Fábio Costa escracha cartolagem

Extrema –

Falar não é exatamente a atividade predileta de Fábio Costa. Dar entrevista, então, é um suplício para ele. Porém, mesmo diante de tantos aspectos contrários, foi o goleiro corintiano quem melhor resumiu a indignação dos atletas com o horário da partida de amanhã, às 15h30, em Sorocaba, contra o Atlético, na abertura do Campeonato Paulista.

“Isso é 14h30, já que estamos no horário de verão”, lembrou, irritado. “É claro que para quem marca isso tanto faz, né? Não são eles que têm de ficar com o sol na cabeça.” Sem nenhum tipo de preocupação em disfarçar seu descontentamento, Fábio Costa atirou para todos os lados. Os executivos de TV, para ele, demonstraram total insensibilidade com a situação dos atletas. “É fácil para esse povo. Eles marcam, vão para casa e assistem pela TV, no ar-condicionado. Estão nem aí se a partida é às 15h30 ou às 22 horas”, reclamou o goleiro.

Já os dirigentes do Corinthians só provaram que estão submissos às decisões da televisão. “Em vez de defender o grupo que é patrimônio do clube, acabam pensando mais nas cotas”, atacou Fábio Costa. E para quem pensa que acabou por aí, o goleiro continuou. E sobrou até para a própria categoria dos jogadores profissionais: criticou a falta de união entre eles. “Ninguém fala nada. Os sindicatos não defendem os jogadores, sobretudo no Rio. Depois acontecem fatos como o do Edílson, que acabou saindo do Flamengo só porque cumpriu a lei e tirou 30 dias de férias”, lembrou.

E para não o acusarem de só falar e nada fazer, Fábio Costa rememorou uma tentativa que fez no final do ano passado, quando ainda defendia o Santos. “Fui almoçar com o Rogério (lateral-direito do Corinthians) e o Marcos (goleiro do Palmeiras) e conversamos sobre esse assunto. Se ninguém nos defende, precisamos encontrar uma maneira de nós mesmo cuidarmos disso.”

Greve?

O resultado concreto do papo, porém, o goleiro não revelou. Mas deixou nas entrelinhas sua opinião particular a respeito daquilo que poderia ser feito. “Você não vê esse tipo de situação na Inglaterra ou na Argentina, que é aqui do lado”, disse. “Acontece que nesse lugares, se for imposto um jogo em condições impróprias para os jogadores, simplesmente ninguém joga. E olha que isso já aconteceu.”

Questões trabalhistas e indignação à parte, Fábio Costa explicou que até ele não estará em condições ideais na estréia do Corinthians no Paulista. Embora a posição não lhe exija resistência física, o goleiro destacou os pontos importantes que ainda não estão 100%. “Por outro lado nós precisamos de explosão, pois saltamos muito e é preciso boa impulsão”, explicou. “Mas acredito que eu, assim como todo o grupo, me sinta melhor a partir do terceiro ou quarto jogo.”

Leão vai definir o arqueiro

Santos

– Doni, Júlio Sérgio ou Mauro? O técnico Emerson Leão faz mistério desde o início da pré-temporada, na Chácara Santa Filomena, em Jarinu, mas promete dizer hoje quem será o novo titular do gol do Santos, o sucessor do ex-ídolo Fábio Costa. Ele afirma que essa é a sua única dúvida para escalar o time para a estréia no Campeonato Paulista, contra o Oeste, quarta-feira à noite, em Itápolis.

A decisão será apenas de Leão, embora ele sempre leve em consideração a opinião do seu auxiliar-técnico e treinador de goleiros, Pedro Santilli. “Temos três excelentes camisa 1”, afirmou Santilli. “Com qualquer um dos três, o time estará bem servido”. Leão mantém postura semelhante à do seu auxiliar e garante que as chances têm sido iguais para os três. Tanto que Doni, Júlio Sérgio e Mauro foram revezados como titular nos coletivos da semana passada.

Para Leão, seria mais fácil simplesmente escolher Doni, até para justificar a sua insistência para que o Santos o contratasse junto ao Corinthians, mas haveria o risco de passar a idéia de estar sendo injusto com Júlio Sérgio, teoricamente o sucessor natural de Fábio Costa e que nunca comprometeu quando teve que entrar no time.

Os três goleiros vêm usando discursos semelhantes nas entrevistas. “Não me preocupo. Estou trabalhando com tranqüilidade e espero ser o escolhido. Mas respeito os dois companheiros da posição e vou acatar o que for decidido”, disse Doni.

“Venho me dedicando para estar pronto se for o escolhido. Mas vim para brigar pela posição e não apenas para compor o grupo”, afirma Mauro, que veio do Marília no final do ano passado. Júlio Sérgio, sempre sereno, procura não se comprometer. “Estou preparado para ser o titular, mas quem decide é o técnico.”

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