores da América. O principal motivo é óbvio: mesmo sem saber o que é risco Brasil, os piauienses sentem na pele a crise econômica. Assim, a ressaca do pentacampeonato acaba sendo apenas uma desculpa para a ausência dos torcedores.

A capital do Piauí talvez seja a que mais transpareça (ainda mais aos olhos dos que chegam) a dificuldade social que o país enfrenta. Mais da metade dos 720 mil habitantes pertence às classes baixas, e o reflexo disso se vê nas estreitas ruas de Teresina. Na dificuldade de se conseguir empregos registrados, o trabalho informal ganha cada vez mais espaço – as praças centrais são tomadas pelos feirantes.

Com a péssima distribuição de renda, o bolsão de pobreza do Piauí fica cada vez maior. Como em outros estados, os migrantes aumentam o número de sem-casa em Teresina – ou encaram viagens insólitas para o ‘sul maravilha’. A crise política do estado exacerba a série de dificuldades – depois de problemas eleitorais e acusações mútuas, o Tribunal Superior Eleitoral cassou o governador Francisco “Mão Santa”, colocando o senador Hugo Napoleão (segundo colocado nas eleições de 98) no cargo.

É claro que há demanda para os jogos que vão acontecer no estádio Alberto Silva. Mas a dificuldade em promover o evento é nítida. No hotel em que o Atlético permanece até o final da manhã, viam-se ontem várias pessoas com convites para a partida, reflexo claro da dificuldade em levar a torcida ao Albertão – apesar de o jogo de ontem ter sido do Flamengo, que segue arrastando uma legião de fãs por onde passa no Nordeste. Mesmo assim, as emissoras de TV veicularam durante todo o dia anúncios (pagos pela Federação de Futebol do Piauí) para levar a torcida ao estádio.

Esta é a sina dos promotores da competição, desde o lançamento da Copa dos Campeões, em 2000. Com o Flamengo presente, há a garantia de casa cheia – mas os outros times não arrastam a mesma multidão. Mesmo Palmeiras, São Paulo e Bahia, clubes de grande torcida, não atraem a população de Belém, Teresina, Fortaleza e Natal. A expectativa dos organizadores é que a presença do Paysandu jogando em casa contra Fluminense e Corinthians aumente a média de público do torneio.

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