Erro da Ferrari derruba Felipe Massa

Um erro primário de um mecânico tirou de Felipe Massa a chance de sair de Cingapura na liderança do mundial de Fórmula 1. E pode ter lhe custado o título. A diferença para Lewis Hamilton, que era de um ponto, subiu para sete.

Faltando três etapas para o fim do campeonato, o brasileiro não depende mais só de seus resultados para ser campeão. Se ele vencer as três e o inglês da McLaren chegar em segundo, a taça vai para a sede da equipe prateada.

A primeira corrida noturna da história da F1 foi decidida quando Nelsinho Piquet bateu no muro na 14.ª volta. Até ali, Massa dominava a prova a partir da pole com tranquilidade. Mas, por causa do acidente, o safety-car foi acionado, embaralhando o pelotão.

Quando Felipe foi para os boxes, começou seu drama. A liberação do pit stop é sinalizada, na equipe italiana, por um pequeno semáforo à frente do piloto. Um mecânico opera as luzes: vermelha, amarela e verde. E o rapaz acionou o verde antes de o reabastecimento ter terminado.

Massa arrancou, porque só se orienta pelas luzes. Arrastou o sujeito que colocava gasolina em seu carro e arrancou a mangueira do equipamento de reabastecimento. Foi parar na outra extremidade dos boxes, com o tubo pendurado no bocal. Uma cena dantesca.

Os mecânicos correram até ele para desengatar a mangueira. Quando a trapalhada terminou, haviam se passado exatos 2min03s359. Um pit stop normal, em Cingapura, era feito em cerca de 30s, da entrada à saída dos boxes.

Massa caiu para último. Sua corrida acabou. Ainda seria punido por “saída perigosa no pitlane”. Um pneu furado, no fim, o atirou ainda mais para trás. Terminou em 13.º.

Lá na frente, as coisas se ajeitavam com Fernando Alonso ganhando espaço graças a um pit stop prematuro, o que acabou lhe valendo a vitória. Nico Rosberg, outro que aproveitou bem o momento do safety-car, foi o segundo. E Hamilton, sem arriscar muito, fechou a prova em terceiro.

A Ferrari considerou o domingo noturno de Cingapura “um desastre”, nas palavras do chefe Stefano Domenicali. “Lamentamos muito pelo Felipe, ele não teve culpa nenhuma. Foi consolar o mecânico, o que mostra o espírito desta equipe.” Ok quanto ao espírito, mas nada muito alentador quando ao mundial.

Assim, quem comemorou, mesmo, foram Hamilton e a McLaren, nova líder entre as equipes. “Foi um resultado muito positivo para um fim de semana difícil”, falou o inglês, que voltou a sorrir depois de uma semana complicada, em que teve confirmada a punição sofrida na Bélgica. “Gostei de correr de noite, foi divertido.”

Alonso

A Renault não vencia uma corrida desde Suzuka/2006. Fernando Alonso, desde Monza/2007. Os dois se reencontraram ontem, de certa forma. “Foi como nos velhos tempos”, disse o espanhol, bicampeão pelo time francês em 2005 e 2006. “Largando em 15.º, a gente tinha de inventar algo diferente. Decidimos sair com o carro bem leve para passar o máximo de gente possível no começo”, contou.

A prova caiu no seu colo. “Nós demos sorte, é verdade. Mas é preciso dizer que a equipe fez um grande trabalho, porque decidimos por uma estratégia muito agressiva. Foi um resultado fantástico. Meu primeiro pódio no ano, e minha primeira vitória. Estou muito feliz e emocionado. Acho que vai levar uns dias para compreender direito o que conseguimos”, falou o piloto.

A Renault ainda tenta manter Alonso no ano que vem. Dando a ele um carro capaz de vencer, a equipe acha que pode convencê-lo a ficar, apesar das propostas milionárias de Honda e BMW Sauber.