Esquema do Boca Juniors não empolga o Coritiba

Cagna era o líder, comandando as duas linhas de quatro jogadores. Burdisso marcava Robinho, Villareal acompanhava Diego, Battaglia ficava atento com Renato. Na frente, isolados, Tévez e Delgado impunham dificuldades a Alex e André Luís. Com uma proposta de jogo bem definida, o Boca Juniors venceu o Santos em pleno Morumbi, anteontem, conquistando a Copa Libertadores da América. Não havia melhor exemplo para o Coritiba.

Pois é. O técnico Paulo Bonamigo bem que tentou aproveitar a bem sucedida fórmula de Carlos Bianchi para formar o Cori que enfrenta o Santos domingo, às 18h, na Vila Belmiro. Mas o teste que ele fez não deu certo. “Eu tentei formar as duas linhas de quatro jogadores, mas senti que eles ficaram inseguros”, comenta o técnico. A preocupação dele aumentou porque os reservas (postados como o Santos) marcaram dois gols, e Edinho Baiano e Odvan ficaram desguarnecidos pois os laterais íam para o ataque.

Esse é o problema. De forma alguma Bonamigo quer ver seus dois zagueiros em uma jogada de ?mano a mano?. “O importante é ter consistência defensiva”, resume o técnico. E, para isso, o time treinou ontem com o mesmo estilo usado contra o São Caetano, inclusive com o retorno de Jackson à ala-direita. “Nesse momento, o melhor é mantermos a nossa estrutura tática”, confessa o técnico.

Assim, o ?exemplo? do Boca Juniors passa a ser outro. “Temos que tentar repetir a forte marcação que eles fizeram sobre o Santos”, comenta Reginaldo Nascimento. “Acho que a aplicação deles serve como referência para a gente. Nós teremos que encarar a partida como uma decisão, já que todo mundo vai ficar atento a esse jogo para saber qual será a reação do Santos”, completa o volante.

E, no lado alviverde, não se espera desânimo entre os santistas. “É só ver o que aconteceu logo depois do jogo: os jogadores se uniram para uma oração, e ali mesmo falaram que o campeonato que eles tem que disputar é o Brasileiro”, afirma Bonamigo. Mesmo assim, sabe-se que o baque foi grande. “Mas isso é natural. Eles estavam disputando um campeonato importante e não conseguiram o título. Claro que eles vão sentir a perda”, confirma o treinador coxa.

Só que, mesmo com baque ou sem baque, Bonamigo quer ver um Cori forte em Santos. “É o momento da nossa afirmação. Será um jogo muito difícil, e o Coritiba precisa partir para o erro zero. Se nós tivermos eficiência na partida, conseguiremos um bom resultado”, diz. “Vamos lá para vencer, e para isso teremos que nos doar ao máximo”, finaliza Reginaldo Nascimento.

Problema

Se Nascimento foi liberado pelo departamento médico (ele recuperou-se das dores musculares), o capitão Edinho Baiano sequer foi ao CT da Graciosa ontem. Ele sofre de indisposição gástrica, e como perdeu líquidos transformou-se em principal dúvida alviverde para o jogo de domingo. No treinou tático, Bonamigo escalou Danilo, e a formação foi a seguinte: Fernando; Danilo, Odvan e Reginaldo Nascimento; Willians, Jackson, Adriano, Tcheco e Lima; Edu Sales e Marcel.

 

Odvan será o orientador

Experiência é com ele. Odvan é um dos jogadores mais experientes do elenco alviverde, e essa é uma das grandes virtudes dele segundo o técnico Paulo Bonamigo. O zagueiro voltou a se firmar como titular, e na partida de domingo contra o Santos será mais do que um dos onze que entrarão em campo. Será um importante observador do adversário e do clima que envolve o jogo, por ter jogado uma temporada na Vila Belmiro.

Odvan esteve no Santos entre 2001 e 2002, e acabou acompanhando a gênese da geração campeã brasileira e vice da Libertadores. O carioca entrou na lista dos favoritos da garotada, principalmente de Diego e Robinho. “Eles são meninos muito bons. Sou amigo deles até hoje”, confirma o zagueiro, que já enfrentou os ?meninos da Vila? ano passado, quando estava no Botafogo. Segundo o jogador, a Vila Belmiro tem suas particularidades -e elas não são apenas fora do gramado. “Tem que saber jogar lá. O campo é curto e a bola corre muito. O Santos sabe jogar lá dentro, e é por isso que eles dificilmente perdem jogando em casa”, afirma Odvan.

O zagueiro acredita que os jovens não sentirão o resultado de quarta, e que terão a mesma atitude. “Qualquer jogador fica chateado quando perde. Mas eles são bastante conscientes, e vão saber administrar a derrota. E nós não podemos pensar nisso, não vamos contar com algo que pode não acontecer”, afirma Odvan. Abatidos ou não, a velocidade do Santos preocupa. “Esse é o principal ponto forte deles”, confirma o zagueiro. Para o técnico Paulo Bonamigo, é essencial que os atacantes santistas não partam para jogadas individuais. “Tenho que proteger a defesa. Não posso deixar o Robinho jogar solto e partir para cima”, confessa. Tanto é verdade que, no treino de quarta, Bonamigo pedia para que os meio-campistas anulassem as jogadas ofensivas do time reserva.

A preocupação é evitar que a dupla formada por Odvan e Edinho receba, de frente, as arrancadas de Diego e Robinho. E os zagueiros têm consciência da complicação que eles podem ter. “Eles são leves, e você não pode dar o bote de primeira. Se você for afoito na marcação, eles passam mesmo. E se eles passarem, para chegar neles fica difícil”, resume Odvan.

Voltar ao topo