José Maria Marin, o ex-presidente da CBF, foi extraditado de Zurique para os Estados Unidos e, se aceitar um acordo com a Justiça norte-americana, ficará proibido de manter qualquer tipo de contato com Ricardo Teixeira ou Marco Polo del Nero até o final do julgamento, o que promete levar anos. Nesta terça-feira, o brasileiro embarcou em um voo na cidade suíça, colocando um fim a mais de cinco meses de prisão.

continua após a publicidade

Ao desembarcar em Nova York, ele deve ser levado diretamente para uma delegacia e, menos de 78 horas depois, seguirá para sua primeira audiência na Corte do Brooklin. Graças a um acordo preestabelecido com o FBI, o brasileiro vai permanecer em prisão domiciliar, em seu apartamento na Quinta Avenida, e terá de pagar uma fiança milionária.

Marin foi o último entre os sete cartolas presos em maio a ter seu caso avaliado pelos suíços. Foi a negociação para sua prisão domiciliar que acabou atrasando uma definição sobre o brasileiro que, em junho, havia entrado com um recurso na Suíça para não ser extraditado. Enquanto isso, seus advogados se lançaram em um diálogo com o Departamento de Justiça para garantir que, em uma ida aos EUA, o ex-presidente da CBF receberia certos privilégios.

Pelo entendimento, Marin continuará a se declarar inocente e o processo vai seguir seu trâmite durante 2016. Mas ele aceita “colaborar” com a investigação e coloca uma parte significativa de seus bens nas mãos da Justiça. Isso vai incluir até mesmo uma garantia assinada por sua esposa.

continua após a publicidade

Por enquanto, ele não teria obrigações de delatar ninguém. Mas a Justiça norte-americana garante que, assim que Marin desembarcar nos EUA, voltará a colocar o assunto sobre a mesa. Um dos focos dos americanos é o de traçar o envolvimento de Kleber Leite, Marco Polo Del Nero e Ricardo Teixeira.

PROIBIÇÃO – Com as investigações continuam, Marin ficará impedido de manter qualquer tipo de contato com Del Nero, Teixeira ou Kleber Leite. Se violar esse princípio, irá imediatamente a uma cadeia em Nova York.

continua após a publicidade

A meta dos investigadores é a de impedir que Marin possa repassar informações do processo aos ex-companheiros de comando na CBF. Marin foi o vice de Teixeira e, de forma constante, consultava o dirigente em Miami sobre os destinos da CBF. Já Del Nero era o homem que acompanhava diariamente as atividades de Marin e foi escolhido como o sucessor do dirigente.

Aos advogados suíços, Marin não conseguiu negar que os fatos apontados no indiciamento são falsos. Num primeiro encontro ainda na prisão no início de junho, o brasileiro se dizia inconformado com as acusações e o fato dele estar preso. Mas, na reunião seguinte e ao ser confrontado com o ato de acusação, Marin mudou radicalmente de tom. Sua frustração teria sido com o comportamento de José Hawilla, o empresário que o gravou em uma conversa pedindo propinas para a Copa do Brasil.

Seus advogados nos EUA optaram por sair em busca de um acordo, no mesmo padrão que vingou para Jeff Webb, o ex-vice-presidente da Fifa. O cartola entregou relógios de luxo, propriedades, carros e até o anel de noivado de sua esposa.

Mas o acordo esbarrava em outro problema: quem pagaria a conta da fiança. O ex-dirigente indicou que não estaria disposto a arcar sozinho com a conta da fiança, que pode chegar perto de US$ 10 milhões.

A Justiça na Suíça também colaborou e aguardou por um acordo entre Marin e os norte-americanos, antes de dar sua posição. Isso porque, se os suíços o extraditassem pelas vias legais, Marin chegaria aos Estados Unidos eventualmente sem um acordo, deixando-o em uma posição de maior vulnerabilidade. Por isso seu processo levou mais de cinco meses e acabou sendo o último dos sete cartolas presos em maio a ser tratado.

Com todos esses aspectos solucionados, a Justiça suíça então convocou Marin para uma audiência na terça-feira passada e o questionou se ele estaria disposto a ir voluntariamente aos EUA. A resposta foi “sim”.