Empate coxa veio com boa dose de paciência

Parecia um filme já antigo, de velhos carnavais. O Coritiba percebeu que quase saiu do Vitorino Gonçalves Dias com uma derrota – que poderia complicar os planos da equipe no jogo de volta, que está marcado para sábado, no Couto Pereira. Mas o gol de Fabrício recolocou o Coxa na briga, e com a vantagem de jogar pelo empate no próximo final de semana.

O meia Tcheco reconheceu que o encaminhamento do jogo era preocupante. “Uma hora pensei que a coisa ia ser igual à partida contra o Ituano, e reverter a situação seria muito complicada”, comentou. Para o técnico Paulo Bonamigo, o diagnóstico dos problemas coxas em Londrina o mesmo de Itu. “A equipe perdeu o sentido de organização e se desesperou. Isso me deixou mais tenso”, confessou.

Nesse momento do jogo – após o gol do Londrina -, Bonamigo parou de dar orientações táticas. Ele começou a gritar “calma, calma” para os jogadores. “Era o momento de manter a posse de bola, de trabalhar com tranqüilidade mas sem perder a perseverança”, explicou o treinador. Essa combinação – calma e vontade – foi, segundo o técnico, decisiva para o empate. “Percebemos que a gente podia chegar ao empate, e como o grupo nunca desistiu, conseguimos”.

Além disso, contribuiu a incrível queda de rendimento físico do Londrina, que ?arriou? nos vinte minutos finais. E os pedidos de calma de Bonamigo também significavam toques rápidos, para envolver o time da casa e obrigar os adversários a cometer faltas. “Nessas horas a gente percebe que o trabalho está sendo bem feito, já que a resposta em campo aconteceu no final do jogo”, resumiu o volante Roberto Brum.

No final das contas, o resultado acabou sendo justo. “Nós merecíamos sair daqui com um bom resultado, já que o time jogou muito bem no primeiro tempo”, disse o zagueiro Juninho. “A equipe não parou de lutar um instante sequer, e isso faz diferença”, completou Bonamigo, que fechou a conversa com o último fator decisivo para o empate. “É tanto trabalho que a gente também tem sorte. E isso é fundamental”, finalizou.

Tempo

Os três jogadores do Coritiba lesionados não devem se constituir em problemas para o jogo de sábado. Juninho sentiu uma forte cãibra, fruto do tempo sem jogar partidas completas; Edu Sales reclamou de dores devido às pancadas no joelho direito; e Ceará sentiu uma fisgada na coxa direita. “Todos eles serão reavaliados na terça, mas nenhum deles preocupa a princípio. O tempo entre os jogos nos permite uma recuperação completa”, explicou o médico William Yousef.

Amanhã também é o dia da reapresentação do elenco. Os jogadores ganharam uma folga mais longa, já que o jogo de volta acontece no final de semana. Nenhum jogador coxa, entretanto, prometeu muitos festejos no caranval. “Somos filhos de Deus, mas não pretendo pular muito. Tem jogo no sábado”, disse Marcel. Assim, o secretário Domingos Moro será o representante coxa na Marquês de Sapucaí -ele desfila na madrugada de terça na Beija-Flor.

Empate manteve a vantagem do Coritiba

Um gol do zagueiro Fabrício, nos instantes finais da partida, garantiu a invencibilidade e a vantagem do Coritiba contra o Londrina, para chegar à decisão do campeonato paranaense. Lotado, o estádio Vitorino Gonçalves Dias viu o Coritiba sair de um sufoco para manter o favoritismo na partida de volta, no próximo sábado, em Curitiba. O resultado foi muito contestado pelos torcedores do Londrina, que não aceitaram a marcação da falta que gerou o gol de empate coxa.

O primeiro tempo foi equilibrado, com poucos lances mais agudos. O Londrina tentava manter-se no ataque, mas o Coritiba era perigoso nas jogadas de velocidade. Até que Edu Sales foi lançado com perigo pela direita, tirou a marcação e quando limpou para dentro foi derrubado por Dário, em pênalti claro, não marcado pelo árbitro Carlos Jack Rodrigues Magno.

O Coritiba dividia bem as jogadas de ataque pelas duas laterais, alternando Adriano e Ceará nas projeções para o ataque. Só que a partir dos 38 minutos perdeu a opção da direita. Ceará sentiu uma fisgada na coxa e foi forçado a sair de campo, substituído pelo meia Pepo e obrigando o técnico Paulo Bonamigo a mexer na estrutura da equipe. Também explorando as pontas, teve o Londrina nova chance – a última do primeiro tempo – pela direita, com Marcelo Silva entrando em velocidade e chutando para a linha de fundo.

Para o segundo tempo, o Londrina fez duas mudanças, fazendo entrar o zagueiro Márcio Santos e o atacante Zaltron. E logo na primeira jogada Zaltron foi à linha de fundo e chutou cruzado, forçando Fernando à boa defesa. O Coritiba mudou pela segunda vez, também por contusão. Edu Sales sentiu o joelho e foi substituído por Gélson. Só que, aos 11 minutos, saiu o gol do Londrina. Na perfeita cobrança de falta da esquerda, o lateral Jamur mandou para a área, o zagueiro Márcio Santos desviou antes da chegada do goleiro Fernando, abrindo o placar.

Também por contusão, o Coxa perdeu o zagueiro Juninho, substituído por Danilo. A perda dos três titulares afetou o rendimento da equipe e o Coritiba não soube mais equilibrar a partida, permitindo que o Londrina voltasse a dominar a partida, na tentativa de ampliar o placar. Que quase conseguiu com Zaltron, que, de fora da área, tirou um zagueiro e chutou fora do alcance do goleiro, perto da trave.

E quando já se imaginava a vitória do Londrina, o Coxa chegou ao empate, praticamente num replay do gol londrinense. Tcheco bateu uma falta para a área e o zagueiro Fabrício cabeceou de costas, tirando a chance de defesa do goleiro Marcelo. Agora, o Coritiba só precisa de outro empate, em casa (sábado, às 16h), para chegar à final.

Em tarde perfeita, Fabricio vira xerifão

Londrina – Foi uma tarde perfeita para o zagueiro Fabrício. Ele tinha que superar (assim como seus companheiros) a ausência do capitão e líder Edinho Baiano – que comanda todo o trabalho defensivo. Ele tinha que mostrar serviço, já que era de longe o jogador mais criticado do time. E ele tinha (por isso que ele estava em campo) que ajudar o Coritiba a conseguir um bom resultado contra o Londrina. E ele saiu do Norte do estado com os objetivos plenamente cumpridos.

O zagueiro, formado nas categorias de base do Grêmio, mostrou que sabe qual é a característica de uma partida de ?mata-mata?, como foi a de sábado. Fabrício mostrou segurança quando necessário, fez faltas quando preciso e conseguiu suprir em parte a ausência de Edinho – até porque, em boa parte do segundo tempo, teve que jogar como líbero, após a lesão de Juninho. Para completar, ainda marcou o gol do Coxa, que pode ser decisivo para a classificação da equipe para a final do campeonato paranaense.

Fabrício resumiu seu gol com uma brincadeira. “Também com uma cabeça desse tamanho, tinha que acertar a bola”, disse. Mais sério, ele confirmou que teve sua melhor atuação no sábado, da mesma forma que reconhecia ainda não estar plenamente em forma. “Eu fiquei seis meses sem jogar e estava naturalmente abaixo dos meus companheiros. E isso realmente refletiu nas minhas atuações”, comentou. (CT)

Reforço na lateral e de Sérgio Prosdócimo

O Coritiba acertou a primeira contratação para o campeonato brasileiro, mas que vai estrear antes. O lateral Leandro, de 23 anos, um dos destaques do Malutrom no Paranaense, já é jogador coxa, por empréstimo e será o titular da equipe enquanto Adriano estiver servindo a seleção brasileira sub-20.

O jovem titular coxa segue hoje para o Rio de Janeiro, onde se apresenta (no Aeroporto Antônio Carlos Jobim) ao técnico Valinhos, que comanda a seleção que vai disputar o Mundial da categoria nos Emirados Árabes Unidos. Adriano fica fora do Cori até a metade de abril, mas o tempo pode ser maior, já que ele está cotado para ser convocado por Ricardo Gomes para a seleção olímpica que vai disputar a Copa Ouro, em junho, nos Estados Unidos.

Abre-se assim uma grande chance para Leandro, que deve estrear já no dia 12, contra o Ituano, pela Copa do Brasil. “Eu nunca tive a oportunidade de jogar em uma grande equipe. Se eu for contratado pelo Coritiba, será o grande momento da minha carreira”, disse o jogador após a partida de quarta entre Cori e Malutrom. Ele destacou-se no campeonato paranaense graças ao ímpeto ofensivo e aos lances de apuro técnico, apesar de às vezes cometer faltas desleais. Leandro deve se apresentar amanhã.

Os outros possíveis reforços são os armadores Dudu, também do Malutrom, e Thiago, do Iraty. Entretanto, a direção coxa garantiu que ainda não há nada fechado com estes jogadores. “Estamos negociando”, limitou-se a dizer o secretário coxa Domingos Moro.

Reaproximação

O convidado especial da diretoria do Coritiba para assistir o jogo de sábado no VGD foi o ex-presidente Sérgio Prosdócimo, que renunciou em 2000 devido a problemas de saúde. Ele chegou a Londrina ao lado do presidente Giovani Gionédis e do secretário Domingos Moro – sinal de um possível retorno do dirigente, que foi vice-presidente financeiro entre 95 e 99 e presidente nos dois anos seguintes. (CT)

Magno erra, imprensa paga

Não precisava acontecer isso. Depois de uma festa em azul e branco, o estádio Vitorino Gonçalves Dias foi testemunha de cenas que se pensava estarem longe dos nossos campos. As reclamações em torno da arbitragem de Carlos Jack Rodrigues Magno tomaram tal proporção que a delegação do Coritiba e alguns cronistas esportivos se viram ameaçados por torcedores. Além disso, a torcida alviverde passou por maus bocados.

Antes do jogo, aconteceu apenas um desentendimento entre as torcidas do Coritiba e do Londrina. Um torcedor coxa levou a pior – ele foi atingido por estilhaços de uma bomba, e teve a perna cortada. Tirando isso, o VGD foi palco de uma torcida eufórica com seu time, e que superlotou o espaço reservado a ela. Os únicos pontos brancos nas arquibancadas eram os de isolamento entre as duas torcidas e o reservado alviverde, que era maior que a demanda por razões justificadas – assim, os coxas podiam ter sossego.

Mas a confusão mesmo começou depois do gol de Fabrício. Os jogadores do Londrina reclamaram que não acontecera a falta de Dé em Gélson, que originou a cobrança de Tcheco e a posterior conclusão do zagueiro. Ao apito de Carlos Jack Rodrigues Magno, atletas, dirigentes e até um repórter partiram para cima do juiz, tentando agredi-lo. “A gente sabia que isso ia acontecer. Prepararam tudo para que o Coritiba empatasse”, acusou o presidente Osvaldo Sestário Júnior.

Para o capitão Dário, Magno teve responsabilidade direta no resultado. “Não gosto de falar em arbitragem, mas ele complicou o jogo”, disse. Enquanto a reclamação persistia, alguns torcedores do Londrina agiam em três frentes – tentar acuar os coxas presentes no estádio, jogar bombas nos portões para arrebentá-los e agredir os jogadores e intimidar a diretoria alviverde e os cronistas de Curitiba.

Tamanha foi a pressão que a polícia teve que ser chamada para tirar os dirigentes do Coritiba da tribuna de honra e permitir que os comentaristas Capitão Hidalgo e Valmir Gomes (colunista da Tribuna) trabalhassem sossegados. Apesar dos apuros, o presidente Giovani Gionédis e o secretário Domingos Moro minimizaram a confusão. “Jogaram água e refrigerante na gente. É normal, já que os ânimos se acirram. Mas tudo bem, estamos inteiros. Só um pouco suados”, brincou Gionédis.

Irritação

Com um pouco mais de parcimônia, os jogadores do Coritiba e o técnico Paulo Bonamigo também reclamaram da arbitragem. “Quem devia estar nervoso era eu, já que não foi marcada uma penalidade clara”, disse Bonamigo, citando o lance em que Dário derrubou Edu Sales. “É sempre assim. Mas vocês viram o que aconteceu”, disse o atacante.

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