Emoção na chegada de Kléberson

Que timidez, que nada! O meia Kléberson se soltou como nunca na calorosa recepção da torcida paranaense. Com status de herói, mas com a mesma humildade de sempre, o jogador jogou a vergonha de lado e empunhou o microfone no palco armado na Arena da Baixada. “Obrigado a todos vocês, que me ajudaram a concretizar esse sonho. O penta é nosso!”, gritou para os cerca de cinco mil torcedores que marcaram presença no tempo atleticano. A resposta veio em coro: “Aha, Uhu, o Xaropinho é penta”.

O pentacampeão paranaense chegou em Curitiba vinte minutos antes do previsto, acenando da janela do avião, como fez o capitão Cafu na chegada da seleção em Brasília. Com um sorriso contagiante no rosto, o jogador foi recepcionado pelo presidente atleticano Mário Celso Petraglia. “Ele é o nosso maior orgulho”, disse o dirigente.

Após conceder uma rápida entrevista aos repórteres presentes no local – apenas a imprensa teve acesso à pista do aeroporto, Kléberson subiu no caminhão do Corpo de Bombeiros, onde pôde finalmente reencontrar seus familiares. “Estou muito feliz. Estava morrendo de saudades e não esperava uma festa tão linda. É a maior emoção da minha vida”, declarou abraçado aos pais, Paulo e Maria.

Do aeroporto Afonso Pena, onde a banda do ETA – esquadrão da Torcida Atleticana – fazia a festa dos torcedores com músicas da seleção e do Atlético, o caminhão seguiu pela avenida das Torres, Mariano Torres, Marechal Deodoro, Emiliano Perneta, Ângelo Sampaio e Getúlio Vargas, chegando à Arena da Baixada. No trajeto, torcedores vibravam nas ruas, numa mobilização de encher os olhos. Bandeiras verde-amarelas e rubro-negras tremulavam, torcedores com camisas dos mais diversos times saíram às ruas e saudavam Kléberson e as buzinas ensurdeceram as ruas de Curitiba.

Na Arena, Kléberson foi recebido no centro do gramado e ganhou dos torcedores uma taça improvisada, talhada em madeira e com uma bola em seu topo. Emocionado, o meia segurou-a como se fosse a própria taça do penta e deu a volta olímpica no gramado, levando os torcedores à loucura. Da diretoria, Kléberson recebeu uma placa de prata, que terá uma réplica de bronze no hall principal da Arena, na Buenos Aires. “Hoje a festa toda é deste menino”, concluiu Petraglia, lembrando que Kléberson entra na história como o primeiro jogador paranaense campeão do mundo como defensor de um clube do Estado.

Hoje, às 12h, a festa continua no Palácio Iguaçu, onde o governador Jaime Lerner entrega aos pentacampeões Kléberson, Ricardinho, Rogério Ceni e Beletti a Ordem Estadual do Pinheiro, a maior honraria dada àqueles cidadãos que representam com honra e brilhantismo o Estado do Paraná no Brasil e no mundo.

Seguranças atrapalham tudo

A chegada antes do previsto do avião que trazia Kléberson deu a falsa impressão de que tudo correria bem na festa de recepção do jogador, apesar do mal-estar causado pelo veto da presença do jogador Ricardinho no mesmo caminhão do Corpo de Bombeiros. Mas a falta de sintonia entre os organizadores do evento e o pessoal da operação acabou deixando o clima desconfortável. Inicialmente, os seguranças do Atlético garantiram que apenas Kléberson e os familiares – e mais o grupo de oito seguranças – poderia subir no caminhão de Corpo de Bombeiros.

No entanto, após uma pressão da assessoria de imprensa do clube, foi permitido o acesso de alguns repórteres ao carro. Mas a preferência pelas grandes emissoras de televisão e algumas emissoras de rádio, que conseguiram subir ao veículo depois de grande pressão, acabou excluindo fotógrafos e repórteres da imprensa escrita. Ciente do tratamento desigual, o diretor de marketing atleticano Mauro Holzmann pediu que alguns dos seguranças descessem para dar espaço à imprensa. No entanto, os seguranças não deram atenção aos pedidos e fizeram um verdadeiro cordão de isolamento no jogador, que só pôde ser visto e fotografado porque subiu em um patamar mais alto do veículo. Na verdade, no momento do desfile pela cidade, o pessoal da segurança apareceu muito mais que o grande destaque da festa. (GR)

Ricardinho também teve festa

Rodrigo Sell

O meia do Corinthians e da seleção brasileira, Ricardinho, chegou no final da tarde de ontem ao Aeroporto Afonso Pena. Assim como Kléberson, o pentacampeão deu um chute no cansaço e não poupou energia para comemorar a conquista do Mundial ao lado dos parentes, amigos e da torcida curitibana. E, com tudo o que tem direito. Recepção calorosa, faixas de apoio e caminhão do Corpo de Bombeiros. Digno de beatlemania.

A própria espera foi um show só. Uma turma de jogadores das categorias de base do Paraná Clube foi saudar o ídolo e esbanjou disposição, quebrando a rotina silenciosa do aeroporto. Mas era tudo festa. Eles gritaram palavras de ordem para o meia e saudaram os familiares do craque corintiano, momentos antes do desembarque.

Após a chegada tumultuada, com a imprensa e os fãs querendo se aproximar, Ricardinho correu para o caminhão dos Bombeiros. Ao lado dos pais, da esposa e do filho, o meia percorreu as principais ruas de São José dos Pinhais e da capital. Como não poderia deixar de ser, a torcida foi mais uma vez à beira das vias para saudar mais um paranaense campeão.

Agora, com mais um título no currículo (já vitorioso), Ricardinho deverá ficar em Curitiba pelo menos uma semana descansando ao lado dos familiares. Como vida de craque não é fácil, na próxima semana ele já deverá embarcar para o Nordeste onde vai se integrar ao elenco do Corinthians para a disputa da Copa dos Campeões.

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