Enfim, Japão entra no clima

Yokohama (AE) – O Japão finalmente viveu um dia de Copa do Mundo. Havia alegria e festa nas ruas de Yokohama. Milhares de torcedores brasileiros, alemães e de outros países, dentro e fora do estádio, com ou sem ingresso, enfim, todos se uniram para celebrar a final do mais importante campeonato mundial de futebol. Para felicidade geral da nação brasileira, no campo e fora dele prevaleceu a camisa verde-e-amarela.

“Estava faltando esse clima, de muita gente na rua, festa, samba e cerveja”, comemorou o paulistano Roberto Rittes, de 28 anos. No seu 8.º jogo nesse Mundial, ele se emocionou ao chegar ao estádio de Yokohama: “Parece o Maracanã. É empolgante”. Nas outras partidas, o que ele mais sentia era o extremo rigor da segurança, que impedia a festa a cada vitória brasileira.

Em todas as partes, o que os estrangeiros mais comentavam era a apatia com que os japoneses encararam esse Mundial. Hoje, parece que eles fizeram uma concessão para os torcedores. Muitos torceram, à sua maneira, para o Brasil. Os brasileiros, mais uma vez, foram tratados como “exóticos” ou “de outro mundo”, tamanha a quantidade de fotos que os japoneses faziam questão de tirar ao lado deles.

Não faltaram batucadas em todos os cantos. A maioria se encontrava nos portões de entrada do estádio, mas elas começavam desde a estação de trem Shin-Yokohama. Mas lá a concentração maior era a do mercado persa dos cambistas. Um ingresso para a final chegou a ser cotado a 240 mil ienes – inacreditáveis R$ 5.500. Antes do jogo, o mais barato girava em torno R$ 1.500.

Para assistir a uma final, todos os sacrifícios eram válidos. De quinta-feira a sábado, milhares de brasileiros tentaram obter os últimos ingressos vendidos com preço oficial. Os poucos que conseguiram já sentiram uma vitória no ar. “Vou ter uma história para contar para meu filho. Ele já nasce pentacampeão”, afirmou orgulhosa Azusa Wada, de 28 anos, grávida de 9 meses. Ela e o marido, Eduardo Dias, ambos dekasseguis, pagaram US$ 300 por cada ingresso.

Despedida

A festa de encerramento da Copa do Mundo não foi das mais belas, mas simbolicamente representa um avanço nas relações Japão e Coréia. Afinal, não é sempre que se vê as bandeiras dos dois países hasteadas lado a lado e muito menos o imperador Akihito e o presidente sul-coreano, Kim Dae-jung, sentados na tribuna de honra. Juntos, eles assistiram a uma apresentação conjunta de cantores coreanos e japoneses.

Para não atrapalhar o aquecimento dos jogadores, a festa de despedida durou 25 minutos. Danças típicas do Japão foram apresentadas e as bandeiras de todos os países participantes do Mundial foram levados para dentro do campo, onde foi inflado um balão representando o Monte Fuji. Nada muito inspirador, mas todos estavam ali para ver outro espetáculo, o da bola.

O herói de Paulista (PE)

Paulista

(AE) – “Aí meu irmão, você conseguiu o penta para nós”, explodiu de alegria Rinaldo, 33 anos, irmão de Rivaldo. “Só faltou o gol dele, mas ele foi fundamental para a vitória”. Rinaldo assistiu ao jogo na palhoça armada pela família na Quitandinha da Vila, uma mercearia próximo a casa onde mora, no Jardim Paulista, em Paulista, região metropolitana.

Com telão e batucada, cerca de 200 pessoas da comunidade dividiram a felicidade com Rivaldo e se preparavam para a comemoração, que incluía 30 quilos de feijoada e 20 quilos de dobradinha, patrocinados pela família. A mãe do craque, Marluce, conhecida por seu nervosismo nos jogos, preferiu acompanhar a disputa em casa, preservada da imprensa. O resultado consolidou o conceito de herói que Rivaldo tem no local, que foi enfeitado com faixas que indicavam que ali nasceu o seu talento.

Voltar ao topo