O que Julia e Laura, Yasmin e Valentina e Giuliana e Giordanna têm em comum além de, obviamente, serem gêmeas idênticas? As seis meninas, cada uma com sua dupla, são a certeza de que as arquibancadas dos estádios do AthleticoParaná Clubee Coritiba continuarão a vibrar com o amor das torcidas. As meninas, torcedoras mirins, trazem com elas o DNA do futebol e nasceram em famílias apaixonadas pelos seus times.

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Em homenagem ao Dia das Crianças, a Tribuna do Paraná conta um pouco da história de amor das meninas pela camisas que vestem. A empolgação das pequenas quando o assunto é o esporte é grande e elas prometem continuar o legado de suas famílias por muito tempo.

Desde a barriga

O destino fez com que, caprichosamente, as gêmeas atleticanas Julia e Laura, de 10 anos, virassem fanáticas pelas cores vermelho e preto ainda na barriga da mãe, Fabiolla Abib, de 34 anos. Aficionada pelo Furacão desde os 17, quando veio do interior para morar em Curitiba, a gerente administrativa transmitiu todos os sentimentos pelo time para as meninas antes mesmo de elas nascerem. Prova disso é que quando grávida, mesmo com uma gestação de alto risco, Fabiolla não deixou de apoiar o Rubro-Negro em um momento crítico.

“Em 2008, quando o Athletico estava pra cair para a Série B, eu estava de repouso total por conta de um descolamento de placenta. Não contei para ninguém e acabei indo escondida ao jogo que salvou o time do rebaixamento”, confessou sobre a loucura que fez.

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“Pulei muito comemorando a vitória por 5×3 e a permanência na Série A e, por isso, tive a ameaça de parto prematuro”, disse, ao relembrar do longo período que precisou ficar de cama para garantir que as meninas nascessem saudáveis.

Fabiolla, mãe das torcedoras do Athletico também é louca pelo Furacão. Foto: Felipe Rosa

Julia e Laura são resultado de um caso raro, pois além de não terem gêmeos na família, nasceram após tratamento que poderia resultar em gêmeos bivitelinos, ou seja, não idênticos, após implante de embriões. Fabiolla diz que foi algo indescritível a condição pouco comum das meninas e que hoje não imagina companheiras melhor para a vida e, sobretudo para os jogos do Athletico.

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“Elas estão sempre me perguntando: Mãe, tem jogo? São apaixonadas. Na Sul-Americana a Julia chorou com o título. Brinco com elas que são privilegiadas, com pouca idade já viram muitas conquistas”, comentou.

As gêmeas rubro-negras estrearam na Arena da Baixada com oito meses e são figuras cativas no Joaquim Américo. “Faça chuva ou sol, estamos lá. No meu setor (Brasílio Itiberê Inferior) tem um senhor que por ver sempre as meninas lá perguntou: Essas meninas não estudam? Claro que estudam, mas quando saímos tarde elas dormem pela manhã. Daqui a pouco elas pegam o Uber e vão sozinhas”, brincou a mãe.

Gêmeas atleticanas vão desde pequeninas à Arena. Foto: Arquivo Pessoal

Apesar de já terem muitas vezes entrado em campo com os jogadores e admirarem vários ídolos que vestiram a camisa do Furacão, Julia e Laura, atualmente, têm um nome como o preferido do Athletico. O maior carinho das duas vai para alguém que não entra em campo, mas é diretamente responsável pelos resultados do time. Ao serem questionadas sobre quem gostam no Rubro-Negro a resposta é unanime. “Do técnico Tiago Nunes”, destacaram.

Brincadeira na Vila

“Elas não tinham muita escolha. Ou torciam para o Paraná ou torciam para o Paraná”, disse sorrindo Gabriella Ribas Ferreira, 31 anos, mãe da Yasmin e Valentina, de seis anos. Isso porque a administradora, que hoje se dedica integralmente às filhas, carrega desde criança o amor pelo time. O pai das meninas, Henrique Barbosa Zavan, 34 anos, também tem a mesma história de amor pelo Tricolor desde pequeno. Portanto, a Vila Capanema é a segunda casa da família há tempos.

“Meu marido e eu já éramos paranistas muito antes de nos conhecermos e passamos esse amor para elas, que muito pequenas, ainda no bebê conforto, já foram ao estádio. Elas gostam muito de ir à Vila, pedem pra ir”, contou a mãe.

Dentro do Durival Britto o lugar escolhido por eles é a Curva Norte e as pequenas adoram cantar alto, pular e, principalmente, brincar. Não param de correr e se divertir com as outras crianças. E quando o gol sai, elas já sabem como é a comemoração. “Minha mãe me pega no colo e me gira”, falou Valentina.

Na família de Valentina e Yasmin, a paixão pelo Tricolor é contagiante. Foto: Felipe Rosa

As pequenas gostam muito da Gralha e vibram quando podem chegar perto do mascote. Mas além do personagem, as meninas têm outro favorito quando o assunto é o Tricolor. “Gosto do goleiro, o Thiago (Rodrigues)”, disse Yasmin.

O pai, orgulhoso com a empolgação das filhas com o time do coração, tenta ensinar para as pequenas que o importante é a diversão. Isso porque Valentina e Yasmin já foram às lágrimas após uma derrota do Paraná em 2017, com medo de que a equipe não conseguisse o acesso. Mas no final daquela temporada elas puderam comemorar muito a conquista.

Gêmeas paranistas são conhecidas na Curva Norte. Foto: Arquivo Pessoal

“A gente engana um pouco, sempre comentamos que o que vale é a alegria do esporte para que elas possam sempre aproveitar, porque o futebol é uma festa”, destacou Henrique, que concedeu o gene de múltiplos para o casal. Na família do metalúrgico existem casos de gêmeos, mas ele não achou que fosse o grande ‘premiado’ com seus dois melhores presentes.
“Planejamos a gravidez e sonhava em ter gêmeos, mas nunca achei que aconteceria. É a melhor coisa possível”, afirmou.

Apesar de todos os perrengues na vida de quem tem múltiplos, o casal tira de letra as situações e conta com ajuda do cartão de crédito para fazer alguns gostos das meninas em relação ao Paraná Clube.

“Em todas as compras temos que multiplicar os valores. As novas camisas cor-de-rosa do Paraná, por exemplo, elas pedem desde o ano passado e tivemos que ir logo comprar e aí é só na base do parcelado mesmo. Apesar de tudo a gente brinca que não saberia o que fazer se fosse uma só”, explicou.

De família

Giuliana e Giordanna, de sete anos, nasceram em uma família de sangue verde e branco. O pai, Alexandro Abujamra Deconto, tem parentesco com um ex-presidente do Coritiba e também com um craque que para sempre estará na história entre os grandes do time. “A gente torce para o Coxa por causa do tio Alex”, disseram as meninas que sabem que o ex-meia é um imortal no Alto da Glória.

As pequenas não conseguem nem se imaginar vestindo a camisa de outro time, já que isso poderia se algo grave. Questionadas se os familiares ficariam bravos se elas escolhessem torcer para o Athletico ou Paraná Clube, eles logo fizeram sinal com a cabeça de que sim, essa escolha poderia ser um grande problema para elas.

Renata e as filhas vestem a camisa do Coxa. Os bichinhos de pelúcia do time elas ganharam ainda na maternidade. Foto: Felipe Rosa

A mãe das gêmeas, Renata Pagnoncelli Deconto, 37 anos, contou sobre a mobilização da família em função do Alviverde.

“É incrível a paixão e a união que a família tem em torno do Coritiba. Elas ganharam bichinhos de pelúcia do Coxa ainda na maternidade, de um primo do pai delas, que já fez questão de que as duas viessem ao mundo como coxas-brancas”, afirmou a jornalista.

Renata, que também é mãe de Teodora, de cinco anos, e Domênico, 1 anos 11 meses, teve uma grande surpresa ao saber que seria mãe de gêmeas. Ainda que a probabilidade existisse, não havia expectativa de que acontecesse a gravidez múltipla. O espanto pela gestação das duas meninas veio porque ela também é gêmea idêntica.

“Cresci a vida inteira ouvindo que gêmeos não tem gêmeos, então sempre acreditei que poderia ser apenas avó de gêmeos. Levei um susto. Mas é uma bênção muito louca, indescritível”, finalizou.

Surpresa?

A coincidência uniu as seis para que pudessem falar de seus times. A reportagem da Tribuna do Paraná buscava crianças para uma pauta especial de Dia das Crianças e, assim, Gabriella e Fabiolla logo apareceram se prontificando a participar. Uma sem conhecer a outra, disseram ter filhas gêmeas idênticas. Com isso, o rumo da pauta mudou e a missão da reportagem foi encontrar gêmeos torcedores do Coritiba para, assim, completar o Trio de Ferro.

Após algumas tentativas frustradas, Renata, mãe de Giuliana e Giordanna, aceitou que as filhas pudessem representar o Coxa, e a ‘festa’ da criançada ficou completa. Como se não bastasse, assim que todas as mães se conheceram, uma nova informação inacreditável foi descoberta: as gêmeas atleticanas e as coxa-brancas fazem aniversário no dia 15 de março. Sim! No mesmo dia, porém com nascimento em anos diferentes. E as paranistas? Também são de março, mas do dia 4, ou seja, com poucos dias de diferença. Será que foi destino o responsável pelo encontro das meninas?

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