Empresários brigam por Robinho

Robinho, de fato, é uma espécie de prodígio. Bem novinho, aos 15 anos, recebeu inúmeros elogios do Rei Pelé. Aos 17, ganhou uma camisa no time titular do Santos. Meses depois, foi o responsável por acabar com um longo jejum de títulos e deu um campeonato brasileiro à equipe de Vila Belmiro. Nem 18 anos tem mais. Um documento o emancipou e Robinho responde por um adulto de 21. Um fenômeno.

O atacante, agora, prepara sua estréia na esfera judicial. Ele e seus pais estão envolvidos em uma briga com o ex-jogador Aluísio Guerreiro, que afirma ser seu procurador. Do lado oposto está Wágner Ribeiro, reconhecido pela família como legítimo empresário do atleta.

A história ganhou contornos policiais e ontem à tarde Wágner Ribeiro e os pais do jogador, Gilvan de Souza e Marina da Silva Souza, convocaram uma entrevista coletiva na tentativa de esclarecer os fatos. Robinho não compareceu para ser preservado.

O alvo foi Aluísio Guerreiro. Wágner mostrou um documento assinado por Robinho e os pais datado de 1.º de abril de 2002, procuração que lhe dá o direito de gerir a carreira e os negócios do atacante. Reconhecido em cartório. Mas no dia 1.º de agosto do mesmo ano, ou seja, quatro meses depois, os três, Robinho e os pais, assinaram uma procuração, um contrato e a emancipação do jogador. Neste momento, o beneficiado é Aluísio Guerreiro.

“Ele (Aluísio) nos enganou”, disse Marina, a mãe. “Levou a gente no cartório e explicou que era para a gente assinar o papel que seria bom para o Robinho”, prosseguiu. “Falou que era um documento que evitaria uma mordida grande do leão (Imposto de Renda) e que era para eu me aposentar quando tivesse um pouco mais de idade”, emendou. E assim foi feito. Marina e Gilvan só notaram que havia algo errado quando Aluísio pediu com insistência para não contar nada a Wágner Ribeiro.

O empresário disse, também, que Robinho não assinou o contrato com Guerreiro. “O contrato tem três folhas, só a última está assinada. Não há rubrica dele nas outras duas, o que é irregular.”

Ribeiro contou que foi procurado por Aluísio Guerreiro, em março do ano passado, quando o ex-jogador o convidou para assumir a carreira de Robinho. Wágner, então, deu R$ 70 mil a Aluísio para que ele ajudasse no que fosse preciso o jogador e sua família. “O dinheiro foi depositado na conta dele mas ele nunca ajudou o Robinho”, emendou Wágner Ribeiro.

Segundo Ribeiro, Aluísio não detém nenhum direito sobre Robinho, pois esse contrato que ele possui não tem validade. Wágner garantiu que é o procurador de Robinho e se o jogador for vendido tem direito a um percentual (que não revelou de quanto é).

Agora, o caso é de polícia e a família Souza se prepara para prestar uma queixa-crime contra Aluísio. “O que será feito na segunda-feira que vem”, finalizou Wágner Ribeiro, já que os advogados serão pagos por ele.

Defesa

Na outra entrevista coletiva da tarde, Aluísio Guerreiro se apresentou ao lado de seu advogado, Iedo Garrido. Aluísio também mostrou o contrato que tinha com o jogador, devidamente assinado. Quanto às acusações de que Aluísio teria ludibriado os pais do atacante, o advogado responde. “Então quer dizer que o cartorário também foi conivente? Se os pais assinaram, eles leram o documento. Afinal, são pessoas semi-alfabetizadas. E com relação à história de aposentadoria, é no mínimo fantasiosa.”

Aluísio, no entanto, ameaçou um contra-ataque. “Eles vão ter que responder por tudo isso na Justiça. Se estão me acusando de coisas que não podem provar, vão ter de assumir as consequências.” De acordo com o advogado de Aluísio Guerreiro, o desdobramento desse caso vai depender muito da boa vontade do próprio Robinho. Se a questão for para os tribunais, as consequências serão incalculáveis. Até uma parte de seus salários pode vir a ser bloqueada pela Justiça enquanto a pendência não for resolvida.

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