F-1 coloca à prova sua “nova ordem” na Austrália

O teste de fogo para a nova Fórmula 1 acontece a partir da meia-noite de hoje na Austrália. Depois de cinco meses de polêmicas e discussões, a primeira corrida sob o regulamento idealizado por Max Mosley, presidente da FIA, será disputada em Melbourne. O dirigente queria cortar custos e melhorar o espetáculo. Se possível, acabar com a hegemonia da Ferrari. Não se sabe se conseguirá. Mas o fato é que ninguém no meio discute mais se Michael Schumacher vai continuar vencendo. Todos querem saber é se o “pacotão do Max” vai dar certo.

É possível que no grid de Melbourne se veja uma espécie de “nova ordem mundial”. Uma Ferrari na pole, talvez (o grid foi definido na madrugada de hoje), mas com a outra um pouco mais longe. Um carro da Wil-liams no meio do pelotão. Um BAR na frente. Um Renault surpreendente. Um Toyota colocando as asinhas de fora. Ninguém sabe direito o que esperar.

A dose de imprevisibilidade, pelos cálculos de Mosley, seria garantida pelo novo formato dos treinos. A classificação em “dois tempos”, com uma sessão na sexta e outra no sábado, ambas com voltas lançadas e únicas para cada piloto, teria a função de embaralhar o grid. Nada mais de favoritismos absolutos. Errar na classificação passou a ser fatal. Não há segunda chance.

Outro fator que potencializa as novidades é a regra que proíbe que se enconste no carro entre o treino de sábado e a largada. Com exceção de sistemas de segurança, nada pode ser alterado, nem mesmo a quantidade de gasolina no tanque. O combustível colocado antes da classificação é o que será usado no início da corrida. Quem treinou leve, com pouca gasolina, terá de parar cedo para reabastecer. Quem andou carregado largará mais atrás, mas em compensação não precisará inventar estratégias mirabolantes de pit stops.

São novidades em profusão, e o público está adorando. Ninguém acredita em milagres e é claro que a Minardi não vai ganhar da Ferrari, nem a Sauber vai andar na frente da McLaren a cada duas semanas. Mas parece certo que, para vencer, um favorito terá um pouco mais de trabalho que o normal. E pilotos que habitualmente não aspiram a nada poderão sonhar com algumas migalhas graças às agruras a que serão submetidos os membros da turma da frente.

Até a pontuação mudou. Agora, os oito primeiros marcam, contra os seis que pontuavam até o ano passado. O peso da vitória diminuiu. Do primeiro para o segundo colocado, são apenas dois pontos de diferença, e não mais quatro. O GP da Austrália, com largada à meia-noite, terá 58 voltas. Segundo a meteorologia, há possibilidades de chuva na hora da corrida.

Barrichello domina treino

O treino que definiu o grid de largada para o GP da Austrália foi realizado na madrugada de hoje, entre meia-noite e 1h. Nele, Rubens Barrichello seria o último a ir para a pista, privilégio adquirido na pré-classificação da sexta-feira. O brasileiro foi o mais rápido com 1min26s372, seguido por Kimi Raikkonen, da McLaren, Jacques Villeneuve, da BAR, e Michael Schumacher, da Ferrari.

O alemão foi o primeiro a ir para a pista na sexta, na condição de atual campeão. A partir da corrida da Malásia, a ordem de entrada na pré-classificação será determinada pelas posições no atual campeonato: o líder será o primeiro a ir para a pista, seguido pelo segundo colocado e assim por diante.

Justin Wilson, da Minardi, ficou em último na sexta e seria o primeiro a fazer sua volta lançada na madrugada de hoje. Dos estreantes, no primeiro treino, o melhor foi Cristiano da Matta, da Toyota. Antônio Pizzonia, da Jaguar, errou em sua volta lançada e ficou em 19.º e penúltimo.

Schumacher, depois do primeiro treino, reclamou. “Fiz o papel de faxineiro”, disse. “Limpei a pista para todo mundo. Mas Rubens fez uma volta muito boa.” No ano passado, Barrichello fez a pole na Austrália.

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