Ex-lixeiro, Solonei leva ouro do Pan em sua 3.ª maratona

Solonei Rocha é atleta profissional há apenas dois anos, mas o campeão da maratona dos Jogos Pan-americanos de Guadalajara está acostumado com corridas. Antes de passar a se dedicar ao atletismo, ele era lixeiro em Penápolis, no interior de São Paulo. Corria trás de caminhões de lixo, carregando sacos, percorrendo de 20 a 25 quilômetros numa média de três a quatro horas de trabalho. Neste domingo, ele percorreu os 42,195 km da maratona do Pan em 2h16min37s para ficar com a medalha de ouro.

“Se você tem potencial e acredita nele, corra atrás dos seus sonhos. Se alguém me dissesse, há quatro anos, que eu seria um campeão pan-americano, diria que essa pessoa estava louca, bem louca”, diz Solonei. “Mas tive a chance e fui atrás. Tenho muito orgulho da minha história.”

Quando se tornou profissional, Solonei começou treinando para os 10.000 metros. No ano passado, resolveu passar à maratona. E venceu logo na sua primeira prova, em Porto Alegre, em abril de 2010. Este ano, correu em Padova, na Itália, e ficou na quarta colocação. Sua terceira maratona foi a do Pan, onde conquistou o quarto ouro seguido do Brasil neste tipo de prova nos Jogos pan-americanos.

O atleta do Pinheiros se preparou bastante para o Pan. Ficou dois meses treinando na altitude: um em Paiva, na Colômbia, e outro em San Luís de Potosí, já no México. Foi recompensado com o ouro.

Solonei não quer parar de crescer na vida. Fez supletivo, terminou o ensino médio e agora planeja fazer faculdade de educação física. “O atletismo abriu a minha mente. Antes, era uma pessoa acomodada”, revela. No esporte, sua meta é se classificar para os Jogos Olímpicos de Londres. A próxima tentativa de índice é no Japão, em janeiro. Se der errado, ele correrá também a Maratona de Londres, em abril de 2012. “Não imaginava conseguir o índice aqui por conta do calor e da altitude. Mas creio que não terei grandes dificuldades de conseguir o índice dentro das condições ideais, num clima mais frio e ao nível do mar”, afirmou o brasileiro, confiante de que o ouro pan-americano é só o começo.

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